É inegável a aproximação fonética do topónimo Vidigueira à palavra videira, embora, etimologicamente, Vidigueira derive do latim viticaria, nome de uma planta. Esta similitude é aceitável pela importância e forte ligação que este território ostenta relativamente ao vinho, constituindo uma sub-região vinhateira, não só de um passado recente, mas sim de um passado que recua 2000 anos, ao tempo da ocupação romana, refletido ainda na villa romana de São Cucufate, onde se terá produzido o néctar, nas terras que vieram a integrar o condado dos Gamas.
Não só os elementos arqueológicos atestam o cultivo da vinha e a produção vinícola, como também alguns documentos presentes e conservados em arquivo, não esquecendo o foral manuelino de 1512 (ANTT), como é exemplo o presente livro de posturas de 1751. Neste se encerra a compilação das posturas pelas quais se regulava a população de Vila de Frades nesta data e posteriormente à mesma. Entre outras, estão presentes, essencialmente, posturas sobre a vida e economia rural, sobre práticas e comportamentos públicos e, sobressaem em número as posturas relacionadas, direta ou indiretamente, à vinha e ao vinho, nomeadamente, sobre: furtar vides das vinhas; lagares de fazer uvas; vinho atavernado; espoldrar das vinhas ou bacelos; caldear os lagares de uvas; lagareiros dos lagares de fazer uvas; odreiros, vinheiros; enxugar roupa em vinhas; segar ervas nas vinhas; gado e bestas achados nas vinhas; quem trouxer paus de vinhas; fortificados das vinhas; jogar nas tabernas; aferir medidas.
As vinhas, as adegas, o vinho e o saber-fazer, o enoturismo, as datas e os eventos temáticos continuam a pautar a paisagem cultural do concelho de Vidigueira e o quotidiano não só da população, como também de quem a visita, de quem à distância degusta a pinga, branca ou tinta, sendo o presente bem alicerçado no passado histórico ligado ao vinho.
Código de Referência: PT/AMVDG/CMVFRD/A-A/001/0002_000005
Arquivo Municipal de Vidigueira