Texto António Catarino
“Vale a pena ir a Serpa só para ver morrer o sol”, mas a Cidade Branca possui uma multiplicidade de encantos, muito longe de ficarem resumidos à impressão registada por Raul Proença no enciclopédico Guia de Portugal.
O aqueduto de 19 arcos e a nora, cuja construção ficou a dever-se à necessidade de abastecer de água o palácio setecentista dos marqueses de Ficalho, é uma das mais fortes imagens de Serpa, um autêntico postal ilustrado da cidade, onde merece visita o muito interessante Museu do Relógio.
Outro espaço, dedicado à divulgação e promoção do cante, Património Cultural Imaterial da Humanidade, estatuto atribuído pela Unesco em 2014, justifica um olhar atento e demorado.
Para confortar o estômago, é traçar azimute para a rua dos Baloucos, onde o café-restaurante O Engrola, assente em estrutura familiar, é uma casa para saborear comida caseira, de matriz tradicional.
A sala, apesar de um pouco acanhada em termos de espaço, é confortável, com lambris em azulejo. Um balcão completa o cenário.
A ementa apresenta, todos os dias, pratos tradicionais diferentes, num leque de propostas que podem ir da saborosa tomatada com carne grelhada à açorda de bacalhau, caldo de beldroegas, cozido de grão e, quando o tempo aquece, o refrescante gaspacho com peixe frito.
Um lote das ditas especialidades, muito do agrado da clientela, graças ao desempenho culinário e bons ingredientes.
As escolhas podem ser mais variadas: feijão com abóbora e carapaus fritos ou, noutra versão, com espinafres e pataniscas; favas com entrecosto e enchidos.
Outras propostas muito apreciadas: feijoada de choco, grão com abóbora e pataniscas, arroz de bacalhau ou de coentros com panados de frango, choco frito em farinha de milho e feijão com couve.
Sobremesas tradicionais. Na garrafeira, os vinhos alentejanos estão em maioria. Serviço muito simpático nesta casa de bem comer em Serpa.