Diário do Alentejo

Celso Graciano: Atleta

17 de janeiro 2020 - 09:45

“Quando comecei a correr teria, para aí, uns 10 ou 12 anos. Comecei nos corta-matos escolares. Nessa altura, o Carlos André descobriu-me, projetou-me para o atletismo e eu nunca mais quis saber de outro tipo de desporto que não seja esta modalidade. Tive bons treinadores, além de Carlos André, também António Casaca, Carlos Freitas e, atualmente, tenho um belíssimo treinador, que é o meu colega de equipa no Beja Atlético Clube Carlos Papacinza”.

 

Texto e foto Firmino Paixão

 

Esteve em evidência no final do ano de 2019. Venceu duas das provas do Circuito TVI Running Wonders. Primeiro, a Corrida Monumental, em finais de novembro, em Évora; dias depois, já em dezembro, ganhou a Corrida da Dieta Mediterrânica, na cidade de Portimão. Foram duas das seis provas de 10 000 metros organizadas (e bem participadas) um pouco por todo o País pela Global Sport e transmitidas em direto pela TVI.

 

Duas vitórias que terão dado maior projeção ao atleta bejense. “Fiquei muito feliz, porque quando treinamos bem e nos dedicamos gostamos de ver resultados e, felizmente, foi isso que aconteceu. Foram duas vitórias importantes, um bocadinho suadas, mas, no final, pude festejar”, assume Celso Graciano, nascido há 30 anos na cidade de Beja, justificando a sua ausência das restantes provas porque se disputaram no norte do País onde, por razões profissionais, não se podia deslocar.

 

Num caso, como noutro, o fundista conseguiu uma marca à volta dos 33 minutos. “Ultimamente tem sido assim, e não é nada mau. Hoje em dia os 33 minutos aos 10 quilómetros são uma marca muito interessante, mas é possível baixar e neste ano quero muito consegui-lo. O meu recorde pessoal é de 31’14, vou trabalhar para me reaproximar dessa marca ou mesmo superá-la”.

 

Os momentos de maior glória de Celso Graciano aconteceram na época 2016/2017. “Quando consegui um pódio nacional no Meeting Vítor Tavares, em Faro, em que fiz 31’ aos 10 000 metros, e quando bati o meu recorde aos 3000 metros, com 8’51. Considero que esses foram os momentos mais altos da minha carreira”. E lembra: “Mais tarde tive uma lesão no joelho, fiz uma intervenção cirúrgica e tenho vindo, aos poucos, a recuperar a minha condição física”.

 

“Todas as vitórias são importantes na carreira de um desportista”, ainda mais, realça Celso Graciano, “quando são transmitidas pela televisão e chegam a tantos milhares de espectadores, é mais motivador para os atletas e dá maior retorno aos seus patrocinadores”.

 

Apesar de ter sido convidado por outros clubes, e dá o exemplo do Belenenses e do Run Tejo, o atleta bejense privilegia a sua continuidade no Beja Atlético Clube. “Somos uma grande equipa, uma grande família, quando vestimos a camisola deste clube, que é um símbolo da cidade e da região, não é fácil despi-la. Somos uma equipa muito unida e a amizade tem um peso muito importante”. E recorda: “No último ano, coletivamente, ganhámos tudo o que havia para ganhar em termos regionais, e eu fui segundo classificado no Corta-mato do Alentejo. Considero que foi um ano positivo, também para mim”. Superar os seus recordes pessoais e manter os bons níveis competitivos são os objetivos para este novo ano.

 

Outra das facetas de Celso Graciano é a música. “Sempre gostei de bailaricos, desde moço pequeno que os frequento. Nunca tive qualquer formação musical, tudo o que sei aprendi ‘de ouvido’. Comecei a tocar num teclado comprado numa loja chinesa, depois, aos poucos, fui adquirindo e valorizando o meu equipamento, novos teclados, colunas, luzes, e hoje já faço uns brilharetes”, confessa, referindo-se à sua atividade como músico que, nos últimos três anos, lhe tem ocupado quase todos os fins de semana e, inúmeras vezes, a ter que correr após uma noite sem dormir. “E parece que é quando faço as melhores provas”.

 

O mérito de Celso Graciano não se esgota na corrida, nem na música. É profissional de pastelaria: “Há 13 anos que trabalho no Luiz da Rocha. Fui para lá com 17 anos, como aprendiz, o que fazia era carregar os bolos da fábrica para a pastelaria, depois apareceu uma oportunidade para subir de posto e hoje, graças a Deus, já sei fazer quase tudo o que se faz naquela casa”.

 

Concluído o triângulo entre atletismo, música e pastelaria, qual será o ângulo que está entre as “7 Maravilhas” de Celso Graciano? “São as três coisas, são as três maravilhas da minha vida”, responde, de pronto.

 

A infância não foi fácil, depreende-se pela idade com que começou a estruturar a vida pessoal, mas, diz: “As dificuldades fazem parte do passado, a vida está orientada, faço o que gosto e estou feliz, embora considere que foram boas aprendizagens para a vida e que não as devo esquecer. Tenho tantas recordações da minha infância, mas fica tudo em segredo, o importante é que em tudo o que faço tento sempre ser hoje melhor do que fui ontem”.

 

Prefere o porquinho doce, em vez das trouxas-de-ovos, gosta mais de correr em estrada do que em corta-mato e o tango fascina-o mais do que uma valsa. Vá de música, Celso, que a meta está à vista e a massa está no ponto…

Comentários