Diário do Alentejo

À Mesa com António Catarino: A Regata de Alpalhão

15 de outubro 2020 - 10:15

Em plena época de caça, o Alentejo mantém o encanto da boa mesa, consolidada que está a gastronomia como marca forte da identidade regional. A cozinha, feita de muito engenho quando faltava quase tudo nos típicos montes perdidos no campo, passou de geração em geração. O legado não se perdeu; aqui e ali, o receituário foi recriado e a comida típica alentejana é hoje um saboroso cartaz da região.

 

Em Alpalhão, a caminho de Nisa, rumo a norte, pela Estrada Nacional 18 que atravessa a localidade, o largo frondoso fica para trás e, do lado direito, num prédio recuado, o restaurante A Regata justifica uma pausa na viagem.

 

Este restaurante, com uma sala ampla, chão em tijoleira e uma lareira aconchegante, é conhecido pela boa mesa pelos apreciadores da cozinha regional. Razões para tal não faltam: se as entradas são entremeada frita, com linguiça, farinheira e cacholeira ou um queijo de Nisa, o que poderá seguir-se?

 

Tanto pode ser sopa de sarapatel, adotada e desenvolvida pela comunidade judia de Castelo de Vide, ou a de cação, ou ainda uma muito saborosa canja de pombo bravo. A açorda de bacalhau com coentros também abrilhanta a ementa, a par do achigã grelhado; mas a especialidade é o arroz de cachola, uma cabidela com sangue e miúdos do porco, acompanhados com carne do reco frita. O ensopado de borrego e as migas reforçam a essência alentejana da cozinha caseira, bem temperada com sabores que deliciam o palato.

 

Por ali, nesta época, não faltam o arroz de lebre e a perdiz estufada. Outras opções, mais banais, mas nem por isso menos saborosas, dada a qualidade da carne, são a grelhada mista, abrilhantada pelo trio bochechas, plumas e secretos; o bife na pedra e a curiosa picanha da região.

 

À semana, a lista contempla outras sugestões, vulgo prato do dia: o cozido à portuguesa é uma das opções mais apreciadas. Coelho assado no forno, truta grelhada ou peixe-espada são outras alternativas.

 

As sobremesas não podiam deixar de ser um hino à excelência da doçaria alentejana: sopa dourada e sericaia com ameixa de Elvas. Alternativa: queijo de Nisa. Boa garrafeira, com justificada predominância dos vinhos alentejanos. O serviço familiar, atencioso, também contribui para manter A Regata em ritmo de cruzeiro.

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