A Associação de Futebol de Beja (AFBeja) concluiu o 29.º Torneio Lopes da Silva na décima primeira posição, entre as 22 seleções sub/14 que competiram, em finais de junho, em diversos palcos do distrito de Coimbra. O conjunto bejense voltou a competir na Liga de Ouro.
Texto | Firmino PaixãoFotos | AFBeja
Foram seis jogos, três vitórias (sobre Castelo Branco, Angra do Heroísmo e Vila Real) e três derrotas (com Braga, Leiria e Viseu), um percurso que permitiu à representação do distrito de Beja a conquista do quinto lugar na Liga de Ouro. No balanço à participação da equipa neste torneio interassociações, Nelson Teixeira, o selecionador do conjunto sul-alentejano, referiu: “Foi uma prestação dentro daquilo que esperávamos. Acho que atingimos os nossos objetivos. A nossa primeira meta era continuar na Liga de Ouro”.
Dessa maneira, o técnico admitiu: “Estou contente com a prestação e com o comportamento dos atletas. Julgo que deixámos uma boa imagem junto das pessoas que acompanharam o torneio. Os nossos atletas foram inexcedíveis como, aliás, esperávamos, e acabou por acontecer”.
O conjunto do distrito de Beja entrou na prova com duas vitórias. Sofreu uma derrota pesada com Braga – os “arsenalistas” acabaram por ser uma das equipas que discutiu a vitória no torneio –, mas a equipa da AFBeja foi uma das melhores seleções do interior do País, algo que deve ser encarado com algum otimismo, admitiu Nelson Teixeira.
“Não só pelo resultado deste torneio, mas também pelos resultados dos últimos seis anos, em que conseguimos ficar sempre na metade de cima da classificação, algumas vezes, inclusivamente, à frente de seleções que têm uma realidade completamente diferente da nossa”. E justificou: “Temos passado uma imagem muito positiva do que se faz neste distrito, conseguindo ficar acima de Évora, Portalegre, Castelo Branco e Guarda. A nossa realidade é diferente de outras com quem vamos competir, embora não nos devamos agarrar a isso. Temos de trabalhar com o que temos, com ambição e vontade, para chegarmos ao final, conseguindo o objetivo de terminarmos na metade de cima da tabela”. Uma leitura, mesmo superficial, dos resultados, acentua a realidade de que as seleções do litoral têm supremacia sobre as do interior. É inevitável, têm mais recursos e um maior universo de recrutamento. Por isso, sublinhou o selecionador: “O que procuramos fazer é que os atletas do nosso distrito sejam reconhecidos pela sua ambição, pela sua vontade, pelo seu crer. A classificação será sempre o resultado desses pressupostos. Nós perdemos 4-0 com Braga, mas ao intervalo o jogo estava empatado a zero. Sofremos o quarto golo nos descontos.
Vencemos três jogos sem sofrermos golos. Com Leiria entrámos a vencer, com Viseu sofremos o golo, de bola parada, a meio da segunda parte depois de termos desperdiçado oportunidades de marcar. Para muitas pessoas pode não querer dizer nada, mas eu fico orgulhoso, porque reconheço as dificuldades que temos, com uma base de recrutamento menor do que os outros. Agora, esta é a nossa realidade. Temos pouco, temos de trabalhar mais intensamente. Temos de potenciar os valores que temos, para que consigam estar à altura dos outros”.
Terminada esta edição 2025 do “Lopes da Silva”, urge olhar para o futuro, preparar um novo ciclo. Nelson Teixeira revelou: “Temos vindo a trabalhar em ciclos de três anos. Por exemplo, neste ano iniciámos o ciclo com a geração de 2013, já vamos no segundo ano de trabalho com a geração de 2012, o lote de jogadores que no próximo ano participará no Torneio Lopes da Silva, ou seja, será o terceiro ano neste ciclo de trabalho de preparação das seleções”. Porém, porque a própria Associação de Futebol de Beja também vive um novo tempo, o selecionador sabe: “O novo executivo é que decidirá o que pretende para o futuro e como é que o pretende. Para nós, o trabalho não está finalizado, porque esta geração que esteve neste torneio terminou a sua prestação, mas já andamos a trabalhar com duas gerações atrás. Uma coisa, eu sei: o trabalho fica feito. Os atletas estão identificados, a máquina está a andar, para continuar este percurso, connosco, ou com outras pessoas, que venham com outras ideias, há uma base que está alicerçada. Mas vamos esperar para vermos o que irá acontecer”.
Na preparação para o último torneio, a equipa técnica associativa realizou quase duas dezenas de unidades de treino, ao longo das quais observaram quase meia centena de atletas dos diferentes clubes do distrito. O “Lopes da Silva” é, por si só, uma grande montra de deteção de talentos. Será que alguns dos nossos jovens atletas estará em linha com uma possível saída para um clube de outra dimensão nacional? Nelson Teixeira afirmou: “Costumo dizer que isso é muito relativo. Depende do olhar de quem vê. No ano em que vencemos a Liga de Ouro teríamos três ou quatro atletas com oportunidade de irem vivenciar outros campeonatos e outras realidades e isso não aconteceu. Neste ano penso que também tivemos connosco dois ou três jovens com capacidade de irem jogar noutro contexto, mas isto não é como nós queremos, depende sempre dos olhos que veem. Mas gostava que, todos os anos, conseguíssemos pôr fora do nosso distrito quatro ou cinco atletas”, concluiu.
