Diário do Alentejo

À Mesa: Herdade dos Grous, qualidade rima com sustentabilidade

25 de outubro 2022 - 09:00
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

Texto António Catarino

 

Os grous, aves gregárias de grande porte, que cruzam os céus alentejanos, no inverno, em ruidosos bandos, dão nome a uma das mais conhecidas herdades da região. A dois passos de Albernoa, a sul de Beja, a Herdade dos Grous é um exemplo de grande respeito pela natureza, graças à produção sustentável e biológica. Os químicos não são utilizados nos 1050 hectares da herdade – 133 hectares preenchidos com vinha – o que permite a produção orgânica de vinhos, azeite e hortícolas, que abastecem as unidades hoteleiras do grupo Vila Vita, proprietário da herdade desde 1996.

 

A certificação atribuída no final de 2020, a primeira no País, foi o corolário do exigente processo de boas práticas sustentáveis realizadas dia a dia, inclusive na agropecuária da herdade, onde o restaurante é um dos polos de atração do enoturismo.

A sala é espaçosa e muito confortável, com ambiente elegante; no exterior, a esplanada oferece esplêndida panorâmica.

 

A carta, elaborada de acordo com absoluto respeito pela sazonalidade dos produtos, reflete a essência alentejana e uma cozinha adequada aos novos tempos, mas baseada na tradição e nos sabores únicos da região.

 

O lado mais tradicional está expresso na sopa de peixe do rio com hortelã da ribeira; no gaspacho alentejano com paio do lombo e petinga em conserva e no emblemático ensopado de cação com coentros. Para começar, manteiga de cabra de Serpa, tapenade de azeitona cobrançosa, queijo de ovelha em azeite, tiborna e pão alentejano.

O capítulo de petiscos é alimentado pela salada de folhas e tomate com presunto três bolotas, uvas e pinhões de Alcácer do Sal e pelo queijo de ovelha gratinado. Nos pratos principais, destaque para o lombo de bacalhau fresco assado com legumes da época, a exceção ao domínio da carne alentejana certificada: lombo de javali com migas de espargos e laranja do pomar; lombo de novilho mertolengo maturado.

Referência para o chambaril de vitelão, com molho 23 barricas e tubérculos e puré, e para o rancho alentejano de grão-de-bico, couves da horta e abóbora. No capítulo “Para comer a dois”, nota elevada para a perna de cabrito cozinhada lentamente. Outras opções: costeletão de novilho da herdade, com mostarda de cogumelos, jus de hortelã da ribeira, legumes da horta e batatas assadas e abanicos, presas e secretos de porco alentejano de Ourique.

 

Qualidade, sabor da carne do reco e tempo adequado de grelha justificam elogio. Nas sobremesas, brilham a sericaia com ameixa de Elvas e calda de Lúcia-lima e o toucinho-do-céu com sorbet de tangerina. Garrafeira com referências exclusivas da herdade dos Grous, que produz 700 mil garrafas por ano.

 

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