Diário do Alentejo

Ricardo Vargas assume em pleno a candidatura do Vasco da Gama ao título de campeão distrital

15 de fevereiro 2025 - 08:00
“Uma alma de Vasco”
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Clube de Futebol Vasco da Gama, de Vidigueira, pretende regressar rapidamente ao Campeonato de Portugal, competição de onde foi despromovido na época 2023/2024. O treinador Ricardo Vargas é a voz mais firme dessa ambição, enaltecendo o sentimento da sua equipa.

 

Texto Firmino Paixão

 

“Nós temos olhado para o campeonato de duas formas, e a segunda é a contagem decrescente, os jogos que nos vão faltando”, realçou o treinador do Vasco da Gama após o triunfo da equipa sobre o Renascente de São Teotónio. O técnico fez notar: “Conquistámos mais três pontos, todas as vitórias são muito importantes, porém, sentimos que, nesta fase, começam a ter uma importância maior. O Vasco da Gama foi um justo vencedor, acho que o resultado até foi escasso para aquilo que foram as incidências do jogo, mas o importante foram os pontos e, a espaços, o nível exibicional, a consistência que tivemos. Foi mais um momento positivo”.

 

O Vasco da Gama está a caminhar em direção ao título? Foi esse o objetivo traçado?

O objetivo foi claro. Assumimos, sempre, que éramos candidatos ao título. Não podia ser de outra forma. Não nos podemos esconder e dizer que não somos. Nunca dissemos que éramos favoritos, mas sempre assumimos, desde o primeiro momento, que somos candidatos. Agora, vamos fazendo o nosso caminho, procurando crescer em cada semana, procurando evoluir jogo a jogo, semana a semana, porque esta equipa tem margem para crescer, apesar de os atletas já estarem juntos há algum tempo. Também chegaram jogadores novos, portanto, conseguimos superar um início menos bom, menos positivo, passámos essa fase, e agora temos uma equipa a crescer em todos os jogos.

 

Uma derrota em Castro Verde, outra derrota com o Almodôvar e um empate com o Aldenovense, ambos em casa. Foram essas as consequências do mau início?

O que provocou esses resultados, essa fase menos conseguida, foi o tempo que levámos a assimilar a descida de divisão. Por muito que tentássemos puxar pelos atletas, e que se tentasse motivá-los, isso aconteceu. E, às vezes, isso tem consequências. Mas posso dizer que com o Almodôvar, de facto, não fizemos um grande jogo, perdemos com um autogolo, em Castro Verde perdemos 3-0, mas fizemos um bom jogo, tivemos qualidade e fomos competentes, mas o Castrense teve muito mérito na forma como aproveitou os momentos certos para fazer golos. Mais negativo do que o resultado foi a forma como, então, sentimos os jogadores. Com muita falta de confiança, uma equipa muito retraída, machucada ainda com o que nos tinha acontecido, com uma ferida grande em aberto, que tem levado tempo a sarar.

 

Mas isso já são águas passadas…

Os jogadores agora já esqueceram isso e já viraram o foco para aquilo que queremos. Mas houve um jogo que mudou muito a história do nosso percurso. Foi o jogo que fizemos em Ferreira do Alentejo, antes da paragem do Natal. Não só pela vitória que conseguimos, num campo difícil e frente a uma boa equipa, mas a forma como a conseguimos. Esse foi o clique que a equipa precisava e, a partir daí, temos vindo a crescer. Mas tem sido um trabalho longo, um trabalho que não tem sido fácil, mas, hoje, felizmente, já temos mais soluções.

 

Sente-se que a equipa está unida e tem qualidade. Um conjunto que sabe pressionar quando não tem bola e dificulta as transições ao adversário…

Primeiro que tudo está um longo trabalho semanal, para criarmos essas rotinas de jogo. Mas também temos de saber pressionar e quando é que temos que o fazer. Mas, depois, temos de ter jogadores com alma e com essa capacidade. Se não tivermos jogadores com essa capacidade de pressão, capacidade de reação à perda de bola, por muito que quiséssemos, seria difícil. Mas esta equipa criou uma alma muito grande em todos os jogos. Uma equipa que não se encosta ao resultado e está sempre à procura de mais e de melhor. Uma equipa que quer sempre ter bola e colocar o adversário em dificuldades. Nós vemos o futebol dessa forma e esta equipa tem de ser à imagem da equipa técnica. Nós exigimos que o jogo seja assim, porque isso torna tudo mais fácil. É um processo a que nós chamamos ‘uma alma de Vasco’. Foi caracterizado, assim, no ano em que subimos ao nacional. Esse espírito ficou e está sempre presente, embora tivesse andado um bocado perdido naquela fase negativa a que já me referi. Tivemos de fazer a equipa sentir que precisamos sempre de alimento para saciar a nossa fome, a fome de vitórias, a fome por jogar bem, a fome de entusiasmar os adeptos com a qualidade do nosso jogo. Levou algum tempo mas, felizmente, conseguimos isso.

 

Um sentimento que sai do banco para o interior das quatro linhas. Mesmo com resultados confortáveis, o Ricardo não para de exigir mais e melhor…

Mas essa exigência, muitas vezes, é visível entre os próprios jogadores, sem que nós estejamos a incentivá-los. Eles também vão analisando o jogo e falam entre eles, combinam a estratégia e não se encostam. Só assim faz sentido, porque estamos a falar de uma equipa. Se os puxarmos do banco, mas eles, lá dentro, desligarem e não sentirem essa alma, nunca resultará. Porém, existe essa corrente entre todos nós, uma corrente que resulta daquilo que é a nossa ambição e o nosso desejo enquanto equipa.

 

O campeonato está equilibrado. Temos quatro ou cinco equipas a lutar pelos primeiros lugares…

Sim, é um facto. Sei que o Castrense também se assumiu como candidato ao título, ainda com o ex-treinador “Cajó”, a quem deixo aqui, publicamente, um grande abraço. Na verdade, todas as equipas estão a investir, não é só o Vasco da Gama e o Castrense, os outros clubes têm feito um investimento grande. Temos de olhar ao passado do Mineiro, recordar o historial do Castrense, assinalar o passado, mais recente, do Vasco da Gama, que tem crescido imenso, mas também não podemos esquecer a riqueza do passado de clubes como o Aldenovense, o Ferreirense. O próprio Renascente também tem muitos jogadores de fora. Mas eu acho que, apesar deste equilíbrio, o campeão, seja quem ele for, será decidido muito antes do que se espera. Quanto a nós, porque não dependemos de ninguém, iremos fazendo o nosso caminho. Respeitamos todos os adversários, mas estamos numa posição privilegiada e apenas dependemos de nós próprios.

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