O Clube Atlético Aldenovense completou, há poucos dias, 78 anos de existência. Um emblema histórico do futebol regional que está a reerguer-se, beneficiando as suas infraestruturas e valorizando a componente desportiva, de novo, sob o comando do técnico José Manuel Romaneiro. A conquista do título, por agora, ainda não é um objetivo.
Texto e Foto | Firmino Paixão
“A época passada foi muito positiva, embora tenhamos tido um percalço na parte final do campeonato, mas nada que abalasse a confiança que nós tínhamos na equipa, como a direção tinha na equipa técnica, tanto que mantivemos no grupo quem quis continuar connosco. Quando existe esta sintonia entre a direção e a equipa técnica, o rumo tem tudo para dar certo”, admitiu o técnico José Manuel Romaneiro, um alvitense com provas dadas no futebol regional que, na última época, operou este ressurgimento do Aldenovense, projetando-o para patamares mais condicentes com o seu palmarés.
No último campeonato conseguiram o sexto lugar, com a particularidade de o Aldenovense ter sido aa única equipa que o campeão distrital não conseguiu vencer…A nossa equipa, na época passada, estava mais talhada para os jogos ditos grandes. Se avaliarmos bem o campeonato, as nossas derrotas e as maiores dificuldades que sentimos foram com equipas classificadas nos últimos quatro ou cinco lugares. Na segunda volta perdemos em Cuba, perdemos pontos com o Despertar, não ganhámos ao Messejanense. Se contabilizarmos esses pontos perdidos, se calhar, este ano teríamos conseguido a qualificação para a Taça de Portugal.
Quer identificar as metas que perseguem na época que já se adivinha?O nosso foco para a próxima época é muito claro. Queremos continuar a melhorar as condições do clube. Temos vindo a realizar um bom trabalho em conjunto com a direção do clube. O presidente dotou o clube de boas infraestruturas, boas condições de trabalho e treino para os atletas. É um dirigente que está sempre aberto a valorizar o clube e nós também nos enquadramos nessa visão. No ano passado dissemos que queríamos melhorar a classificação do ano anterior, este ano houve uma conversa, muito clara, entre a estrutura técnica e diretiva e os atletas para melhorarmos os índices estatísticos da última época. Fazermos mais pontos, sofrer menos golos e marcarmos mais. Acreditamos que esse é o nosso caminho. O Aldenovense não tem a capacidade financeira e estrutural de clubes como o Aljustrelense, o Castrense ou o Moura. Na minha opinião, estes são os principais candidatos. Nós só temos que ter os pés bem assentes na terra, trabalhando com os recursos que possuímos, mas elevando o clube para patamares superiores. Mais tarde, sim, haverá uma altura em que podemos ambicionar qualquer coisa.
Então, o Aldenovense ainda não será candidato ao título, é isso?Acho que será um campeonato muito interessante. Estou a ver equipas muito bem estruturadas, com qualidade e bons atletas. Tirando aqueles que considero os três maiores candidatos, destaco o Milfontes, que manteve a base, o Renascente, que veio buscar o treinador Miguel Silva, o Ferreirense, o Almodôvar, com uma equipa completamente nova, o Odemirense, que é um histórico do nosso futebol, o próprio Albernoa que, pelo que conheço do seu treinador, não irá lá para brincar. Depois temos o nosso Atlético Aldenovense cujo plantel tentámos melhorar, porque tínhamos algumas lacunas. Procurámos fazer um projeto diferente. No ano passado tivemos dificuldade de recrutamento ao nível local mas, este ano, dadas as condições que o clube está a proporcionar aos atletas, ao nível de treino e transportes, tivemos mais facilidade em recrutar jogadores da zona.
Uma boa carreira na próxima Taça Distrito de Beja poderá resultar numa hipotética qualificação para a Taça de Portugal?Seria interessante, Podemos até sonhar. Mas toda a gente estará de acordo que os históricos que já referi têm plantéis muito fortes. São clubes com muita tradição no futebol distrital, entram nas competições regionais sempre para as vencerem. Nós tentaremos fazer o nosso melhor, tal e qual dirão os responsáveis pelos outros clubes. A nossa política é essa. No ano passado passámos duas eliminatórias da Taça Distrito. O objetivo, este ano, será tentarmos passar mais uma. E já estaremos a melhorar. No campeonato fizemos 38 pontos, se este ano fizermos 39 já continuamos a melhorar. Este é o caminho. Se melhorarmos todos os anos, os objetivos de chegarmos um bocadinho mais acima hão de concretizar-se.
O plantel terá mais qualidade, mais soluções para as diferentes posições?Sim. Construímos um plantel mais curto que o da época anterior. Contratámos mais jogadores locais, na época passada tínhamos falado com vários jogadores que não quiseram vir para o Aldenovense. No presente, com o trabalho que tem sido feito, já temos um clube mais atrativo para o jogador alentejano, nomeadamente, da terra e dos concelhos vizinhos. Não direi que temos um plantel melhor, nem pior, direi que tem características diferentes, o que nos obrigará a mudar princípios de jogo e novas dinâmicas, para potenciarmos os reforços que fomos buscar. Temos uma frente de ataque mais rápida. Na época passada era mais posicional, faltava-nos alguma objetividade em certos momentos e faltava-nos imprevisibilidade no último terço. Foi isso que tentámos corrigir. Perdemos jogos porque nos faltou alguma magia.
O José Manuel atravessa quase o distrito para vir treinar o Aldenovense. Já sente “orgulho de ser aldeano”?Claro que sim. Temos a intenção de puxar pelas pessoas da terra. O Aldenovense é um clube histórico. Infelizmente passou dois ou três anos na segunda divisão distrital mas, aos poucos, vai reerguendo-se, e nós acreditamos que, puxando pelas pessoas que sentem o clube, será mais fácil o crescimento do Aldenovense. As direções, os treinadores e os jogadores vão e vêm, passam apenas por aqui, mas o clube fica e o Aldenovense merece ter um futuro mais promissor.