A Associação Cautchú, de Odemira, e a Zona Azul, de Beja, são as duas equipas do distrito de Beja que disputam, na Zona 7, a primeira fase do Campeonato Nacional de Sub/18 Femininos, competição organizada pela Associação de Andebol do Algarve, na qual estão os clubes filiados.
Texto Firmino Paixão
A equipa odemirense esteve em Beja, no fim de semana passado, para disputar, frente à Zona Azul, a sexta jornada da prova, primeira da segunda volta, e quase surpreendeu a formação da casa. Porém, com uma derrota por quatro pontos (24-20), deixou, na cidade de Beja, as esperanças de se qualificar para a segunda fase da competição. Com quatro derrotas e uma vitória (frente ao CF Boavista, de Portimão) as jovens odemirenses, não obstante o talento demonstrado, ocupam o quarto e penúltimo lugar da tabela, com sete pontos, menos oito do que a equipa líder, o Gil Eanes, de Lagos. No final da partida, o jovem técnico Miguel Simão, também ele um jogador, mas do Centro de Cultura Popular de Serpa, reconheceu que a exibição da sua equipa fora bem conseguida: “Fiquei satisfeito com a reação da minha equipa, sobretudo, pelo que fizemos na segunda parte. Posso dizer que a primeira foi um bocado fraquinha, falhámos muitos passes e muitos remates, por vezes tivemos muito medo de ir à baliza e não tomámos as decisões certas, mas depois conseguimos melhorar. É sempre importante reconhecer os erros e depois corrigi-los”. O técnico considerou: “O resultado poderia ter sido diferente, se calhar o empate ou a vitória, mas continuamos com os mesmos problemas na formação de arbitragem. Não gosto muito de falar dos árbitros, mas terá de ser, tenho de dizer isto, porque houve lances de sete metros mal assinalados. O critério não foi igual para os dois lados, e este era um jogo importante, do qual dependia muito a nossa passagem à segunda fase. E pronto, este desfecho deitou isso por terra”. A equipa merecia um pouco mais, é esse o sentimento? “Claro. Acho que merecíamos mais. Temos trabalhado bem, isto é uma luta constante com imensas deslocações ao Algarve. Há sempre dificuldades em transportar os elementos da equipa. Nós temos oito atletas sub/18, mas hoje também estiveram aqui muitas atletas sub/16, ou seja, têm de trabalhar em dois escalões. Isso acaba por dificultar um bocadinho o processo e nota-se um pouco ao nível físico, mas, pronto, o trabalho está a ser feito e se não for neste ano, será no próximo que conseguiremos os nossos objetivos”. Houve duas notas que sobressaíram ao longo do jogo: uma foi a exibição do cartão branco (fair play) à sua jogadora Rita Ferraz; a outra foi a grande exibição das guarda-redes, pormenores aos quais o técnico correspondeu dizendo: “Temos duas belas guarda-redes, a Madalena e a Mariana. Fizeram hoje um trabalho excecional, mas fizeram-no já em vários jogos, portanto, considero que o setor defensivo esteve muito bem e as guarda-redes dificultaram um bocadinho o processo ofensivo da Zona Azul. Mas o que posso garantir é que continuaremos a trabalhar para darmos sempre o nosso melhor, do princípio ao fim”. A evolução da equipa ao longo do campeonato é um facto adquirido e o equilíbrio no marcador, no jogo de Beja, confirma-o em absoluto. Sobre os objetivos da formação que lidera, o treinador revelou: “Sou um elemento novo na Cautchú, é o primeiro ano que estou a trabalhar com o clube e sinceramente não estava a par do trabalho deste clube, porque vivia em Serpa e joguei no CCP Serpa. Mas devo dizer que é um clube com um enorme potencial, com muitos jovens, com pais e dirigentes que dão tudo ao clube, ajudam nos transportes – hoje mesmo vieram algumas mães de jogadoras em carrinhas separadas para podermos trazer as jogadoras. Isso mostra muito e o meu objetivo é aproveitar esta união, potenciar estas sinergias e trabalhar dentro do campo, para que os resultados apareçam”. As jogadoras estão integralmente no primeiro ano do escalão sub/18, num grupo que também integra atletas sub/16, razão para o treinador acreditar no potencial da sua equipa e afirmar: “Estou esperançado que, na próxima época, possamos alcançar mais e melhores objetivos”. Até porque confirmou que existe compromisso de assiduidade aos treinos capaz de desenvolver eficazmente os processos, porém, sublinhou: “Só temos oito atletas sub/18, basta faltarem duas e já nos dificultam as coisas. Mas temos as sub/16 integradas no mesmo processo, no sentido de evoluírem em conjunto, porque o clube disponibiliza todas as condições, está tudo nas mãos delas para que se possam esforçar um bocadinho mais”. O percurso da Associação Cautchú e o seu compromisso na promoção e desenvolvimento da modalidade, dados que Miguel Simão já domina melhor, permitem-lhe afirmar: “Tem sido feito um trabalho fenomenal, mas não deixo de destacar, individualmente, o treinador Jorge Aires. O trabalho e a competência do nosso treinador de guarda-redes tem sido um fator essencial. É um elemento que não aparece nas fichas de jogo, mas é essencial destacar isso, porque, como se viu aqui hoje, ele tem feito um grande trabalho com as guarda-redes, duas ou três vezes por semana a trabalhar com as guarda-redes, com exercícios muito bem definidos para todos os escalões, e isso é mais um bom exemplo das condições que nos temos para trabalhar”.