Diário do Alentejo

Bejense Luís Aurélio cumpre segunda época no Castrense com o foco em reconquistar um título distrital

09 de fevereiro 2025 - 08:00
“Sinto afinidade por este clube”

“Jogar com o meu irmão João Aurélio, no Nacional da Madeira, foi emocionante para mim. Sempre esperei poder defrontá-lo algumas vezes na 1.ª Liga, mas jogarmos na mesma equipa foi algo emocionante, algo que mexeu muito comigo, até porque ele era um líder no balneário. Tínhamos de o ver como o capitão que ainda hoje é. Jogar com o meu irmão, com a afinidade que tínhamos, dentro e fora de campo, tornou tudo mais fácil, foi uma inspiração que ajudou muito”.

 

Texto Firmino Paixão

 

Há duas épocas Luís Aurélio regressou ao Alentejo, após um périplo por diferentes clubes nacionais e romenos e vinculou-se ao Castrense. “Sim, regressei às origens ao fim de tantos anos como profissional de futebol e tendo representado tantos clubes onde poderia permanecer, mas na vida, às vezes, temos de tomar decisões, e eu resolvi voltar para junto da família. Não foi uma decisão fácil. Quando vim da Roménia tinha muitos clubes interessados, até porque tinha sido bicampeão da Roménia com a camisola do Cluj, um clube de grande dimensão”.

As decisões também estão diretamente relacionadas com as oportunidades, entende-se no discurso de Luís. “O meu pensamento, inicialmente, era ficar por lá, mas vim para Portugal avaliar quais as portas que se abririam no mercado português e, de facto, por causa da idade, tinha as portas fechadas. Em Portugal já chamam velho a um jogador com a minha idade. Não me sinto velho, mas, na verdade, já não tinha o mercado que desejava e acabei por fazer meia época na Académica, já na 2.ª Liga, onde me prejudiquei mais, porque as coisas por lá não estavam famosas. Tive a possibilidade de regressar à Roménia, mas regressei a casa, senti-me bem junto dos meus, a ver crescer os miúdos, que já estavam na escola. Já não achei lógico voltar ao estrangeiro”.

O jogador revelou que teve convites de clubes do Campeonato de Portugal porém, o Castrense fora o último emblema que representou ao nível distrital, antes de se profissionalizar e antes de voar para mais longe. “Isso pesou na decisão e teve realmente muito significado, porque eu fiz a minha primeira época como sénior com a camisola do Castrense. Foi uma época brilhante, tudo correu bem, fizemos a dobradinha, campeonato e taça distrito. O Castrense sempre mexeu comigo, sempre senti muita afinidade com este clube e, uma vez de regresso a casa, surgiu a proposta do Castrense e acabei por aceitar”.

Os 36 anos ainda não lhe pesam, aliás, vê-se dentro do campo, portanto, pendurar as botas, nem de perto, nem de longe, admitiu: “É muito cedo, ainda se vêem por aí atletas mais velhos do que eu a competir ao mais alto nível. Se formos ver o campeonato da Roménia, onde eu competi, temos jogadores com 38 anos, e mais, a fazerem épocas excelentes. Esses jogadores, aliás, até são muito cobiçados. São países com outras mentalidades, olham para a qualidade do jogador e não para a idade. Com os meus 36 anos sinto que ainda será muito cedo para arrumar as chuteiras”.

Uma carreira tão cheia e diversificada terá, porventura, um momento alto, e Luís Aurélio revelou-o: “Considero que, na Roménia, vivi momentos em que senti o futebol com mais intensidade. Foram momentos que me proporcionaram jogar na Liga dos Campeões e na Liga Europa. Ter sido bicampeão da Roménia, pelo Cluj, foram sensações incríveis, mas realmente entrar para um jogo e ouvir o hino da ‘Champions’, defrontar um Celtic, um Slávia de Praga, clubes que nos metem algum respeito, clubes que merecem alguma consideração no futebol mundial, foram vivências que me deixaram muito orgulhoso”.

Em Castro Verde comenta-se que Luís Aurélio se aplica nos treinos, e nos jogos, como se ainda estivesse a jogar como profissional ao mais alto nível. Será verdade? Eis a explicação. “Essa é a minha maneira de estar no futebol, e nunca conheci outra. É uma imagem que sempre me caracterizou em todo o lado por onde passei, fosse numa 2.ª Liga, numa 1.ª ou na Liga dos Campeões, seja, presentemente, no campeonato distrital. Assumo todos os projetos em que me envolvo a 100 por cento. Sempre com um compromisso crescente. Tem sido assim no Castrense, continuará a ser, porque é a minha maneira de estar. Sou exigente em termos pessoais, profissionais e desportivos. Gosto de ser assim, não há volta a dar”, afirmou.

Mas, afinal, nesta época, Luís Aurélio quererá deixar o Castrense onde? “No ano passado não conseguimos o título, nem a promoção ao Campeonato de Portugal. Ficámos a um ponto desses objectivos. Foi com essa intenção que eu abracei o projeto. Sentia que o Castrense tinha de andar noutros patamares. O campeonato distrital já é curto para o Castrense, um clube muito estável no futebol do nosso distrito, como, aliás, existem outros por aí. O Alentejo precisa de mais clubes em campeonatos nacionais até para projetar mais miúdos que revelem potencial. Quero que isso se concretize nesta época, que consigamos ser campeões e que o Castrense suba ao Campeonato de Portugal. Neste momento, o campeonato está muito repartido entre quatro equipas, temos ganho e perdido uns com os outros, portanto, está tudo em aberto e só agora começou a segunda volta”.

E, no futuro, será que está no seu pensamento abraçar a carreira de treinador? Claro, a resposta foi óbvia. “Não escondo que o futebol fez sempre parte da minha vida. Sempre estive ligado a ele. O futebol é a minha paixão desde criança. Para já ainda não me vejo como futuro treinador. Quero aproveitar ao máximo este tempo como jogador, mas não nego que já me imaginei sentado num banco na condição de treinador. Será algo em que me sentirei bem, embora ache curto para a minha ambição e para a minha mentalidade, andar, apenas, aqui pelos campeonatos distritais”, concluiu.

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