Texto António Catarino
O alvo casario de S. Bartolomeu do Outeiro distingue-se a léguas de distância na planura alentejana, matizada por algumas culturas intensivas. O desvio de duas dezenas de quilómetros a partir de Portel e do IP2, na direção de Viana do Alentejo, é rápido até à povoação, onde a tranquilidade recebe o viajante.
Subindo a rua da Cruz, na direção da igreja de arquitetura maneirista e barroca e do miradouro, onde um telescópio permite divisar vasta panorâmica, o restaurante SBO não passa despercebido: ocupa o piso inferior da sede da associação desportiva local.
O acrónimo de S. Bartolomeu do Outeiro é um espaço de Sabores & Livros, com uma desafogada esplanada onde a vista se perde na contemplação dos campos. O espaço interior é bastante acolhedor e surpreende pela componente livresca, elemento predominante no capítulo decorativo.
Sobre cada uma das mesas, um livro é convite à leitura, antes ou após a refeição.
A suavidade da música ambiente cria uma atmosfera especial neste restaurante aberto há ano e meio, fruto da iniciativa de uma família portuense, seduzida pelos ares do Alentejo. Para trás, ficou a vida passada em Angola e a experiência na restauração na cabo-verdiana ilha do Sal, com o chef Paulo Morais no comando da cozinha.
O SBO é o reflexo de todas essas vivências, traduzidas nas cozinhas do mundo, da portuguesa à africana e, em particular, à japonesa: o sushi é um dos pontosfortes da casa, suscitando elevada procura, emparticular aos fins de semana.
Para início de função, um cesto: sortido de pães, azeitonas, alho e especiarias e paté de atum fresco. Uma tábua de queijos ou bolinhas de alheira com maionese de coentros, muito saborosas, são bom preâmbulo de uma refeição com sabor oriental: muito apreciada, a tempura de camarão e legumes, empanados em panko, com molho sweet chili, maionese wasabie e sementes de papoila revelou-se esplendorosa.
Outras propostas são a trilogia de ceviche – salmão, atum e dourada; kimuchi salmão e ebi rol de gamba, com camarões enrolados em panko, salmão e gambas em tempura. Do mar e da terra é um capítulo em que convivem os tradicionais bacalhau com broa, grelos e batata e os filetes dourados com molho de manga e salsa e o atum braseado, com sementes de sésamo, gambas, salada e arroz sushi.Para duas pessoas, o mikksu, um tártaro de salmão e fruta.
Nos pratos de carne, o filet mignon, com queijo da serra e compota de cebola, batata country, amêndoa laminada e mandioca frita revelou-se à altura: carne de primeira qualidade, plena harmonia de sabores,apresentação contemporânea.
Outras escolhas são o costeletão SBO; secretos de porco preto com molho teriaki; bife cinco pimentas; migas de alheira com broa, grelos, batata e ovo. A tão portuense francesinha também marca pontos, com a curiosidade de incorporar carne de porco alentejano, substituindo a de bovino.
Com sabores a África, há muamba de legumes e cachupa aos fins de semana.
Nas doçuras, o bolo bolacha da Andreia, com caramelo salgado é imperdível. Mousse de amendoim ou de chocolate e leite creme queimado na hora são algumas das alternativas neste restaurante com garrafeira de bom nível e vinho a copo.
Serviço muito competente e de grande simpatia neste espaço que justifica um desvio. O SBO –Sabores & Livros, por saborosas e inúmeras razões, colocou S. Bartolomeu do Outeiro no mapa gastronómico da região. Pela diversidade das propostas e nível culinário de qualidade.