O envelhecimento da comunidade da pesca desportiva, sem compensação de jovens praticantes, é uma preocupação do presidente da Associação Regional do Baixo Alentejo de Pesca Desportiva (Arbapd), António Combadão, que, no entanto, se regozijou com o aumento da presença feminina.
Texto e Foto | Firmino Paixão
A época desportiva tem estado a decorrer com toda a normalidade, comentou o dirigente, anunciando a realização de mais um campeonato do mundo na albufeira da barragem de Odivelas, neste caso, na modalidade de method feeder, uma variante do feeder, em que diferem as montagens e os lançamentos e que está em assinalável crescimento. Outra nota de destaque é a recorrente presença de atletas filiados nesta associação regional em provas internacionais.
Como está a decorrer a época desportiva? Para já, está a decorrer bem. Já fizemos as provas nacionais, quer de masters, quer de veteranos, também dos clubes de 1.ª Divisão, onde temos, neste ano, o Clube Mourense, e também fizemos feeder e method feeder – esta disciplina foi, se calhar, a melhor, porque tivemos como campeão nacional um atleta nosso filiado, o António Nunes, um atleta do Clube de Amadores de Pesca Desportiva, de Alvito. Entretanto, demos início aos regionais, já fizemos duas provas de jovens, e agora estamos a fazer as provas de seniores, masters e primeira divisão. Tudo isto em água doce, provas para veteranos, senhoras e jovens (U16 e U21), por isso tem sido uma época normal. Agora, o ano não tem sido fácil. Costumamos dizer que, infelizmente, para nós, porque a bacias de água estão com um nível bastante elevado e criam-nos dificuldades, mas, felizmente, porque a água faz imensa falta. Estas dificuldades têm sido sentidas, tanto a nível regional, como a nível nacional, com muitas alterações e adiamentos de provas, mas temos de nos ir adaptando porque, na verdade, a água é um bem essencial.
Além do título nacional do António Nunes não existem outros sublinhados, quer em termos das categorias jovens ou das seleções?Sim, já no próximo mês de agosto teremos dois dos nossos jovens a representar Portugal na categoria de juvenis, o Gonçalo Palma e, também, o Pedro Mestre, na categoria de juniores, ambos atletas do Clube de Pesca de Mértola. São dois dos nossos atletas que, nos últimos anos, têm marcado uma presença assídua nas seleções e, depois, também tivemos, recentemente, em Coruche, o António Nunes como selecionador nacional e como segundo capitão, o pai, o outro António Nunes, vice-presidente da nossa associação. Depois, teremos em setembro, ou outubro, a participação também do Clube de Amadores de Pesca Desportiva do Baixo Alentejo, de Alvito, no campeonato do mundo de clubes em feeder, que irá decorrer na Sérvia. Digamos que se têm repetido estas presenças nacionais, algo que tem sido possível pelo fruto do trabalho que vamos desenvolvendo e com os resultados que os clubes vêm conseguindo, quer ao nível regional ou nacional.
E em termos de promoções às divisões superiores?Os campeonatos que podem apurar atletas e, ou, clubes, para serem promovidos a outras divisões acima, ainda não terminaram. Neste momento temos dois atletas na primeira divisão nacional de pesca à bóia, o Nelson Limpo, do Clube Mourense, e o Ivo Figueira, do Clube de Mértola, ambos estão na primeira divisão nacional. Depois, temos outros atletas a disputar a segunda divisão nacional, mas ainda não existem decisões, porque os apuramentos ainda não se iniciaram. Na terceira divisão já se fizeram as primeiras e segundas provas. Ainda teremos provas em Odivelas, quer da segunda, como da terceira divisão. Receberemos também aqui provas de clubes da segunda divisão nacional e, por isso, em termos de eventuais promoções, será ainda prematuro falar disso, porque os campeonatos ainda estão a decorrer.
A associação mantém a sua habitual presença em competições internacionais?Nos jovens já tivemos um primeiro apuramento nacional. Nos últimos anos os apuramentos faziam-se no próprio ano em que se disputam os campeonatos do mundo mas, do ponto de vista organizativo, isto criava sempre grandes constrangimentos porque, por exemplo, os campeonatos terminam num determinado mês e no mês seguinte temos que ir para o estrangeiro, com tudo o que essa logística implica, em termos de planeamento de viagens e de alojamentos. A Arbapd e a 1.ª Associação [Regional de Pesca Desportiva de Rio] propuseram que os campeonatos voltassem ao formato antigo, que é o sistema de apuramento no ano anterior. E isso, neste que é um ano de transição, levou a que tivéssemos o campeonato nacional de jovens, que já terminou, e ainda teremos o apuramento para as seleções de 2026, em jovens, masters e veteranos. Terminámos a primeira fase, que apurou as seleções para este ano e agora, em setembro, teremos essas provas de qualificação para os mundiais de 2026.
Temos mais jovens e mais senhoras a aderir à modalidade?Mais senhoras, sim. O número tem crescido, embora tenhamos perdido, temporariamente, uma atleta, que é a Joana Ramalho, por motivos de maternidade, que, fruto disso, teve de suspender a atividade, embora ainda nos vá representar, em agosto, no campeonato do mundo, em Itália, porque foi vice-campeã nacional na última época. Mas andamos com sete senhoras, um recorde, porque é um número que há muito tempo não tínhamos. Quanto aos jovens, as coisas, infelizmente, têm sido ao contrário. Fomos, durante muito tempo, a associação com mais jovens no panorama nacional e, neste momento, estamos a baixar. Não têm aparecido novos miúdos, mantemos cinco ou seis jovens nos nacionais, mas não é um fenómeno apenas nosso, é transversal às outras associações e isto não deixa de ser preocupante para o futuro da modalidade, porque a pesca desportiva está envelhecida e precisamos de renovação. É uma modalidade que se pratica ao fim de semana, os jovens manifestam cada vez menos disponibilidade para isso e, depois, é o investimento que é necessário fazer.