Diário do Alentejo

A teoria da relatividade de Einstein

07 de novembro 2022 - 10:15
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Texto José Valente

 

A Teoria da Relatividade de Einstein é das teorias mais fantásticas de toda a Ciência. A teoria desafia o senso comum e quando explicada aos leigos surge a dúvida se Einstein seria louco, charlatão ou um génio. E o incrível é que até hoje já se demonstrou experimentalmente dezenas de vezes que Einstein tinha razão. A teoria está mais que provada!

 

A teoria foi o tema da última conferência de Ciência na Biblioteca Municipal de Beja, no dia 21 de Outubro. O conferencista foi o conhecido Professor Paulo Crawford que foi das primeiras pessoas a ensinar Relatividade em Portugal e em divulgar a vida e obra de Albert Einstein.

 

Ensinou Física Teórica na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Fez um pós-doutoramento na Universidade de Maryland (EUA) e foi professor convidado no Center for Einstein Studies na Universidade de Boston (EUA). Do seu brilhante currículo há a acrescentar ter sido Coordenador Científico do Centro de Astronomia e Astrofísica da U.L. de 2006 a 2011. Paulo Crawford iniciou o seu doutoramento em Física no King`s College de Londres, tendo como orientador Paul Davies. Posteriormente, veio a ser orientado por John G. Taylor e, mais tarde, devido a mudanças na sua vida profissional, acabou por terminá-lo na Universidade de Lisboa na área da Cosmologia. Paul Davies e John Taylor são grandes físicos a nível mundial.

 

Eu adoro os livros de divulgação científica do Paul Davies e o livro “Superforça” li-o quatro vezes seguidas enquanto estudante universitário, pois é dos meus livros favoritos. O Professor Crawford tem-me esclarecido em algumas dúvidas em Cosmologia e quando me disse que conhecera bem o Paul Davies fiquei fascinado. Na conferência começou por explicar que existe a Teoria da Relatividade Restrita (de 1905) e a teoria da Relatividade Geral (de 1915).No final houve lugar para colocar questões que foram muitas. Uma das questões, de um jovem de 12 ou 13 anos, tratou do tema dos Wormholes, na vanguarda da Física Moderna.

 

E O QUE É A TERORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA?  Quem observar objetos móveis perto da velocidade da luz vai vê-los contraídos na direção do deslocamento. Um objeto pode ficar deformado na direção ao longo do eixo x, mas ao longo dos eixos y e z fica igual porque o movimento é ao longo desse eixo x. Assim sendo uma bola parecerá espalmada como um disco.Este exemplo foi retirado do livro Introdução à teoria da relatividade de Vittorio Silvestrini.

 

Crawford na sua conferência deu o exemplo de uma vara que sendo lançada próximo da velocidade da luz seria observada por nós, que estamos parados, com um comprimento reduzido, ou seja, contraída. A este fenómeno chama-se “contração dos comprimentos”.

Se uma pessoa de 20 anos num referencial fixo, na Terra, observar uma nave espacial partir viajando perto da velocidade da luz com o seu irmão gémeo, durante um ano, para esse astronauta, o que aconteceria é que para o outro gémeo que ficou na Terra passariam 60 anos. Esta situação curiosa chama-se o “paradoxo dos gémeos”. Assim, no final da observação, o astronauta teria 21 anos e o observador que ficara na Terra teria 80 anos. A este fenómeno chama-se dilatação do tempo. Incrível!

 

O livro "Introdução à teoria da relatividade" relata-nos uma experiência que prova este efeito com um avião a uma velocidade bem menor do que a da luz e, por isso, a diferença de tempos foi minúscula: “Colocaram-se dois relógios atómicos, um na Terra e outro a bordo dum avião que deu a volta ao Mundo. Quando o avião aterrou, deu-se conta que os dois relógios tinham uma diferença de cerca de 300 nanossegundos …”.

 

A TEORIA DA RELATIVIDADE GERAL  Quando Einstein trabalhava na Repartição de Patentes de Berna teve o pensamento mais feliz da sua vida, segundo comentou ao seu amigo Michele Besso. Crawford diz no livro "Nas fronteiras do Universo" o seguinte:

 

“Mais tarde haveria de descrever esse momento prodigioso na sua lição na Universidade de Quioto em 1922: «De repente, um pensamento assaltou-me: se uma pessoa cai em queda livre não sente o seu próprio peso. Fiquei abismado. Este simples pensamento provocou-me uma profunda impressão. Impeliu-me para uma nova teoria da gravitação»”.

 

Esta nova teoria que anos depois foi concluída por Einstein foi a Teoria da Relatividade Geral. No final da conferência tratou-se dos buracos negros onde se aplica a Teoria da Relatividade Geral. Segundo Crawford, os buracos negros são ainda mais incríveis do que a própria ficção científica!

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