A seleção nacional feminina sub-18 venceu folgadamente os dois jogos amistosos que disputou, na última semana, no Complexo Desportivo Fernando Mamede, na cidade de Beja, diante da seleção da Estónia.
Texto e Fotos | Firmino Paixão
O estágio, de cinco dias, das 20 atletas convocadas pelo treinador nacional, Ivo Silva, para este duplo compromisso com a seleção da Estónia iniciou-se com um treino no Campo de Jogos Manuel Baião, no parque desportivo municipal da cidade de Serpa, e completou-se, depois, com dois jogos de preparação, em Beja, que terminaram com triunfos expressivos da equipa lusa, por 5-0 e 6-0.
Dois jogos necessariamente diferentes, devido, sobretudo, à estratégia da equipa báltica, que na partida de quarta-feira se apresentou com o bloco defensivo muito baixo, e, na sexta-feira, com um jogo mais aberto na dimensão territorial. Num caso, como noutro, predominou a criatividade e o talento das portuguesas para construírem resultados volumosos.
Sobre a permanência da equipa nacional portuguesa no Baixo Alentejo, Ivo Silva, em entrevista exclusiva ao “Diário do Alentejo”, realçou: “É muito importante que visitemos outras realidades, até porque somos sempre muito bem recebidos. Tivemos muitas pessoas à nossa volta, a hospitalidade foi cinco estrelas e isso foi importante. Por outro lado, importa, igualmente, que as nossas jogadoras saiam dos seus centros urbanos, das suas realidades, além de ser uma oportunidade para mostrarmos a toda a gente, também em Beja, que o futebol feminino é uma aposta claramente ganha e que temos capacidade e talento para elevarmos sempre a nossa cultura de exigência, que é a cultura da seleção nacional”.
Estes estágios, como sublinhou o técnico nacional, são “fundamentalmente” um espaço para se dar minutos às jogadoras e “prepará-las para um contexto internacional, que é difícil”. A ideia é que estejam preparadas para jogar na nossa seleção sub/18 [em sub/16 não existem competições internacionais], mas também para a seleção sub/19, se tiverem competência para isso e se precisarmos delas mais acima. Isso foi plenamente conseguido. Naturalmente que, ao terceiro estágio, há muitas dinâmicas que vão estando consolidadas. Para além disso, temos sempre uma preocupação muito grande ao nível nacional de procurarmos talentos, novas jogadoras que estejam a evidenciar-se nos seus clubes e que, depois, terão aqui espaço para se exprimirem e mostrarem a todos que têm qualidade”.
A par dos triunfos, também foram duas exibições bem conseguidas, admitiu Ivo Silva, justificando: “Sentimos que o futebol feminino precisa, também, de melhorar o jogo enquanto espetáculo, porque quem vem ao estádio, ou quem vê na televisão, precisa de ver um espetáculo de qualidade. É essa a nossa função, a nossa missão enquanto treinador, enquanto jogadoras. Para além do resultado, que é muito importante, queremos dar esta qualidade ao jogo e revelar estes talentos. Competimos contra as redes sociais e contra muita coisa que distrai as novas gerações. Se não fizermos a nossa parte, perderemos esse potencial de clientes, de consumidores, para as tais redes sociais”.
Alentejo tem uma nova internacional
A eborense Beatriz Ferro, jogadora do Lusitano Ginásio Clube, de Évora, conseguiu, na cidade de Beja, duas internacionalizações, naquela que foi a sua primeira chamada à seleção deste escalão. A jogadora entrou na segunda parte do primeiro jogo e cumpriu na íntegra. Ivo Silva referiu-se--lhe, dizendo: “A Beatriz Ferro fez muitos minutos, mostrou muita qualidade e aportou novas soluções para a seleção”. Quanto à atleta, a expressão de felicidade respondia a todas as questões, porém, sempre confessou: “Concretizei algo com que vinha sonhando desde criança, senti-me muito feliz, foi um momento muito importante para mim, tenho de agradecer a todos os que me têm apoiado”. Como se chega até aqui? É simples: “Com muito trabalho e muita dedicação”, revelou a eborense. E destacou: “O Lusitano também ajudou imenso, os treinadores, o clube e a família, os amigos, tenho de agradecer a toda a gente, porque este é um momento competitivo aonde nunca se chega sozinha”. O peso da camisola e a emoção ao ouvir a “Portuguesa” foram momentos especiais: “É um sentimento inesquecível e um orgulho enorme. Uma tremenda felicidade, a concretização de um sonho que muitas jovens alimentam e que eu consegui realizar”. Beatriz Ferro tem 17 anos, nasceu, e vive, em Évora, e recordou: “Desde pequena que represento o Lusitano e assim espero continuar, pelo menos até que possa surgir uma oportunidade que justifique [a mudança], mas o clube estará sempre no meu coração. Espero ser um bom exemplo para que venham mais miúdas para o futebol, que consigam representar o clube e a cidade de Évora e, mais adiante, que também representem Portugal”.