Diário do Alentejo

Adega de Elvas é baluarte Regional

25 de março 2021 - 17:00

Texto António Catarino

 

A cidade raiana de Elvas, Património Mundial da Humanidade desde junho de 2012,  possui o maior conjunto de construções abaluartadas do mundo. As muralhas seiscentistas, os fortes da Graça e de Santa Luzia, a que se juntam três fortins e ainda o imponente aqueduto da Amoreira, são parte integrante de um património único. Deambular pelas ruas do centro histórico da cidade alentejana é um exercício prazenteiro que pode ter como meta a Adega Regional.

 

O restaurante, próximo das ruas da Feira e da Cadeira, abriu portas há quase uma década e desde então tem ampliado o espaço, anexando prédios contíguos, até então ocupados por atividades bem diversas: um armazém de ferragens e uma carpintaria, que funcionava onde, em tempos, existiu um lagar de azeite, de que há nota em 1884, deram lugar à sala mais recente. Ampla e com um pé direito bastante alto, tem chão em ladrilho e paredes em tijolo. Mesas em madeira maciça e decoração rústica.

 

A gastronomia alentejana é a base da vasta ementa que tem a clientela do outro lado da fronteira como alvo. O capítulo marisqueiro é reflexo dessa aposta feita por João Tinoco, que ampliou o restaurante: uma sala no andar superior, outra mais pequena e um terraço. Bem acomodados, cabem 160 comensais. Para começar, um prato de paio fatiado, presunto e queijo; outro com farinheira frita, muito fina, cortada em pequenas partes. Para acompanhar, Mamoré de Borba branco 2015, excelente pela frescura e mineralidade.

 

Nas entradas, referência ainda para linguiça e cacholeira fina assadas na brasa; pimentos assados; salada de polvo e mexilhões de vinagrete. Em tempo quente, o gaspacho é pitéu de eleição, servido de acordo com a tradição.

 

O prato seguinte – bochechas de porco estufadas e acompanhadas com migas de coentros – revelou bom nível. Migas saborosas, bem ligadas; carne muito tenra, a desfazer-se na boca. Na lista, figuram outras especialidades: sopas de cação ou de tomate com ovo escalfado; o muito apreciado bacalhau dourado, uma variante muito próxima da versão à Brás; cação frito com molho de coentros e enchidos; naco de vitela fatiado, servido à mesa numa tábua para dois comensais e borrego assado no forno.

 

Há ainda choquinhos à alentejana; espetada de lulas com camarão; bacalhau à Adega; plumas de porco preto e espetada ibérica para duas pessoas. Nas opções marisqueiras, referência para a cataplana; arroz e açorda de camarão.

 

Nas sobremesas, a sericaia com ameixa de Elvas é de eleição neste restaurante com carta de vinhos premiada e serviço a copo.

 

Na cidade raiana que é Património Mundial da Humanidade, a Adega Regional, com uma oferta diversificada, faz jus à gastronomia regional alentejana e é um ponto de atração da vizinhança espanhola.

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