Diário do Alentejo

Treinador Rui Marques sucede a Carlos Guerreiro no comando técnico do Futebol Clube Castrense

01 de fevereiro 2025 - 08:00
“Considero-me um sortudo”
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O jovem treinador Rui Marques, de 33 anos, que deixou o Sporting Figueirense para se vincular ao Castrense, teve uma estreia auspiciosa no primeiro jogo que orientou – logo um dérbi – frente ao Aljustrelense. O Castrense venceu por 3-0 e permanecerá a um ponto do Vasco da Gama.

 

Texto Firmino Paixão

 

“A estreia que mais desejava era dar uma alegria a todos os castrenses para trazermos mais público ao estádio e isso foi conseguido”, revelou Rui Marques, o novo técnico do Castrense, clube que recentemente dispensou a equipa técnica liderada por Carlos Guerreiro. O novo líder assumiu que, neste jogo de estreia, pretendia “que a equipa mostrasse um futebol com que o público se identificasse, porque fiz toda a minha formação como jogador neste clube, até aos 18 anos, depois nunca mais tinha cá estado. Uma vez que regressei, essa era a principal ideia, devolver o público ao estádio e fazer com que os adeptos viessem e se identificassem com a nossa equipa. Foi o primeiro jogo a seguir a uma primeira semana de trabalho e acho que isso foi conseguido”.

 

Foi um convite irrecusável?

Acima de tudo, foi repentino. E só foi possível porque os responsáveis do Figueirense foram fantásticos em todo esse processo. Os dirigentes do Castrense também o foram. Quando souberam que eu estava disponível e que tinha essa vontade, o Figueirense permitiu que fosse possível fazer esta mudança. No meio da época estas coisas nunca são fáceis, chegámos com o comboio em andamento, deixámos outro comboio, também, em andamento. A oportunidade que me foi proporcionada foi conseguida por todos os que me acompanharam ao longo dos últimos anos. Nunca esquecerei os jogadores que me acompanharam nos últimos anos, atletas que vivenciaram todas as experiências comigo, desde o futebol de formação até ao futebol sénior, possibilitando-me estar aqui hoje. Se calhar, fui um privilegiado por isso, mas eles certamente que, nos próximos tempos, estarão também nestes palcos.

 

Recebeu uma boa herança: uma equipa que, nesta época, já conquistou a Taça de Honra e que, a meio do campeonato, está a um ponto do líder…

Sem dúvida. Os treinadores, hoje em dia, trabalham todos muito bem. Trabalhar no Castrense é diferente de trabalhar noutros clubes, porque o Castrense permite-nos ter um leque maior de jogadores e um leque dos melhores jogadores. Foi isso que encontrei aqui. Uma equipa que está com muita fome de vencer e é essa fome que nós queremos levar para todos os jogos, todos os fins de semana, e conseguirmos conquistar três pontos.

 

O foco está na conquista do título?

O foco está em, todos os dias, conseguirmos devolver o Castrense a este público fantástico que esteve hoje no nosso estádio, para que, todos os dias, se identifiquem com a nossa forma de jogar e, sim, estando a questão do título, neste momento, ainda em aberto, não diremos que não temos essa ambição.

 

O próximo jogo para o campeonato será em Almodôvar. Mais um dérbi entre clubes vizinhos. Já olha para esse jogo?

Foi uma entrada com dérbis. Hoje, com o Aljustrelense, na próxima jornada com o Almodôvar. São compromissos que temos de enfrentar, seja em Castro Verde, em Almodôvar, em Aljustrel, onde quer que seja, temos de mostrar capacidade para os disputar. O Castrense está a um ponto do primeiro lugar e terá de entrar em todos os jogos a lutar pelos lugares cimeiros. Será isso que tentaremos fazer em Almodôvar. Daremos mais uma boa resposta, uma resposta à altura daquilo que é o pergaminho deste clube.

 

O seu, ainda curto, percurso como treinador tem sido caracterizado por uma ascensão meteórica…

Tenho tido a sorte de treinar os melhores jogadores e isso faz com que o percurso fique mais fácil. Como já referi, tive a felicidade de chegar aqui ao Castrense, mas devo tudo isso a esses jogadores magníficos com que trabalhei durante seis ou sete anos, que permitiram que me fosse oferecida essa oportunidade. No Castrense será igual, trabalho com os melhores jogadores, trabalho no melhor clube do distrito de Beja – para mim sempre o foi –, com todas as condições que nós temos, por isso, considero-me um sortudo.

Suceder a um treinador com o perfil de Carlos Guerreiro, o “Cajó”, orgulha-o? Sente essa responsabilidade?

O mister Carlos foi meu treinador, portanto, isso diz também um pouco do que são os tempos, do que são os momentos. Quando eu cheguei ao futebol sénior do Castrense era o mister Carlos que cá estava e ainda me treinou. O mister tem feito o seu trabalho, um trabalho que está à vista de todos e em todos os clubes por onde tem passado, mas o futebol é mesmo isto, quando alguém sai, alguém tem de entrar. É o nosso trabalho, não tem de existir qualquer ressentimento, saiu o mister Carlos, entrou o mister Rui. É o futebol de hoje em dia.

 

Falou com ele quando foi convidado para assumir o Castrense? O clube não revelou o motivo da sua saída?

Sim, tive a oportunidade de conversar com ele, mas a conversa que tivemos foi reservada, é para ficar apenas entre nós os dois. Não lhe posso dizer quais as razões para a sua saída do clube porque, na verdade, não as sei. Sei apenas que encontrei um grupo espetacular dentro daquele balneário. Um grupo que desde o primeiro dia aceitou a mudança, aceitou as minhas ideias, e o que fiz foi olhar para o Castrense e devolvê-lo aos adeptos e associados com esta alegria. O povo de Castro Verde gosta de ver jogadores da terra e treinadores da terra. Muitas vezes, diz-se que “santos da terra não fazem milagres”, mas aqui não serão necessários milagres, basta trabalho.

 

Esta ainda não é a sua “cadeira de sonho”?

Esta é uma cadeira onde eu ainda não tinha o objetivo de me sentar, nem o tinha programado. Foi algo repentino, ponderado e falado entre os clubes. Se disser que era isto que eu andava à procura, de facto não era, mas sinto um gosto enorme em estar aqui. Nunca programei nada, o meu objetivo era de ir evoluindo, pois queria estar preparado para quando chegasse essa oportunidade. Foi o que fiz ao longo destes sete anos, preparar-me bem para poder abraçar uma oportunidade como esta.

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