Texto | António Catarino
Em tempos sede de concelho, englobando Colos e Vila Nova de Milfontes, entre 1836 e 1855, a povoação de Cercal do Alentejo foi centro mineiro de relevante importância desde o século XIX.
O ano 2000 marcou o fecho da última das cinco explorações de extração de ferro e de manganês, que dinamizavam a economia local. O turismo, em fase de notório crescimento na região, é a atividade que imprime alguma dinâmica à vida local.
A curta distância de praias tão famosas, quanto concorridas na época balnear, o Cercal tem localização privilegiada para ditar eventual paragem para saborear alguns dos pratos mais saborosos da gastronomia alentejana.
O restaurante Passarinho, no centro da localidade, é proposta aliciante para reconfortar o estômago. O trabalho culinário de D. Cila, a simpática anfitriã que há mais de duas décadas oficia na cozinha, justifica a opção de saborear refeição com sabor regional.
A maioria dos hortícolas provém da horta, muitas vezes acabadinhos de colher, o que é garantia de frescura e qualidade, predicados que tornam os cozinhados mais apetitosos neste restaurante marcado pela simplicidade e que dignifica a cozinha regional.
Com o estatuto de especialidade, graças à qualidade dos ingredientes e à aprimorada confeção, os filetes de linguado e o polvo grelhado à pescador estão no topo das preferências.
No entanto, há outras sugestões merecedoras de referências elogiosas, em particular, o jantar de grão, particularmente, saboroso, e as tradicionais – e muito apreciadas – migas com carne de porco.
A lista pode incluir entrecosto assado no forno, lombo à chefe e carne de porco à alentejana com camarão, que expressam sabor e qualidade. O trabalho culinário rigoroso e feito com sabedoria traduz-se numa comida caseira, apetitosa, logo, muito apreciada, o que justifica a fama granjeada por este restaurante.
Para concluir saborosa refeição, nada melhor do que a doçaria regional.
Garrafeira razoável e serviço muito simpático. O Passarinho, no Cercal do Alentejo, voa alto.