Aqui não Comes é o nome do mais recente projeto de Francisco George, João Carlos Soares e Luís Mestre, um negócio de venda de comida tradicional e caseira, ultracongelada. A ideia, dizem, é “facilitar a vida das famílias modernas”. Aberto em plena crise pandémica, na cidade de Beja, o projeto tem dado cartas e já se expandiu para Lisboa.
Texto Rita Palma Nascimento
Francisco é proprietário de uma tabacaria e trabalhou durante vários anos no setor da restauração em Beja e em Lisboa. João é administrativo e trabalhou em bares, foi proprietário de uma casa de fotocópias, formador e colaborou com empresas de eventos diversos. Luís conta com um percurso de três anos em comunicação social, tendo passado pela Rádio Pax, Rádio Voz da Planície e “Imenso Sul”, e soma 24 anos de trabalho como técnico de informática nas Câmaras de Castro Verde, Mértola e Beja, tendo ainda dedicado cinco anos a um café da cidade. Agora são também cozinheiros.
“Os nossos avós tiveram uma única profissão, aprenderam um ofício ao qual dedicaram toda a sua vida, foram sapateiros, costureiras, agricultores, vendedores. Os nossos pais, penso que a maioria, já passou por duas ou três atividades e nós, a geração Y e Z, somamos diferentes experiências, díspares entre si, numa necessidade constante de reinvenção, realização e sobrevivência”, diz João Carlos Soares.
A ideia de negócio surgiu por acaso e, asseguram, veio “preencher um espaço vazio na restauração” da cidade. “Inicialmente não fomos muito crentes… ultracongelar uma açorda de gambas ou um cozido de grão faria sentido? Ultrapassariam os bejenses o estigma da comida congelada? Entenderiam o conceito? Certo é que os maridos jantam sempre, apesar das dietas das esposas e do nariz torcido das crianças. Talvez fizesse, de facto, sentido ter diferentes embalagens no congelador, prontas a serem consumidas em qualquer ocasião”, brinca João Soares.
Era preciso arriscar. E assim fizeram. Arrendaram um espaço, investiram em arcas congeladoras, num abatedor de temperatura e criaram uma ementa com 50 pratos. As doses rondam os 300 gramas e as opções vão desde pratos tradicionais como o cozido de grão ou o cozido à portuguesa, favas com entrecosto ou açorda de gambas, arroz de pato ou borrego à pastora, às opções mais simples como caril de frango, ‘fusilli’ à carbonara, lombo assado no forno, bacalhau com natas ou espiritual, passando pelas variedades vegetarianas como a feijoada de cogumelos, sopas de beldroegas com ovo e queijo fresco ou grão à indiana. Mas também há sopas, acompanhamentos diversos e sobremesas.
Asseguram os empreendedores que a frescura dos produtos é “uma garantia” e o processo de ultracongelação “bastante seguro”. Assim, “depois de descongelar e aquecer, o prato apresenta-se como se tivesse sido acabado de confecionar. As refeições são embaladas na loja sofrendo, posteriormente, com recurso ao abatedor de temperatura, o processo de ultracongelação. Este equipamento permite preservar a qualidade dos alimentos, garantindo que todas as suas propriedades se mantêm inalteradas”, refere João Soares. “O maior problema com que nos deparámos foi, precisamente, descobrir a forma ideal de ultracongelar produtos muitos diferentes. Uma açorda de gambas, por exemplo, não assume um processo idêntico ao de uma massada de peixe. Foram sete meses de experiências antes de podermos abrir portas”.
LOJAS EM BEJA E LISBOA