Diário do Alentejo

S. Pedro com as chaves da tradição em Portel

03 de maio 2021 - 16:10

Texto António Catarino

 

Na transição do Alto para o Baixo Alentejo, o castelo de Portel, ‘ex-libris’ monumental da povoação fortificada em 1261 por ordem de D. Afonso III, destaca-se na paisagem. Para o viajante, apreciador da cozinha tradicional, bem lhe pode valer S. Pedro, nome de restaurante desta vila de origem muito antiga e que, por ordem de D. Afonso III, foi doada por D. Pedro I ao duque de Bragança.

 

Situada à margem do IP 2, a vila protagonizou um relacionamento muito próximo com o Ordem de Malta, proprietária de bens de valor significativo nas redondezas de uma povoação pacata. No interessante centro histórico destaca-se o edifício dos Paços do Concelho, junto ao castelo.

 

Na parte baixa da vila, na artéria mais central, o restaurante S. Pedro é boa opção para saborear a gastronomia alentejana. Cozinha tradicional, feita com seriedade, nesta casa com sala de entrada com balcão, ideal para petiscar, e mais duas – uma principal e outra interior, de menor área. Decoração com um toque rústico, Ambiente confortável.

 

Para começar, não faltam apelativas sugestões: saladinhas de polvo, ovas, choco grelhado, coelho em molho de vinagrete ou pimentos assados; torresmos; paio do cachaço de porco preto; presunto pata negra.

 

Os adeptos das tradicionais açordas alentejanas têm muito por onde escolher: de alho com bacalhau e ovo cozido; de cação e de espinafres com bacalhau, queijo e ovo escalfado.

 

O desfile de pratos tradicionais continua na vasta ementa: migas de espargos ou as tradicionais alentejanas com carne de alguidar; costeletas de borrego grelhadas ou fritas com duas migas; bochechas de porco preto estufadas em vinho tinto com puré de batata; ensopado de borrego com batata cozida e pão frito.

 

A carne de porco alentejano, o tradicional porto preto, preenche um capítulo da lista: lagartos, secretos, plumas e lombinhos acompanhados com duas migas.

 

Outros pratos: arroz de camarão e polvo à lagareiro; ‘magret’ de pato acolitado por migas alentejanas e um trio de opções de naco do lombo da vaca: grelhado, com molho de mostarda de Dijón ou frito em alho e azeite.

 

Das sugestões do chefe, entre elas, arroz de cabidela de galinha do campo, a escolha foi, na circunstância, a feijoada de javali. Apresentada em tacho de barro, revelou confeção apurada. Carne muito bem temperada a desfazer-se na boca; feijão no ponto; legumes a darem mais sabor ao cozinhado, merecedor de boa nota.

 

Nas sobremesas, brilha a doçaria alentejana de origem conventual. Tarte de requeijão; sericaia; bolo fidalgo e manjar de príncipe, com pão, amêndoa, ovos e canela e ainda Dom Duarte, à base de doce de ovos, gila e amêndoa, e outra especialidade: farófias no forno. Carta de vinhos com natural predominância de referências alentejanas. Serviço eficiente e simpático no restaurante S. Pedro; que faz gala, em Portel, da cozinha tradicional alentejana.

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