Diário do Alentejo

Um sufrágio inédito

30 de março 2025 - 08:00
A Associação de Futebol de Beja (AFBeja) elegerá, no próximo dia 4 de abril, os novos corpos sociais para o próximo quadriénio, ato a que, pela primeira vez em 100 anos de história, concorrem duas listasFotos | Firmino Paixão

O organismo que tutela o futebol no distrito de Beja celebra no domingo, dia 30, o centenário da sua fundação. Para a sexta-feira seguinte, 4 de abril, está marcada a assembleia-geral extraordinária para eleição dos novos corpos sociais, ato a que, pela primeira vez, se submetem duas listas: uma encabeçada por Carlos Pereira, outra por Diogo Nascimento.

Texto e Fotos | Firmino Paixão

 

A assembleia decorre entre as 18:00 e as 20:00 horas, um intervalo para que os 50 clubes filiados expressem, através do voto, as suas preferências. O “Diário do Alentejo” quis conhecer os propósitos e os projetos de cada uma das candidaturas, colocando aos dois principais candidatos cinco questões comuns.1- Que motivação sentiu para se candidatar à presidência da AFBeja?2- Que avaliação faz do atual estado do futebol (futebol, futsal e arbitragem) distrital?3- Qual foi a recetividade dos clubes às suas propostas?4- Quais as mudanças que propõe, caso seja eleito?5- Tem um projeto estruturante para o desenvolvimento e valorização do futebol e do futsal regional?

 

“Afirmar o nosso futebol”Lista A

Carlos Alberto Pereira, de 59 anos, natural de Aljustrel, antigo treinador do Futebol Clube Castrense e ex-jogador do Desportivo de Beja, Despertar Sporting Clube, Castrense, Ourique DC e Desportivo de Sete. Presidente da direção do Castrense entre 2003/2005 e 2009/2018, atual presidente da assembleia-geral. Sócio honorário da AFBeja desde 2015. Técnico superior de segurança, conselheiro de segurança e formador.

 

1 O amor ao associativismo, ao qual estou ligado, enquanto dirigente, há mais de 25 anos, assim como a minha disponibilidade, em termos de tempo, para cumprir com a responsabilidade que se exige, com todas as tarefas inerentes à função de presidente da AFBeja, foram fatores determinantes para iniciar o projeto de candidatura. A competência e os valores que representam os membros da minha equipa reforçaram, de forma decisiva, o avanço do projeto até à efetivação da candidatura. Pela primeira vez, nos 100 de história, vamos possibilitar aos clubes uma escolha alternativa às “listas da continuidade”, uma alternativa em que também, pela primeira vez, se apresentam mulheres em diversos órgãos, o que, certamente, vai acrescentar valor ao trabalho que pretendemos fazer.

 

2 Verifica-se um aumento do número de atletas, ao que não é alheio a melhoria das condições das infraestruturas desportivas para a prática do futebol, assim como uma melhoria na organização dos clubes face ao esforço dos seus dirigentes. Contudo, inicialmente, teremos muito onde intervir, nomeadamente, no que diz respeito aos modelos competitivos, tanto nos escalões de formação, como nos seniores. No futsal é necessário reunir esforços para conseguirmos ter um campeonato de seniores da AFBeja. No que respeita à arbitragem, facilmente verificamos que o número de árbitros é insuficiente para atender ao número de jogos. A nossa equipa candidata ao Conselho de Arbitragem possui um plano que prevê, para além de outras ações, uma intervenção para recrutar, incentivar e prevenir o abandono precoce dos jovens árbitros.

 

3 Foi com enorme prazer que percorremos mais de 4300 quilómetros para nos reunirmos com os clubes filiados na AFBeja. A apresentação da nossa equipa e do nosso plano tem sido muito bem aceite. Agradecemos aos dirigentes dos clubes a forma como nos receberam e também pelas suas sugestões de melhoria, o que muito nos apraz, já que, abrangendo essas propostas, podemos aperfeiçoar o nosso plano.

 

4 O nosso plano de ação está assente nos seguintes quatro pilares: na área desportiva planeamos parcerias com as diferentes entidades que estão, ou possam estar, ligadas ao desporto, visando uma melhoria contínua nas infraestruturas desportivas e no desempenho dos clubes; projetamos um estudo aprofundado aos modelos competitivos, com vista à sua reformulação e estabilização e também para percebermos onde devemos intervir para contrariar o decréscimo do número de atletas femininos; queremos ter um campeonato de futsal sénior próprio e, nesse sentido, criar incentivos para que os clubes possam formar as equipas suficientes para o efetuar; a promoção de campeonatos de futebol feminino é, para nós, um tema prioritário. No pilar financeiro, tendo em conta a sustentabilidade financeira da AFBeja, temos previsto mecanismos de apoio aos clubes que foram divulgados nas reuniões de apresentação do nosso plano de ação. Na formação, vamos construir um plano formativo direcionado para todos os agentes desportivos da AFBeja e também específicos para as necessidades de cada clube. Vamos ainda incluir, neste plano, os familiares dos atletas da formação para promovermos um clima de fair play. No pilar administrativo, queremos agilizar o atendimento aos nossos sócios e projetamos a criação de procedimentos que visem aumentar a transparência no recrutamento de pessoal, assim como na aquisição de bens e serviços.

 

5 Pretendemos estabelecer protocolos de cooperação com instituições de ensino superior em diferentes campos de intervenção, como: investigação, formação, organização de eventos, reconhecimento académico, estágios e infraestruturas. Não só na área do desporto, mas em todas as outras que possam ser uma mais-valia para a afirmação do nosso futebol. Projetamos também a “Beja Football School” com um plano de formação contínua para todos os agentes desportivos. Realço a nossa aposta em vários mecanismos para encurtar os canais de comunicação em relação à parte mais importante da AFBeja que são os clubes. Queremos valorizar os dirigentes dos clubes associados e fomentar um estado de partilha de conhecimento, aproveitando a sua experiência para crescermos em conjunto.

 

“Consolidar o presente para um melhor futebol no futuro!”Lista B

 

Diogo Maria Parreira Cabral Cruz Nascimento, de 51 anos, engenheiro florestal, presidente do conselho de administração das Águas do Alentejo, jogou futebol no Desportivo de Beja, andebol na Zona Azul e rugby na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Membro dos órgãos sociais (atual vice-presidente) da AFBeja há dois mandatos.

 

1 Integrei a direção da AFBeja há oito anos, e sempre senti vontade de, um dia, assumir a sua liderança. Quando o professor Pedro Xavier nos comunicou que não seria candidato, por ter sido convidado para integrar a lista liderada por Pedro Proença à FPF [Federação Portuguesa de Futebol],  considerei que seria o momento certo para avançar com a minha candidatura. Uma decisão muito ponderada no seio da atual direção e com os presidentes dos restantes órgãos da associação. Entendi que só teria sentido avançar mantendo-se a maioria dos membros, pois seria uma mais-valia no que toca ao conhecimento e experiência de toda a equipa. Existem outras razões que me levaram a tomar esta decisão, como o desejo de concretizar projetos em curso para consolidar o crescimento que temos assistido na atividade da associação. Também o facto de me considerar uma pessoa do associativismo, com um sentido de comunidade muito vincado, integrando vários órgãos sociais de outras entidades ao longo dos anos. Entre 2010 e 2013 fiz parte da direção e comissão administrativa do Desportivo de Beja, talvez das experiências mais enriquecedoras que tive o privilégio de ter até hoje, e que me permitiu conhecer de perto a realidade de um clube e as dificuldades que todos enfrentam no dia a dia. Por fim, uma questão pessoal e familiar. Sou neto do Armando Nascimento, uma pessoa que deu um contributo significativo ao futebol bejense, principalmente, na arbitragem, uma razão que também me motiva a poder dar o meu pequeno contributo. Nunca conseguirei dar o contributo que o meu avô deu, mas cá estou disponível para ajudar para que o futebol distrital continue a evoluir.

 

2 Posso estar a ser parcial, dadas as minhas funções nos últimos anos, mas considero que o futebol distrital no geral, e quando digo no geral englobo todas as modalidades e agentes desportivos, tem tido um crescimento significativo, em que assistimos a uma grande evolução, se olharmos para o que era há 15 anos. A época 2024/2025 é a época em que temos mais clubes filiados na associação, mais atletas inscritos, mais árbitros, enfim, mais atividade. Temos 12 a 13 seleções em atividade, o que representa um número muito superior ao que tivemos anteriormente. Evoluímos nos processos de certificação das entidades formadoras e na formação direcionada aos vários agentes desportivos; estamos mais profissionalizados, com clubes mais organizados e mais competitivos. Claro que há muito trabalho a fazer para consolidar este crescimento, estabilizando toda a atividade desportiva e apoiando os nossos clubes, para que tenhamos um crescimento harmonioso e sustentável de forma generalizada.

 

3 Muito positiva! Felizmente, temos direções e comissões administrativas dos clubes compostas por pessoas com muita qualidade, comprometidas em fazer crescer os seus clubes, com uma gestão a caminhar para o profissionalismo e que nos receberam de forma extraordinária. As reuniões que temos tido com os clubes têm vindo a reforçar as ideias que já tínhamos sobre alguns assuntos e problemas que existem, mas, principalmente, têm permitido recolher propostas e ideias muito válida.

 

4 São várias, tanto ao nível da gestão, organização, regulação e envolvimento com os nossos associados. Ao nível da gestão estaremos mais organizados, com vista a melhorar a resposta que damos aos nossos clubes, de forma mais célere e próxima. Ao nível da organização e regulação há matérias a serem discutidas com os clubes, na altura e em sede próprias, com vista a termos melhores regulamentos, atualizados e ajustados aos dias de hoje.

 

5 Temos identificados vários projetos estruturantes que consideramos essenciais para o desenvolvimento do futebol e futsal regional, mas também aqui os nossos clubes serão os primeiros a saber. Já o temos comunicado aos clubes, mas os mesmos estarão todos explanados no nosso plano de ação. Temos que ser ambiciosos e muito exigentes connosco e com todos os envolvidos para que todos juntos sejamos capazes de valorizar o futebol no distrito, afirmando o nosso distrito a nível nacional junto dos decisores, de modo a influenciar positivamente para que as melhores decisões sejam refletidas nos nossos clubes. Os nossos clubes são a nossa comissão de honra e é para eles que nos dispomos a trabalhar, para que o futebol continue a ser a principal modalidade desportiva no nosso país.

 

Lista AAssembleia-geral: Manuel Covas Lima, Ana Cristina Horta, Nuno Miguel Vão, Carlos Alexandre Venâncio. Presidente: Carlos Alberto Pereira. Direção: Francisco Manuel Graça, Paulo Alexandre Paixão, Andreia Filipa Santana, Cláudia Sofia Silva, António Manuel Ramos, José João Sêco, Lourenço Matias Ramos, José Mâncio Rosa, Pedro Miguel Lobo, Tiago Filipe Morgado. Conselho de justiça: Sónia Maria Calvário, Hugo Daniel Silva, Nádia Filipe Mira, Herlander Arnaldo Santos. Conselho de disciplina: José Carlos Martins, Nuno Miguel Entradas, José Manuel Barrocas, João Pereira Cuco. Conselho de arbitragem: Jaime Pedro Vieira, Emanuel José Camilo, António Maria Vinagre, Luís Carlos Diogo, Manuel António dos Santos, Fernanda Isabel Grou, André Filipe Costa. Conselho fiscal: Luís Miguel Cabral, Francisco Manuel Pegas, Paulo Alexandre Lima, Paulo Sérgio Nunes. Conselho técnico: Cristina Maria Teixeira, João Francisco Guerreiro, Adrian Gorin Bucur, Edgar António Guerreiro.

 

Lista BAssembleia-geral: Fernando Jorge Romba, Luís Covas Lima, Paula Pais Soares, Jorge Manuel Canhestro. Presidente: Diogo Maria Parreira Cabral Cruz Nascimento. Direção: António Jaime Cachola, Francisco Guerreiro Fernandes, António Miguel Frieza, Luís Miguel Medeiros, João Aleixo Guerreiro, Manuel Palma Raposo, Luísa Cristina Pinto, Mário Jorge Martins, Ana Beatriz Afonso, João Miguel Correia. Conselho de justiça: Manuel Pedro Lúcio, José Manuel Sinfrónio, João Luís Caroucinho, João Pedro Godinho. Conselho de disciplina: Sandro Filipe Macedo, José Manuel Rosa, Carlos Hélder Macedo, Victor Manuel Madeira. Conselho de arbitragem: Manuel Joaquim Custódio, Jorge Manuel Cecília, Jorge Francisco Fontes, José António Teodósio, Paulo Jorge Coimbra, Ivone Sofia Marques, António Manuel Coimbra. Conselho fiscal: Francisco Godinho Pica, Manuel António Mestre, José Manuel d´Almeida, António Manuel Mourão. Conselho técnico: Cesário Paulo Almeida, Luís Manuel Murta, José do Carmo Pereira, Rui Pedro Chora.

 

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