Diário do Alentejo

À Mesa: Aficionado muito popular

04 de outubro 2022 - 09:00
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Texto António Catarino

 

A aldeia ribeirinha de Amieira, nas Terras do Grande Lago, designação que abrange as povoações situadas nas margens da albufeira da barragem de Alqueva, é particularmente conhecida pela marina. Uma infraestrutura que trouxe mais vida e animação àquela freguesia do concelho de Portel.

 

Ali bem perto, onde confluem as ribeiras do Degebe e da Amieira, abundava um tipo de árvore que gosta de terra húmida: os amieiros. É razão plausível para o topónimo da povoação, onde há tempo para ver o tempo passar, sem pressas, contemplando um horizonte onde ao azul da água parece tocar o céu imaculado.

 

À entrada da Amieira, na rotunda junto à castiça praça de touros, uma peça escultórica revela a paixão local pela tauromaquia: toiro e forcado são as figuras que despertam atenção. Assim, tem alguma lógica o nome de Aficionado dado a um restaurante com mais de três décadas: decorado com cartazes e outros motivos tauromáquicos tem fama pela cozinha simples e doses generosas.

 

A casa nasceu da vontade de Pedro Pimenta, conhecido por ‘Pedro do Aficionado’: um dia decidiu regressar à aldeia e montar negócio por conta própria, após vários anos andados em Évora a ganhar experiência no ramo. O pequeno restaurante da Amieira ganhou fama e o espaço já não dava para albergar tanta clientela que ali chegava ávida de saborear os pratos mais tradicionais da rica gastronomia alentejana.

 

Na cozinha, a esposa liderava o trabalho nos fogões. Há mais de uma década, o restaurante que abriu no dia 25 de abril, mudou-se para casa nova, na orla da localidade. Paredes caiadas a branco e barrões em azul. Ao melhor estilo alentejano. Com uma frondosa esplanada onde apetece ouvir a passarada.

 

A sala principal– há outra, mais pequena, com balcão, tipo café –, é um espaço enorme, com capacidade para duas centenas de pessoas, o que abre a porta a eventos de outra grandeza.

 

Os motivos tauromáquicos estão em destaque na decoração rústica: cartazes de corridas de toiros; quadros com fotografias; e nem falta um touro em tamanho real logo à entrada da sala principal. Piso em ladrilho, lareira num dos topos da sala com mesas e cadeiras em madeira. Toalhas em pano, aos quadradinhos, cobertas por papel. Ambiente familiar, descontraído, popular, por vezes, algo ruidoso, a justificar de algum modo a filosofia do restaurante na ocasião da visita: um menu, a preço fixo, inclui entradas, pratos principais, sobremesas e bebida, que pode ser vinho.

 

Na cozinha são utilizados apenas produtos portugueses e a grelha desempenha papel importante, em particular no que diz respeito às carnes de porco alentejano. Nas entradas, um pratinho com presunto de boa qualidade ou uma sopa de feijão podem servir de introito a refeição substancial. A mista de porco preto tem fama, mas também há lombo e entremeada. As sugestões diárias variam e podem incluir bacalhau frito com cebolada e coentros; feijoada ou bochechas de porco assadas no forno.

 

Por encomenda, é possível alargar o leque de escolhas: bacalhau cozido com grão ou chispe assado no forno. Sobremesas limitadas. Garrafeira com maioria de referências alentejanas.

 

Serviço simpático neste restaurante de características populares, com uma cozinha simples, sem rodriguinhos, ideal para os apreciadores de doses generosas.

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