Texto António Catarino
A beleza da costa alentejana, recheada de praias, a maior parte abrigadas pelas falésias e quase escondidas dos olhares do viajante mais apressado, é poderoso fator de atração em qualquer época do ano. A cerca de três quilómetros da Zambujeira do Mar, praia festivaleira no mês de agosto, a Entrada da Barca é um acolhedor porto de pesca, protegido por um promontório.
Por ali, não faltam locais para observar o voo das aves e apreciar o oceano. Um desses pontos privilegiados para contemplar o horizonte a perder de vista é o restaurante A Barca Tranquitanas, tão simples quanto agradável.
Esta barca, cujo leme passou de pai para filho há um bom par de anos, modernizou-se, ganhou outra forma, mas continua na crista da onda. Boa matéria-prima e cozinha simples são herança da velha tasca de pescadores, localizada estrategicamente a dois passos do portinho.
Na Estrada da Barca, é local privilegiado para contemplar, na lateral, o pôr-do-sol; na esplanada, para observar o azul do mar a perder de vista e saborear, à mesa, a frescura dos perceves, bruxas, sapateiras, santolas, amêijoas e búzios, cuja feijoada é dos petiscos mais apreciados. O choco à Barca, salteado e servido com amêijoas e batatas aos cubos, não fica atrás no rol dos pratos mais requisitados neste restaurante onde a sopa de peixe, um caldo particularmente gostoso, tem segredo para tal sabor.
Quanto a especialidades, em doses para dois comensais, a caldeirada à pescador e o arroz de tamboril são boas propostas, O peixe fresco e os mariscos estão, naturalmente, em maioria na lista, mas também há outras opções, caso das migas com carne de porco – ou não estivéssemos no Alentejo – e do pica-pau de lombo frito, ideal para partilhar.
Nas sobremesas, é escolha acertada o doce de vinagre, surpresa nada ácida para concluir saborosa refeição. A Barca Tranquitanas é uma embarcação com gente experiente ao leme.