Diário do Alentejo

Ciência e Pseudociência

01 de abril 2023 - 13:00
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Texto José Valente

 

A ciência tem muita coisa fantástica e por isso não precisamos das mentiras da pseudociência. Só que talvez mais de 90 por cento das fantásticas hipóteses científicas que nos maravilham poderão estar erradas. É pena! Contentemo-nos com as restantes menos de 10 por cento que decerto se poderão vir a verificar.

 

A teoria da antimatéria foi das noções mais incríveis que a ciência formulou e se verificou ser real. E após quase 30 anos de a hipótese ser formulada confirmou-se a existência dos neutrinos. Em cada segundo passam pelo nosso corpo milhares de milhões de neutrinos, vindos do Sol e de outras galáxias, sem que nós nos apercebamos. E isto porque os neutrinos são milhões e milhões de vezes mais leves que os átomos.

 

Na nossa cidade de Beja passeavam-se há muitos milhões de anos incríveis dinossauros com mais de 20 metros de comprimento e pesando o mesmo que 10 elefantes. Por vezes, talvez na zona das Portas de Mértola houvesse lutas ferozes de carnívoros semelhantes ao tiranossauro rex que viveu na América do Norte com pacíficos herbívoros gigantes. Já nessa época recuada o mundo era cruel! Coisas interessantes da ciência.

 

E a pseudociência? Onde anda? Há uns anos soube de um professor de biologia relatar o que tinha ouvido acerca de uma história de um suposto ser humano que já viveria há talvez quatro séculos. Incrível! Afirmaram há uns meses que se as abelhas desaparecessem o mundo acabava!

 

Em Portugal há quem acredite que nas vidas passadas nós fomos outras pessoas, desde pobres a ricos, pedreiros ou militares, mas, não se ficando por estas ideias, outros vão mais longe e acreditam em reencarnações de gatos, pintassilgos, formigas e outros animais em pessoas. E isto não se pode provar que é mentira ou verdade. Mas não será tudo isto pseudociência?

 

Quanto às curas milagrosas, o caso é mais bicudo. No cancro, o tratamento deve ser rápido, uma vez que as metástases se podem espalhar pelo corpo em pouco tempo e só quimioterapia e radioterapia aplicadas nas regiões do corpo dos doentes que foram examinadas com uma TAC ou colonoscopia poderão levar as pessoas a salvar-se. E muitas pessoas têm sido salvas com a moderna medicina na área da oncologia. A falsa “medicina” pode fazer as pessoas perderem tempo em tratamentos que não resultam e quando entram na medicina convencional já pode ser tarde, pois as metástases já podem estar demasiado espalhadas pelo corpo.

 

Igualmente perigosos são os movimentos anti-vacinação, resultado de pura ignorância de quem não sabe o que é a ciência!

 

O ser humano desde sempre errou, viveu em delírio ou sujeitou-se às mentiras de charlatães. À falta de inteligência de alguns e aos delírios das doenças mentais juntam-se as mentiras de quem tem prazer em enganar o próximo ou ganhar bom dinheiro com a fraqueza dos outros.

 

O mais importante é uma verdadeira cultura científica, mas em que as pessoas possam também pensar livremente.

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