No próximo dia 25 de julho, Castro Verde comemora aquele que será o 885.º aniversário da lendária batalha de Ourique. Quase nove séculos do evento histórico que consagrou a identidade nacional, símbolo da independência de Portugal e de afirmação da fé cristã.
A história regista que o confronto militar entre os cristãos comandados por D. Afonso Henriques e os mouros terá ocorrido no dia 25 de julho, Dia de Santiago, no ano de 1139, e que “a mortandade foi tanta que as águas da ribeira de Cobres (que atravessa o local da batalha) se tingiram de vermelho”. Segundo a lenda que alimenta a formação do reino de Portugal, as tropas cristãs, que existiam em número claramente inferior aos combatentes muçulmanos, terão vencido o largo exército de cinco reinos mouros. A partir do século XV, o evento bélico foi revestido de elementos simbólicos. Conta-se que, na véspera da batalha, D. Afonso Henriques terá tido uma visão de Jesus Cristo, crucificado e rodeado de anjos, que lhe profetizou a vitória e a formação do reino. Perante tamanha vitória, D. Afonso Henriques terá sido aqui aclamado pela primeira vez rei de Portugal e a mítica batalha consolidada como o momento decisivo da independência do pequeno condado portucalense.
Quanto ao local da batalha, o sítio de São Pedro das Cabeças, uma elevação de terreno a apenas cinco quilómetros da vila de Castro Verde, é tido como o local onde se desferiu a peleja. Aqui situa-se a ermida de São Pedro das Cabeças, mandada erguer por D. Sebastião, na segunda metade do séc. XVI, em tributo à vitória do primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques. É aqui que, a cada ano, no dia 25 de julho, o exército e as entidades locais comemoram a efeméride. Data histórica para o concelho de Castro Verde, de afirmação da identidade nacional, que neste ano volta a ser homenageada e valorizada no âmbito de um programa comemorativo promovido pelo Câmara Municipal de Castro Verde em parceria com o exército português.
A data é uma oportunidade para revisitar este momento importante da história local e da afirmação de Portugal como reino independente, não só durante as comemorações que se aproximam, mas também ao longo de todo o ano. Para quem visita Castro Verde, a Basílica Real de Nossa Senhora da Conceição é um ponto importante no roteiro. Templo imponente que marca de forma bem visível o núcleo urbano da vila, classificada como monumento nacional a 22 de junho de 2023, erguida pela Ordem de Santiago (referenciada desde 1510), embora a construção atual date já do reinado de D. Sebastião, o qual mandou edificar no sítio da primitiva sede de paróquia um templo que relembrasse dignamente a “memorável vitória” de D. Afonso Henriques na batalha de Ourique. O seu altar-mor é revestido a talha dourada e o interior coberto por riquíssimos painéis de azulejos (cerca de 60 mil) do século XVIII, que retratam a história de D. Afonso Henriques e o “milagre de Ourique”. Ainda neste périplo pela descoberta da história local e da narrativa associada ao nascimento da identidade nacional, a igreja dos Remédios ou de Nossa Senhora das Chagas do Salvador, localizada no centro da vila, presenteia o visitante com um conjunto de telas historiadas sobre o tema do “milagre da batalha de Ourique”, realizadas por Diogo Magina, entre 1763 e 1767. Em São Pedro das Cabeças, local onde terá sido desferida a batalha, é possível admirar a ermida de São Pedro das Cabeças e contemplar a bela panorâmica sobre a paisagem que este local privilegiado oferece.
Câmara Municipal de Castro Verde