Chegou ao fim a décima edição do torneio de futebol infantil Beja Cup. Uma notável organização do Clube Desportivo de Beja, que mobilizou quase uma centena de equipas, representando 45 clubes do Sul do País, envolvendo cerca de 1500 jovens praticantes, de ambos os sexos.
Texto e Foto | Firmino Paixão
Um visível orgulho estampado no semblante dos organizadores. Um sentimento de missão cumprida nas suas expressões de felicidade e nos rostos de cerca de uma centena de voluntários que se juntaram à comissão administrativa do Clube Desportivo de Beja, unindo esforços para que a competição fosse bem-sucedida. Que orgulho termos nesta comunidade um emblema, já centenário (celebrou 109 anos no dia 16), com tamanha capacidade de congregar vontades em prol de uma cidade e de uma região. Um clube que nos vem habituando, ao cair do pano deste que é o mais importante certame que organiza, a evocar os intérpretes dos grandes feitos de outrora. Um clube que se recorda da sua gente. Gente do presente e do passado, que tem a humildade de fazer brilhar a sua grandeza, reconhecendo todos os que contribuíram para o seu percurso glorioso. Que orgulho, caramba!
No final do Beja Cup 2025, o Desportivo de Beja homenageou os antigos atletas Arnaldo Barbas, José Mário Agatão, Francisco Graça e Fernando Pratas Palma. E é por aqui que começamos este naco de conversa com Francisco Agatão, também uma das grandes glórias do clube. “A história é construída pelas pessoas. Nunca poderemos esquecer isso. Todos os que distinguimos hoje, os que já homenageámos no passado e os que, no futuro, iremos homenagear, são momentos que servem, exatamente, para recordar tudo aquilo que eles deram ao nosso clube”, acentuou o padrinho do Beja Cup. E sublinhou: “O estoicismo, a vontade e a determinação com que defenderam as nossas cores e, por tudo aquilo que nos deram, merecem este momento. A palavra que me ocorre, neste momento, é a gratidão eterna por tudo aquilo que eles deram ao clube nos anos que o representaram”.
Quanto ao balanço do evento, a expressão de felicidade respondia sem que as palavras fossem necessárias: “O balanço é muito positivo. Parece-me que foi mais um Beja Cup de qualidade, muito competitivo, sério, determinado, com equipas de qualidade, com pessoas que nos visitam e que querem sempre cá voltar. Naturalmente que isso nos deixa extraordinariamente felizes e com a sensação daquilo que nos guia, que é o espírito de missão, e é esse espírito de missão que nos torna resilientes e que faz com que todos nós, voluntários incluídos, patrocinadores, todos aqueles que colaboram connosco, consigamos colocar de pé, sem dúvida nenhuma, um torneio com esta grandeza e esta magnitude”. Os objetivos? “Foram completamente atingidos.
As pessoas que nos visitaram deixaram-nos um retorno muito positivo, essencialmente, por verem o rosto das crianças felizes por poderem estar aqui a fazer o que gostam, a conviver e a competir num torneio desta importância e isso satisfaz-nos plenamente”. As jovens equipas do clube saíram-se bem, e, sim, é por elas, porventura, que esta realização fará todo o sentido: “Foi uma boa prestação. Nós queremos dar aos nossos atletas a possibilidade de, no final de cada época, poderem jogar contra equipas com as quais nunca se encontram durante a sua época desportiva e, necessariamente, aquilatar se houve, de facto, evolução e parece-me a mim que isso tem sido plenamente conseguido”. E justificou: “É uma etapa de crescimento na qual eles se empenham, com adversários, às vezes, de nível superior, mas em que eles se superam e jogam de igual para igual, porque esse processo de crescimento é normal, é um percurso que estamos a construir com todos eles, é a nossa linha mestra, não nos desviamos dela para nenhum dos lados, porque temos conseguido bons resultados com tudo aquilo que são as nossas linhas orientadoras”.
O Beja Cup é hoje um torneio muito prestigiado no Sul do País. Será excesso de ambição dizer que já será muito conhecido em todo o território nacional? Francisco Agatão diz que não: “Em termos do número de atletas que participam, sem dúvida que é já um grande torneio de nível nacional. Normalmente, as equipas que vêm até nós são mais do Algarve, Alto Alentejo e região da Grande Lisboa. Já vieram equipas dos Açores e do país vizinho, mas, realmente, o Beja Cup tem uma dimensão enorme. Com muita qualidade e isso só orgulha este grupo”.
No final de um evento com a duração de cinco dias, e com tamanha dimensão, é natural que a organização reflita sobre este ou aquele pormenor que mereçam ser ajustados e, para isso, conta, habitualmente, com a opinião de quem vem de fora e deixa um contributo inestimável para as organizações vindouras. Porém, a sensação repetidamente sentida é a de que as pessoas saem de Beja com a satisfação de terem sido bem recebidas e bem tratadas na cidade. Uma logística algo pesada para oferecer um padrão de qualidade que está no limiar da capacidade para aumentar o número de equipas, admitiu Agatão. “Vamos ter de nos manter neste número de equipas, até pela limitação que temos ao nível de campos, mas veremos se, no futuro, a cidade de Beja evoluirá em termos de espaços desportivos e nós possamos aumentar a nossa grandeza”, rematou o antigo atleta do clube.