Diário do Alentejo

À Mesa: O Alentejano em Serpa, senhor de bom estatuto

29 de outubro 2020 - 11:45

Texto António Catarino

 

O Alentejo, região de tradições ancestrais, mantém o singular encanto das povoações e das casas de cor quase única, o tradicional branco, que reflete de modo admirável uma luminosidade ímpar. Em qualquer época do ano, a inimitável beleza do território convida a uma visita, que nos pode levar à margem esquerda do Guadiana e a Serpa, a cidade branca de cintura amuralhada e do refrescante aqueduto de 19 arcos, abastecedor de água do palácio setecentista dos marqueses de Ficalho, no topo da colina que domina a planície.

 

Rica pelo passado histórico, Serpa cativa quem a visita pelo emaranhado de asseadas ruas estreitas, que conduzem ao magnífico Museu do Relógio, um espaço único onde todo o tempo é pouco para apreciar máquinas fantásticas e coleções que espevitam a memória. Imperdível!

 

Ali bem perto, na central praça da República, onde se destaca do edifício da Câmara Municipal, o restaurante O Alentejano, no piso superior do café, garante reconforto estomacal, pois os bons ares destas paragens abrem – e de que maneira – o apetite.

 

A sala do restaurante, com decoração sóbria, marcada pela rusticidade de motivos regionais, é confortável e espaçosa. A ementa tem como base a criativa cozinha regional, numa ode à excelência dos produtos locais. Espargos bravos com ovos pode ser excelente início de refeição, a abrir caminho à bem confecionada e sápida sopa de cação, merecedora de boa nota.

 

Após começo tão prometedor, as escolhas passam pelos lombinhos de porco preto ou pelos pezinhos de coentrada, escolha acertada para quem apreciar um dos pratos mais típicos da gastronomia alentejana. Que inclui ainda o ensopado de borrego, as tradicionais migas e o cozido de grão, mais calóricos quando a temperatura desce. No polo oposto, em tempo de canícula, o refrescante gaspacho sabe muito bem.

 

O arroz de perdiz, um dos pratos de referência da casa, justifica o epíteto, mas outras opções – secretos e plumas de porco preto – alargam a lista deste restaurante que é um clássico, deixando perceber que, na cozinha, o labor culinário é consistente.

 

Para culminar uma boa refeição, nada melhor que o inimitável queijo de Serpa, outra das maravilhas alentejanas, acompanhado por um bom vinho – a garrafeira é pródiga em referências regionais – ou, em alternativa, a irresistível trilogia regional: encharcada, sericaia ou pão de rala, para um doce final.

 

Este é O Alentejano de cozinha sóbria e consistente, atributos que fazem dele uma recomendável referência em Serpa.

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