Diário do Alentejo

À Mesa: A taverna em Nisa

12 de dezembro 2022 - 16:00
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Texto António Catarino

 

A notável vila alentejana de Nisa – assim está expresso, por deliberação de el-rei D. João I, no brasão de armas – é terra de queijo muito apreciado e de rendas de bilros, que pedem meças às congéneres mais famosas da orla costeira. Por ali, no Alentejo mais setentrional, quase a abraçar a vizinha Beira, a gastronomia reflete, de algum modo, usos e costumes algo diferentes de outras paragens transtaganas.

 

As termas da Fadagosa de Nisa, de águas sulfurosas, e o castelo da Amieira do Tejo, uma das 11 vilas da região que pertenceram à Ordem dos Templários, balizam percursos concelhios, que podem terminar à mesa da Taverna da Vila,  restaurante que ocupa, em Nisa, uma antiga e bem recuperada adega.

 

Ambiente rústico, com talhas, mesas e bancos corridos em madeira, decoração à base de motivos e objetos tradicionais. A ementa é baseada na cozinha tradicional da região, com um toque de maior criatividade. As entradas podem surgir com designações curiosas, sejam bacalhauzinhos do rio – no fundo, peixe frito – ou massa de farinheira fresca, também frita, chamada papa-ratos.

 

A tradição está bem patente na açorda de ovas com secretos de peixe do rio (fritos e acompanhados com migas de ovas) ou nos feijões das festas, um prato de épocas mais remotas, que marcava presença nos casamentos ou noutras celebrações familiares. Com um toque diferente, os maranhos de tomatada expressam alguma influência beirã, da região do Pinhal Interior, não muito distante. Afogado de borrego, ensopado ou alhada de cação; migas com carne de porco frita e  febrinhas do alguidar, bem temperadas, grelhadas no ponto, e o tradicional sarapatel são outras propostas saborosas, que traduzem adequado tratamento culinário.

 

As sobremesas regionais brilham num doce final de refeição, acompanhada com o bom vinho da casa na Taverna da Vila, em Nisa.

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