Diário do Alentejo

À Mesa com António Catarino: A Tasca do Celso

07 de outubro 2021 - 09:00

A costa alentejana é um manancial de surpresas, que se estende à mesa, como sucede na vila da foz do Mira, onde um restaurante com nome de tasca se tornou local de peregrinação gastronómica. Tesouro escondido durante décadas e décadas, a costa alentejana continua na moda. A beleza singular das praias e das paisagens, as tradições locais e a boa mesa, onde o peixe fresco marca presença quase obrigatória, transformaram por completo a outrora pacata Vila Nova de Milfontes.

 

A transformação gerada pelo turismo foi quase radical e hoje guardam-se as memórias de outros tempos, ainda que o verão fosse sempre uma época diferente. Mais movimentada e buliçosa, até para lá da chamada época alta, como hoje sucede.

 

Mas, Vila Nova de Milfontes não é só a beleza natural das praias ou o encanto da foz do Mira. Na restauração, A Tasca do Celso afirmou-se ao longo de anos – vai a caminho das três décadas de existência – e é hoje uma verdadeira instituição, não só local, mas de âmbito regional.

 

Um estatuto que manteve a autenticidade do restaurante que nada tem de tasca; pelo contrário, é um espaço moderno, hoje alargado por mais uma sala e esplanada. Uma consequência – a subida dos preços foi outra – do sucesso alcançado. A decoração, à base de motivos regionais, é particularmente cuidada e reveladora de bom gosto. Ali pode conjugar-se o verbo petiscar, tão apelativas são as variadas propostas: linguiça com ovos mexidos; amêijoas à tasca; salada de polvo e mariscos.

 

Para almoçar ou jantar, também não faltam boas razões: o peixe fresco, resultante da safra diária, é opção relevante para uma cataplana, confecionada para duas pessoas e que se afirmou como ‘ex libris’ da casa.

 

A comida de tacho é, de algum modo, imagem da casa: arroz de amêijoas ou de tamboril, neste caso para duas pessoas; filetes de peixe-galo com arroz de tomate; açorda com camarão gigante; pregado grelhado ou frito com arroz de feijão ou feijoada de búzios marcam presença regular na lista, ainda que os caprichos do mar possam, eventualmente, causar alterações na ementa.

 

No setor carnal, o bife “à la plancha” e o naco de alcatra são boas opções para dois comensais. Costeletas de cordeiro na brasa e medalhão à portuguesa ampliam o leque de propostas desta tasca gerida pelo filho do Celso, um duriense há muito rendido aos encantos do Baixo Alentejo e que deu o nome do pai ao restaurante, que possui uma garrafeira com dezenas de referências, e que se tornou local de peregrinação gastronómica para quem demanda paragens do sudoeste.

 

A reserva é, por isso, muito aconselhável, em particular nos meses estivais, de grande afluência a esta tasca bem diferente de outras: tem o nome do Celso para marcar a diferença.

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