Diário do Alentejo

Rogério Ricardo não se recandidatará à presidência da Associação Columbófila do Distrito de Beja

20 de julho 2025 - 08:00
“Tiraram-me o tapete”
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

“Não saio desiludido com a columbofilia. Saio, isso sim, desiludido comigo mesmo, porque acho que poderia ter feito melhor. A minha saída é uma decisão que está tomada”, garantiu Rogério Ricardo, atual presidente da direção da Associação Columbófila do Distrito de Beja.

 

Texto Firmino Paixão

 

A campanha columbófila distrital terminou recentemente e a nota de maior destaque é a assunção de responsabilidade do líder associativo, Rogério Ricardo, por ter sido realizada uma solta de pombos desde Alcaniz (Espanha) num dia em que as condições meteorológicas acabaram por se revelar fortemente adversas para o normal voo das aves. As eleições para os novos órgãos sociais realizam-se em outubro, mas Rogério Ricardo não será candidato.

 

O universo columbófilo do distrito ficou, globalmente, satisfeita pela forma como correu a última campanha desportiva?

Esta temporada foi muito diferente da anterior. No ano passado foi tudo muito complexo ao nível meteorológico e, neste ano, apenas tivemos uma prova que correu mal, que foi o “Alcaniz II”. Tudo apontava para que fosse uma prova normal, entretanto, nessa prova, foi-me tirado o tapete. Foi num dia de semana. No sábado anterior era para ter acontecido a prova nacional desde Valência. Entretanto, a federação cancelou aquela prova devido à existência de poeiras na atmosfera e deixou ao critério das associações a normalização dos seus calendários.

 

E então? O que decidiu a associação bejense?

Reunimo-nos e decidimos antecipar a segunda prova de fundo, desde Alcaniz, porque havia a previsão de redução de 10 graus na temperatura. Mas as previsões não apontavam para uma tempestade que acabou por acontecer. Fomos apanhados de surpresa. Senti que as coisas não iam correr bem e aconteceram algumas situações anormais que me fugiram do controlo. Mas assumi a responsabilidade. No segundo dia, a prova fechou por tempos e não por percentagem de pombos, o que me levou a tomar a decisão de não me candidatar a um próximo mandato. Nunca tive intenção de prejudicar os columbófilos, nem os pombos, mas a prova correu realmente muito mal.

 

Uma tempestade que resultou numa perda elevada de aves?

Exatamente. Ocorreram duas situações. Havia uma tempestade mais ou menos fixa, ainda tentei desviar o trajeto do carro mas não foi suficiente, por outro lado, estava uma frente de chuva e granizo. Depois, ocorreu outra situação que ninguém estava à espera, uma tempestade solar que afetou a capacidade de orientação dos pombos. Foi uma prova muito difícil para os pombos e para todos nós, columbófilos. Nunca esperei uma coisa destas.

 

A federação cancelou a prova de Valência e também a Clássica de Barcelona?

Sim, foram canceladas essas provas nacionais devido às elevadas temperaturas que, nessa altura, se registavam. Tínhamos um pouco mais de uma centena de pombos inscritos para Barcelona. Não seria uma grande prova, mas os columbófilos gostam sempre de enviar pombos a essas provas, porque sempre mexem a nível nacional.

 

O calendário regional tem mantido o figurino habitual, sete provas de cada especialidade, alterando apenas as linhas de voo…

No primeiro ano mexemos nas linhas de voo na tentativa de equilibramos o distrito. Pensávamos nós que as coisas funcionariam melhor. Mexemos nas disciplinas de velocidade e no fundo, uma linha acima, uma a meio e outra mais abaixo, para equilibrar o distrito em termos de distâncias. Isso foi conseguido. Só que existe um fator que nós não conseguimos dominar, que é o vento. O vento prejudica sempre os concorrentes que estão mais a norte e beneficia os que estão no sul. Mas não conseguimos controlar isso. Quando me candidatei, prometi que o segundo calendário de provas seria elaborado a favor da maioria dos columbófilos. O que essa maioria decidisse seria cumprido. Fizemos isso neste ano e não se perdeu tanto pombo. Correu muito melhor.

 

Os resultados finais não surpreenderam. Os columbófilos José Manuel Lampreia, Paulo Bárbara e Rui Vila Alva tiveram alguma supremacia?

Foram os columbófilos mais regulares no distrito. Temos muitos bons columbófilos mas, por vezes, as coisas não correm como desejamos. Também surgiu uma nova colónia em Aldeia dos Fernandes, as Sondagens Possidónio, com columbófilos novos que estão a aparecer com muita força. Os campeões habituais, provavelmente, trabalharão mais e melhor do que os outros, terão também melhores pombos. Mas, aqui e além, vai surgindo gente nova. Mas os campeões são sempre os campões.

 

Será ainda cedo para se falar nas exposições distrital e nacional?

A exposição distrital já será organizada pela próxima direção da Associação Columbófila do Distrito de Beja e depois acontecerá a exposição nacional. No ano passado, primeiro ano do mandato desta direção, aconteceu uma coisa que eu já não via há alguns anos, conseguimos dois títulos nacionais para a associação, um em fundo e outro em yearlings, coisa que já há alguns anos não conseguíamos.

 

As eleições dos novos órgãos sociais já estão marcadas?

Ainda não. Faremos primeiro a entrega dos prémios distritais, coisa que o meu antecessor não fez, porque me deixou muito trabalho para realizar e muitas despesas, coisa que eu não irei fazer. Deixarei a associação sem esses encargos e entregarei os prémios da campanha desportiva, como habitualmente.

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