Diário do Alentejo

À Mesa: Cozido à Portuguesa é estrela a brilhar

30 de janeiro 2023 - 13:00
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Texto António Catarino

 

A vida de Fialho de Almeida, nome grande da literatura portuguesa, médico e escritor incómodo, cáustico, inconformado, está muito ligada à vila de Cuba. Ali casou e faleceu em 1911 o autor de valiosa obra literária, objeto de empenhado trabalho de divulgação e promoção a cargo da Associação Cultural Fialho de Almeida. A Cidade do Vício, País das Uvas, Cadernos de Viagem/Galiza, Contos e Os Gatos têm assinatura do contemporâneo de Camilo, Eça e Guerra Junqueiro, cuja casa em Cuba é hoje museu literário. O escritor figura na toponímia local, com a atribuição do seu nome ao largo onde foram construídos o centro cultural e uma creche, sonho de Emília Garcia Pêgo, abastada proprietária e esposa de Fialho, que deixou tal desejo expresso em testamento, em que constava um montante para concretização desse sonho.

 

É no largo Fialho de Almeida, antigo Passeio da Estrela, vizinho do bonito palacete de S. Pedro, que um estabelecimento de restauração tem porta aberta desde 1943: o restaurante Estrela. A remodelação operada num passado recente transformou a casa, tornando-a mais atraente e confortável. O espaço, modernizado, sóbrio e sem luxos, divide-se pela sala do restaurante e pelo café tradicional, com um balcão que permite à clientela saborear petiscos.

 

Na lista do restaurante, com entrada independente, nas variadas opções diárias, destaca-se o cozido à portuguesa, considerado, recentemente, pela Associação de Comércio, Turismo e Serviços do Distrito de Beja o melhor do Baixo Alentejo. Diferente do tradicional cozido de grão, esta versão à portuguesa é confecionada com carnes de porco e de vitela, enchidos, couves, nabo, batata e cenoura, e tem presença assegurada à quarta-feira na lista do restaurante, onde a transmontana D. Lídia é líder da cozinha. A sopa de cação é uma das opções que pode surgir na lista diária, tal como o saboroso ensopado de borrego.

 

Outros comeres regionais – bochechas assadas no forno, migas acompanhadas com entrecosto frito, borrego à pastora ou com ervilhas, grão com mão de vaca – ampliam o leque de eventuais escolhas. A feijoada à transmontana é um dos pratos que marca a diferença neste restaurante onde arroz de tamboril e feijoada de polvo têm sabor marinho. Outras escolhas possíveis: pernil assado, coelho frito, cabidela de frango do campo, costeletas de porco de cebolada; lombo estufado com cogumelos. Ao fim de semana, regra geral, há cabeças de borrego assadas, um petisco muito apreciado, bem como as codornizes fritas à passarinho.

 

Nas sobremesas, brilha o pudim. Garrafeira suficiente, com referências de produtores da região. Serviço simpático neste restaurante com uma boa relação preço-qualidade e onde o cozido à portuguesa é estrela.

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