Texto António Catarino
A torre de menagem do castelo de Beja, construída em estilo gótico, é um dos mais belos exemplos da arquitetura militar da Idade Média. Eleva-se a 40 metros do solo, o que a coloca no topo das congéneres portuguesas. A sua construção, iniciada em 1310, fica a dever-se ao plano mais vasto de reforço das muralhas do castelo, praticamente destruídas nos combates da reconquista operada pelas tropas de D. Afonso Henriques. Numa dessas duras batalhas perdeu a vida, aos 90 anos, o intrépido Gonçalo Mendes da Maia, conhecido por “O Lidador”.
Com D. Dinis, a cidade de Beja teve foral confirmado e o castelo foi ampliado, ganhando outra solidez defensiva. O rei “Lavrador” ficou, desse modo, ligado à história da capital sul-alentejana, onde um restaurante, localizado frente ao castelo, tem o nome do monarca: “Dom Dinis”.
As carnes grelhadas, matéria-prima de boa qualidade e bem trabalhada nas brasas, são a imagem da casa, sem luxos e de ambiente acolhedor e descontraído. Um espaço sóbrio, onde se destaca, à entrada, o expositor repleto de peças de carne.
Para começar, o lote de entradas, tipicamente alentejanas e de boa qualidade, convida a entreter o palato: há paio, queijos de ovelha e de cabra, torresmos, presunto pata negra e espargos ou cogumelos com ovos, entre outras propostas. As carnes surgem na carta divididas em dois capítulos: porco preto e vaca. No primeiro, há secretos, plumas, lagartos, abanicos, lombinho, presa ibérica e piano, o clássico entrecosto. A escolha é alargada ao chamado pijaminha sem calcinha, para uma ou duas pessoas, isto é, uma variante melhorada da tradicional grelhada mista.
A oferta é igualmente alargada em termos de carne de novilho, onde pontificam a costeleta t-bone, tornedó, alcatra, picanha, chuleton e bifes de lombo e à cortador. Para duas pessoas, um par de opções: tábua à casa ou tomahawk maturado black angus. Para acompanhar, há um trio de migas – de alho, azeitona ou espargos – e a trivial batata frita.
A exceção ao domínio cárnico é o bacalhau: no forno ou à lagareiro são as alternativas. Para adoçar o final da refeição, há muito por onde escolher: tarte de requeijão, mousse de amendoim, sericaia ou farófias. Carta de vinhos preenchida quase exclusivamente – a exceção são três verdes – com referências alentejanas.
Serviço muito simpático neste restaurante bejense, ideal para saborear carnes e boa qualidade na grelha.