Texto António Catarino
A cidade de Alcácer do Sal, a velha Salacia, fundada pelos fenícios no ano 1000 antes de Cristo, foi ocupada por visigodos e árabes e só no reinado de D. Afonso II ficou, em definitivo, na posse da coroa portuguesa. Sede do segundo mais extenso município de Portugal, Alcácer do Sal é o maior produtor de pinhão – o chamado ouro branco – do país, graças à extensa mancha de pinheiro manso, que se estende por ambas as margens do Sado.
Na cidade, caminhando junto ao rio pela requalificada marginal, não é tarefa difícil encontrar A Tasca do Barrocas. A esplanada, ainda que limitada a menos de meia dúzia de mesas, desperta a atenção para este pequeno restaurante, quase escondido num recanto, embora frente ao Sado.
O espaço interior é algo acanhado: um corredor estreito, que passa pela área da cozinha, à esquerda, e conduz a uma sala de reduzidas dimensões, com capacidade para 18 comensais, e outra entrada pelarua paralela à marginal.
Decoração e mobiliário rústicos, balcão à esquerda. Tudo é simplicidade e ambiente familiar.
Para entrada, para além de queijinho de ovelha, há cogumelos salteados. No lote das especialidades da casa, figura o arroz de lingueirão, ornamentado com gambas e com a hortelã a acrescentar sabor a esteprato muito bem confecionado. A açorda de espinafres com garoupa, muito fresca, e amêijoas, bem cheias, é uma delícia, outra especialidade da casa, O arroz de bacalhau é outros dos pratos que expressa uma culinária aprimorada. A sopa de cação dá um toque mais alentejano à lista, em que figuram naco de vitela no tacho (com a carne estufada em vinho tinto), frango à passarinho e cabidela de galinha.Na doçaria, destaque para o bolo de mel, de confeção caseira, e as queijadas.
Garrafeira suficiente. Referência ao vinho da casa, tinto e branco, de um produtor local. Serviço atencioso e prático.
Neste restaurante castiço, as aparências, felizmente, iludem: a cozinha que ali se pratica explica a afluência à Tasca do Barrocas na zona ribeirinha de Alcácer do Sal.