“Não sei se isto já saiu lá para fora, mas vou dizer-lhe que queremos ser campeões”. Uma revelação de João Paulo Andrade, atual treinador do Futebol Clube Castrense, que não esconde a ambição do seu grupo de trabalho em alcançar o título que, nas últimas épocas, lhe tem escapado.
Texto Firmino Paixão
João Paulo Andrade, um leiriense, de 44 anos, que o “coração” trouxe para o Alentejo, região que já adotou como sua, jogou cinco épocas como pilar da defesa do Castrense. No seu percurso desportivo, vestiu camisolas como as do União de Leiria, Sporting Clube de Portugal, Futebol Clube do Porto e Vitória Sport Clube, entre outras, com experiências em clubes cipriotas e um título regional conquistado no Marinhense. Senta-se, nesta época, no banco da formação de Castro Verde, tendo ganho o jogo de estreia, frente ao Quarteirense (Taça de Portugal). Assume a ambição de ser campeão, com um discurso bastante realista.
Quando vestiu camisolas como as do União de Leiria, Porto, Sporting, estaria longe de pensar que um dia seria treinador do Castrense?
Sem dúvida. Mas a vida é mesmo assim. Eu casei em Castro Verde, a minha esposa é daqui, e o que eu posso dizer é que existem estrelinhas boas. Fora da vida do futebol, eu digo sempre que gosto muito do Alentejo. Habituei-me a esta região, as pessoas receberam-me muito bem e eu sou muito feliz aqui. Sempre tive o bichinho do futebol e, para mim, tanto faz jogar a nível nacional ou distrital. Eu quero é ser feliz. Sempre fui feliz a jogar futebol e fi-lo até que consegui, pois, infelizmente, apareceram algumas dores. Eu queria [continuar] mas via que o corpo já não estava a reagir e, como sempre disse que não me arrastaria, decidi sair.
Portanto, foi o coração que o direcionou para a grande região alentejana?
Sim, sou muito feliz aqui, vou muitas vezes a Leiria, a minha terra natal, ou a Lisboa, mas a maioria do tempo é passada no Alentejo a ajudar o meu sogro. Comprei aqui casa há uns meses, por isso, revejo-me muito bem neste povo, nesta vila, e gosto muito de estar no Alentejo.
Jogou cinco épocas no Futebol Clube Castrense. Foi com naturalidade que aceitou o convite para treinar a equipa?
Sinceramente, não era um objetivo que eu tivesse, terminar a carreira e ser treinador. Mas, em casa, a minha esposa, como foi sempre muito habituada a este ambiente do futebol, começou a falar comigo, a incentivar-me a pensar nisso, até porque eu já tinha o curso. E depois, falando com amigos, falando com potenciais adjuntos, obviamente que, depois de receber o convite, ponderei e acabei por aceitar. É um novo desafio, mas sou sincero, sentia-me bem era dentro das quatro linhas. Era um apaixonado pelo treino e pelo jogo e, agora que estou a dar o treino, só penso que queria mesmo era estar a correr com a bola. Terminei a carreira de jogador há um ano e pouco, quando passar mais algum tempo poderá já não ser bem assim, mas agora, como estou deste lado, continuarei a dar o meu máximo, como fazia quando era jogador.
O Castrense pode ser uma ponte para um projeto ainda mais ambicioso e noutro patamar?
Obviamente que ainda não pensei nisso. É muito cedo. Esta será a minha primeira época oficial como treinador, mas como me meti nesta situação só posso é ambicionar em chegar o mais longe possível, mas isso não sou só eu que penso, pensam todos os treinadores que andam nisto.
O Castrense vai jogar para o título?
Esse foi sempre um dos objetivos desde que aqui cheguei como jogador. Acho que equipas como o Castrense, o Moura, o Mineiro, são sempre candidatos ao título e nós não fugimos à regra. Este ano tentaremos atingir esse objetivo, sabendo, de antemão, que outras equipas apostaram com a mesma ideia.
Mas está na hora de o clube regressar aos palcos nacionais, algo que nas últimas épocas lhe escapou por pouco?
Claro. A vila merece e o clube só por si, com a estrutura que possui, merece estar num patamar mais acima. Tem todas as condições para que isso aconteça. Tem feito um esforço enorme e, este ano, repete-o, para atingir esse objetivo, sabendo que não bastará apenas dizer que somos candidatos à subida, mas teremos de trabalhar muito para isso.
Como não conseguiu festejar um título com esta camisola, enquanto jogador, desejará muito que isso aconteça enquanto treinador?
Sim. Não termos conseguido o título foi uma das coisas que me deixou triste nessa passagem como jogador do Castrense. Conquistámos taças, mas foi pena não termos ganho o campeonato. As equipas estão muito bem apetrechadas. Não é fácil ser campeão aqui. Os clubes têm bons treinadores e jogadores com muita qualidade, por isso, a luta pelo título, este ano, voltará a ser muito intensa até ao final.
O plantel manteve a estrutura base da última época e reforçou-se com goleadores. Será uma equipa com forte pendor ofensivo…
Fomos buscar jogadores que pensávamos que a equipa precisava. A direção fez um esforço para que as coisas acontecessem. Foi importante termos ficado com a base da época passada, porque os jogadores já se conhecem, jogam há alguns anos juntos e isso é bom para um plantel que procura objetivos ambiciosos. Quero ter princípios de jogo ofensivos, o Omar e o Jorge Raposo são jogadores que podem criar desequilíbrios e, dentro da área, podem ser matadores, por isso, tentámos ao máximo que o clube acordasse com eles. Felizmente correu bem. Ainda temos outro jogador que irá dar que falar, o Clayton, que também veio do Mineiro, esteve lesionado mas irá ajudar-nos muito. O João Caçoila também será uma peça fundamental na equipa, porque é um trabalhador nato, adoro a forma como ele treina e se entrega ao jogo, o Afonso Mira esteve uma época parado, mas tem-nos dado uma excelente resposta. Temos um plantel muito homogéneo, com boas opções. Foi um trabalho muito bom por parte da estrutura.
O campeonato começará com um clássico na vila de Aljustrel, o Mineiro receberá o Castrense. Será logo um bom teste para ambos?
O jogo teria de acontecer. Ser na primeira ou na última jornada é igual. Não decidirá nada. São duas boas equipas que têm metas ambiciosas, mas, sobretudo, espero que seja um bom espetáculo. Se o Castrense ganhar não será já campeão, se vencer o Mineiro também será igual. Nada se decidirá neste jogo.