Diário do Alentejo

Rede de Museus do Baixo Alentejo: A memória de um território

15 de março 2024 -
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A maioria dos municípios do Baixo Alentejo possui unidades museológicas, integradas na estrutura organizacional camarária, caraterizadas por uma diversidade temática e museográfica, mas com elementos comuns no que se relaciona com a gestão e os recursos. Conhecedores de cada realidade são os seus técnicos que, em 2008, reunidos em Almodôvar com o objetivo de travar conhecimento, partilhar práticas e experiências, decidiram criar a Rede de Museus, integrando os 13 municípios do distrito de Beja1. Em 2016, esta estrutura informal integra a Cimbal e assume a designação de Rede de Museus do Baixo Alentejo (RMBA), reforçando o seu papel enquanto elo de ligação entre museus, comunidades e o território, incentivando a parceria e a colaboração e potenciando o desenvolvimento de projetos e ações conjuntas de estudo, formação, valorização e divulgação. Na sua Carta de Princípios2 são explicitados os pressupostos, fundamentos e objetivos, onde se destaca a qualificação, valorização e divulgação das unidades museológicas desta região, a cooperação, parceria e articulação entre os seus membros, a otimização e rentabilização de recursos, a difusão da informação, e a promoção do rigor, ética e profissionalismo das práticas museológicas.

Os museus que integram a RMBA constituem um importante instrumento de trabalho e de comunicação com as populações e com aqueles que nos visitam, criando uma dinâmica que contribui de forma inequívoca para o desenvolvimento local. Numa linha de investigação e divulgação patrimonial do território, foi apresentada em 2013 a primeira Exposição “Marcas do Território – Testemunhos do Património do Baixo Alentejo”, com a finalidade de dar a conhecer o património de cada município através dos seus museus e dos seus acervos que, pela sua diversidade temática e expositiva, ilustram a evolução do Homem e a sua relação como meio ao longo dos tempos.

Prosseguindo a sua missão dinâmica de contacto entre técnicos e com as populações, realizou-se em janeiro de 2014, em Castro Verde, o I Encontro da Rede. Este encontro correspondeu a uma experiência participada, ativa e demonstrativa das dinâmicas desta região e teve como momento principal a homenagem ao doutor Cláudio Figueiredo Torres, reconhecendo a sua intervenção em Mértola nas áreas da arqueologia, museologia e valorização patrimonial e o seu impacto a nível regional, nacional e internacional. A realização dos encontros tem sido regular e diversificada nas temáticas abordadas, tendo a VI edição decorrido no dia 12 de março de 2024, em Barrancos, com o tema “A falar é que nos entendemos! A expressão oral como memória e património”, dando especial ênfase ao barranquenho e à forma como se pode preservar e valorizar o património imaterial para memória futura.

A exposição “Escrita no Baixo Alentejo – das origens aos nossos dias” (2017 e 2018) decorre deste enquadramento e corresponde a um salto qualitativo em termos de investigação, de apresentação de conteúdos e de conceção, e divulgou, no distrito de Beja e fora dele, as potencialidade e recursos que, através do património e dos museus, contribuem para a atração de públicos, para o desenvolvimento sustentável e para a coesão territorial.

Em 2021, é editado o “Guia da Rede de Museus do Baixo Alentejo” que, num formato atrativo, acessível e inclusivo, apresenta conteúdos que permitem perceber a distribuição geográfica dos bens patrimoniais e dos museus, utilizando o património imaterial, neste caso o cante alentejano, como elo de ligação e agregador do território. Numa escrita pouco descritiva, algo poética, exalta a beleza e poesia da paisagem alentejana e a alma dos alentejanos: “O Baixo Alentejo tem uma cultura enraizada na terra, a sua gente ecoa com o cante. Em cada canto, em qualquer lugar, podemos escutar a voz da sua gente, melodias com histórias de vida e os seus habitats a afirmar a sua beleza ancestral. Cada aldeia, vila ou cidade ostenta a sua cultura, modesta ou mais monumental, como resultado de uma presença civilizacional, significativa, em especial, a romana, a árabe e a de outros povos que desde o paleolítico por aqui passaram e/ou se estabeleceram e deixaram registos da sua presença. Esta região não só tem conseguido preservar marcas da sua História como faz dela seu estandarte”.Conheça o Alentejo, a sua memória e herança cultural. Visite os museus da Rede de Museus do Baixo Alentejo!

1 Almodôvar, Aljustrel, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Serpa, Ourique e Vidigueira; integra também o Museu Rainha Dona Leonor, desde 2023 Museu Nacional. 2 Ver em https://cimbal.pt/pt/menu/1173/rede-de-museus-do-baixo-alentejo.aspx

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