Diário do Alentejo

Culturista Vera Costa premiada em provas internacionais

07 de junho 2019 - 09:40

“Sempre fiz aquilo de que gosto e luto sempre por isso. No culturismo foi mais fácil, porque sempre fiz musculação, no futebol fui sempre forte, possante, sempre tive essas características. Fui educada sempre a fazer ginásio, o meu pai fazia e eu ia com ele, gosto de treinar, adoro competir, porque é assim que me sinto viva e agora, como já não posso jogar futebol e gosto de treinar, decidi experimentar esta nova modalidade”.

Texto Firmino PaixãoFoto DoMotus ProGlobal

 

Vera Costa nasceu em abril de 1984 em Aljustrel, vila mineira, terra viva, cheia de convicções, e é essa força interior, essa determinação, que a tem acompanhado ao longo destes 35 anos de vida. Praticou vários desportos, revelou-se no futebol, tornou-se personal trainer e derivou para o culturismo. Quer ser um exemplo de que tudo é possível, quando temos carácter e determinação para traçarmos metas e construirmos sonhos.

“No passado, fiz ballet, obrigada pela minha mãe, claro, pratiquei basquetebol, joguei hóquei em patins, voleibol e futebol, estive sempre ligada ao desporto, mas a verdadeira paixão foi sempre o futebol”, lembrou a atleta, que esteve recentemente em duas importantes competições de culturismo, onde conquistou uma medalha de bronze: o Campeonato de Culturismo e Fitness da IFBB Portugal, em Matosinhos, e a Spring Cup da Wabba, no Casino Estoril.

Vera Costa, que foi uma futebolista dotada, recorda: “Comecei a jogar futebol no Sporting Ferreirense, fui para o Bairro da Conceição, ainda estive no Beira Mar de Almada, em Setúbal, em Aveiro e em Alvalade, depois fiz uma equipa minha, que representava o Aljustrelense, onde terminei a carreira, após conquistar cinco títulos nacionais”.

Internacional sub/18 e sub/19, não se esquivou a uma autoavaliação: “Diziam-me que era uma boa jogadora, uma jogadora que desequilibrava, acho que era por levar o futebol muito a sério, treinava fora de horas, foi uma paixão que eu tive desde os cinco anos, quando comecei a jogar com os rapazes”.

Vestir a camisola das quinas foi sempre um sonho da atleta: “Consegui atingir essa meta trabalhando muito e ouvindo muitas críticas porque, há 30 anos, uma rapariga a jogar futebol era qualquer coisa inimaginável, uma filha de pais separados, seria lésbica, seria isto, seria aquilo. Eu e a minha mãe tivemos de superar tudo isso. Naquela altura não era fácil, eu queria era jogar, mas havia poucos clubes”.

Lutando contra preconceitos, mas vencendo obstáculos e sendo feliz, licenciou-se na Escola Superior de Educação, em Beja, e hoje tem o seu próprio ginásio, o Clube de Treino de Vidigueira. “Sempre quis construir uma coisa minha, então surgiu esta oportunidade de mudança. Vim para a Vidigueira e criei aqui o Clube de Treino. Estou feliz, bastante satisfeita de estar a construir um projeto que é meu, adaptado às minhas características e ajudando as pessoas, que é o mais importante. Não basta fazermos desporto, temos de mostrar às pessoas que através dele podemos ser solidários incentivando as pessoas para a prática desportiva. O desporto encerra muitos valores”.

A novidade na carreira de Vera Costa foi a opção pelo culturismo, modalidade que define assim: “O culturismo é disciplina, adquirir força mental para treinarmos sozinhos, querermos muito atingir os nossos objetivos, termos uma alimentação específica. O momento do treino é um momento só para mim, sinto-me bem, sou eu própria, estou ali e sinto-me viva”. Por isso, e aconselhada pelo seu preparador, Luís Postiga, decidiu competir, mas antes, diz, falou com o marido. “Ele é que foi a minha base e eu teria de falar com ele. Ele é que me maquilhou, eu nunca tinha andado de sapatos altos, nunca me tinha pintado, com 35 anos. Sou muito desportiva, mas ele foi o meu pilar, tirou férias, foi comigo, se não fosse assim eu não conseguiria. Um homem expor assim a própria mulher não é fácil, tem de ter uma grande bagagem, ele é que me inspirou”.

Não obstante a conquista da medalha nesta sua etapa de estreia, Vera assegura: “O meu objetivo não são os títulos. O meu objetivo é mostrar-me às pessoas que me rodeiam, porque tenho que ser um exemplo para as pessoas que estão comigo, mostrar que só conseguimos atingir metas com muito trabalho e muita dedicação. Quando peço a alguém para fazer isto, ou aquilo, devo mostrar que sei fazer. Não quero títulos, quero ser um exemplo, um incentivo para motivar as pessoas que treinam comigo”.

Com o pensamento e a determinação de melhorar as suas performances em futuras competições, Vera sublinha: “Não importa termos um corpo bonito ou feio, importa sermos saudáveis e sentirmo-nos com energia. Não existem comprimidos milagrosos, existe vontade e disciplina para termos hábitos de vida saudável. Somos nós que temos de decidir o que queremos”.

Uma vida cheia de desporto, aquele por que nutre a maior paixão e que hoje só pratica na praia, mas um percurso de vida pleno de desafios: “Não me vejo de outra forma que não seja no desporto, desde que me lembro de ser pessoa que me vejo ligada ao desporto, sempre com energia, com dinâmica para ajudar o próximo a ter uma vida melhor”.

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