Diário do Alentejo

Rede de Museus: Núcleo Museológico da Rua do Sembrano

04 de agosto 2024 - 08:00
Foto| DR

O Núcleo Museológico da Rua do Sembrano é um equipamento propriedade do município de Beja, instalado no centro histórico da cidade. Integra um conjunto de estruturas arqueológicas que permitem, apesar de se tratar de uma área restrita no conjunto da estrutura urbana de Beja, entrever alguns momentos da história desta cidade e o modo como o espaço aqui foi evoluindo.

As escavações arqueológicas, efetuadas no local durante as décadas de 80 e 90 do século XX, colocaram a descoberto vestígios que se estendem, cronologicamente, desde a Pré-história até à época contemporânea. Os mais antigos, alguns fragmentos cerâmicos, apontam para uma ocupação deste local que remonta à Idade do Cobre ou Período Calcolítico, no 3.º milénio a.C. É, porém, da Idade do Ferro, na segunda metade do 1.º milénio a.C., o conjunto mais importante de elementos aqui recuperados, destacando-se, para além de um significativo conjunto de objetos deste período, um troço de uma robusta muralha construída em pedra ligada com argila, que delimitava o perímetro do povoado deste período, ficando comprovada a teoria segundo a qual já existiria no local onde atualmente se ergue Beja um importante aglomerado urbano antes da presença romana.

Esta construção pode hoje ser observada através de uma estrutura em forma de grade de grandes dimensões, abarcando a quase totalidade do piso do núcleo museológico, com o chão em vidro, possibilitando uma leitura da zona arqueológica fora do comum. É possível, igualmente, observar algumas estruturas do período romano, nomeadamente, os vestígios de umas termas de pequena dimensão, possivelmente parte de uma habitação romana ou constituindo um estabelecimento com exploração comercial.

Para além desta componente, o núcleo integra ainda uma exposição de carácter permanente, na qual podem ser observados objetos retirados das escavações realizadas no sítio, abarcando todos os períodos desde a Idade do Ferro até à época contemporânea, fornecendo, por isso, um resumo sobre a história da cidade. Uma outra exposição, de carácter temporário mas de longa duração, aborda o importante contributo que o projeto de irrigação associado a Alqueva forneceu para o conhecimento da história do território de Beja. Algumas das intervenções arqueológicas decorrentes da abertura dos canais permitiram o resgate de objetos únicos no contexto da arqueologia portuguesa, os quais podem ser admirados no núcleo, devidamente enquadrados nos respetivos contextos cronológicos.

O projeto de arquitetura do edifício é da autoria do arquiteto Fernando Sequeira Mendes, tendo sido encomendado pelo município no âmbito do processo de requalificação urbana designado por “BejaPolis”, implementado no início do século XXI. A ideia inicial foi construir uma praça coberta, com circulação pedonal livre, sem qualquer restrição, permitindo a visualização das estruturas arqueológicas debaixo de um pavimento em vidro. Questões relacionadas com a necessidade de preservação do equipamento e das estruturas arqueológicas vieram a alterar esta perspetiva, já após a construção, sendo o espaço transformado num núcleo museológico. Junto à entrada do edifício pode ser admirado um painel de azulejos de grande dimensão, que recupera o tema da água na cidade antiga, da autoria do artista plástico Rogério Ribeiro, uma componente que integrou o projeto desde a sua conceção inicial.

O núcleo está aberto todos os dias da semana, menos à segunda-feira, das 09:30 às 12:30 horas e das 14:00 às 18:00 horas. Encerra ao público nos dias 1 de janeiro, 25 de abril, 1 de maio e 25 de dezembro.

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