Diário do Alentejo

Crónica de Florival Baiôa: "Beja. Seria tão fácil “alindá-la”!

07 de maio 2023 - 14:00
Foto | Cristina MatosFoto | Cristina Matos

Há muita gente desta terra que aproveita os tempos livres para linguarejar nos bancos vazios dos jardins ou em mesas normalizadas de oferta dos cafés e refrigerantes. Gente que ao fim do seu tempo regular de trabalho não define um projeto de vida. Parece que só esperam que o dia chegue ou pela hora do passeio do cão.

 

Vidas sem rumo. Muitas vezes sem sorrisos e sem um bom dia ou boa tarde. Como costumo dizer, custa tão pouco, mesmo nada, uma palavra simpática, um sorriso ou um simples acenar de mão a agradecer ou a pedir desculpa. A “coisa” mais barata que existe e, até, nem paga IVA.

 

Há, também, outras formas de tornar esta cidade com outras cores, mais alegres, desde que a autarquia deixe o branco de lado e utilize velhas cores citadinas ou, por que não, recomeçar a tradição floral, colocando às portas ou às varandas as malvas ou outras que reluzem ao nosso sol. Tão fácil, meia dúzia de vasos dão outro valor à rua e à nossa casa.

 

A verdade, “verdadinha”, é que existe gente jovem muito mais ousada do que estes simples gestos. Gente com uma capacidade artística incomum, vivendo nesta cidade, decide dar-lhe uma linguagem artística como Beja nunca assistiu. Ousados, brincalhões, brilhantes e com uma criatividade olhando o futuro. Dos passeios ou caminhadas que faço sempre pelo interior da cidade deparei-me, ao início, com algumas pinturas de animais, do Adão e da Eva (bela gente), em suporte de papel e colocadas em espaços mortos do tempo e do abandono, mas que com elas renasceram para o olhar e para a admiração. Criei uma enorme empatia e ainda um maior sorriso com as cores, as novas cores que a cidade me transmitia.

 

A cidade deu um salto. Os artistas plásticos, músicos, atores, que nascem e vivem no Baixo Alentejo, que são muitos, estão a criar novos discursos e novas imagens artísticas. Estes, esperemos que não sejam expulsos por falta de carinho e apoio. Dois deles assinam por CM e por Johnny Brave, isto é, a Cristina Matos e o João, dois bravos, dois bravos que criaram novas ruturas artísticas e um novo público de rua.

 

Valeu a pena… bolas, se VALEU!

 

Esqueci-me de falar no seu cão mais simpático… o Timóteo.

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