Diário do Alentejo

Pista municipal de galgos, na vila de Cuba, receberá final do campeonato nacional da modalidade

22 de setembro 2024 - 08:00
A modalidade está viva
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

A Taça da Associação Galgueira de Cuba disputou-se no passado fim de semana na Pista Municipal de Galgos de Cuba, competição reservada a concorrentes que disputaram, pelo menos, três provas do campeonato.

 

Texto Firmino Paixão

 

Uma prova única, num só dia, um momento de convívio entre os galgueiros, numa terra com uma forte tradição na modalidade e onde foram, por demais, visíveis as preocupações dos proprietários com o bem-estar, a higiene e a saúde física dos seus animais. Um troféu que terá servido de preparação, de aperitivo, se quisermos, para a grande competição que acontecerá no próximo dia 28, no mesmo local, a finalíssima do Campeonato Nacional de Corridas de Galgos, que reunirá concorrentes do Norte, Centro e Sul do País, e que terá organização da Federação Nacional de Galgueiros. Uma prova semelhante àquela que ocorreu há cerca de nove anos, quando a Pista Municipal de Galgos de Cuba, tida como uma das melhores do País, foi inaugurada. A competição do último fim de semana apurou vencedores de duas categorias, adultos (nacionais e importados) e cachorros (animais com menos de 24 meses).

Jorge São Brás, presidente da Associação Galgueira de Cuba, revelou ao “Diário do Alentejo” que a época constou de 13 provas, realçando o ineditismo de um seu cão, o Power, um galgo importado, ter conseguido o feito de se sagrar campeão em três anos consecutivos, algo que só acontecera antes, por outro animal de sua propriedade, mas nacional, o Sheik. “Uma história única em toda a vida galgueira de pista”, assinalou o concorrente cubense.

Quanto aos resultados do campeonato associativo, São Brás deu conta dos vencedores. “O Canil do Monte Pedral, de José Tomás Soudo, venceu na categoria de cachorros, com um animal de nome Mel, enquanto nos importados venceu o Power e nos nacionais o Cristóvão”, ambos de propriedade do presidente da Associação Galgueira de Cuba, nosso interlocutor.

O dirigente assumiu que, atualmente, não existem muitos criadores filiados na associação cubense, contudo, o número de associados, praticantes regulares, ou não, caminha para a centena, “um bom número”, realçou.

Olhando já para a finalíssima do campeonato nacional, Jorge São Brás adiantou que a prova se realizará no dia 28, com representações de todo o País, nomeadamente, as associações do Norte, Centro e Sul, em que cada associação competirá com os cinco melhores animais dos respetivos campeonatos, em cada uma das categorias – cachorros, galgos nacionais e galgos importados – para apuramento dos respetivos campeões nacionais. “Uma competição muito importante, que teremos o orgulho de receber mais uma vez, aqui em Cuba, na nossa pista de galgos. A modalidade está viva, está forte e com muita dinâmica, e as pessoas estão unidas”, assegurou.

“O cão galgo nasce para isto, o instinto destes animais é para correr, é liberdade, depois, como pode ver aqui, os animais são muito bem tratados, veja que todos temos ventiladores, higiene, a melhor alimentação e boas camas para os animais descansarem”. Uma afirmação que leva a questionar se está afastada aquela ameaça que, durante algum tempo, gerou uma incerteza quanto à possível ilegalização das corridas de galgos em face de alguns projetos-lei que circularam na Assembleia da República. Jorge São Brás afirmou: “É sempre assim, alguns pagam pelos outros. Aquele episódio que aconteceu com o João Moura, que chegou a participar em provas aqui em Cuba, veio, de alguma forma, denegrir a imagem dos galgueiros, mas nem todas as pessoas são iguais. O Moura tem bom caráter e é louco pelos galgos, o que acontece é que ele não é capaz de mandar matar um cão, nem mesmo quando envelhecem. Teria, porventura, uma centena de animais, os mais fortes alimentam-se, os mais debilitados vão enfraquecendo, e aconteceu o que aconteceu”, explicou.

A Federação Nacional de Galgueiros, entidade que tutela a modalidade, é constituída pela Associação de Galgueiros e Lebreiros do Norte, Associação Galgueira do Centro e Associação Galgueira do Sul, com atividade suspensa desde 2020, sendo representada, atualmente, pela associação cubense. Será fácil manter uma associação desta natureza? “Fácil não é, mas contamos com as ajudas do município e da junta de freguesia, depois temos de gerir as situações que vão surgindo. Mas nós temos uma associação muito bem equipada, temos a única pista do País onde se podem realizar corridas noturnas. Não temos dinheiro, mas estamos muito bem equipados. Só existe uma pista como a nossa no Norte do País, mas é privada, é uma pista de relva, muito boa”.

Por outro lado, galgueiro não é quem quer: “Ter um galgo exige uma grande dedicação, o cão tem de ser pesado todas as semanas, a alimentação também é doseada e pesada todos os dias, o cão tem um plano de treino a cumprir, corre dia sim, dia não, o tempo em que caminha aumenta progressivamente todos os dias, depois, a nossa associação não deixa participar nenhum cão que não esteja totalmente legalizado e que não cumpra as exigências veterinárias”. Depois, ao valor sentimental acresce o valor financeiro. Jorge São Brás revelou: “O valor de um cão depende do seu palmarés e do carinho que se tem por eles. O meu campeão nacional, o Cristóvão, pode valer oito mil euros, o meu Power valerá 30 mil euros, mas não o venderei por dinheiro nenhum. O cão importado valerá entre os cinco e os 10 mil euros. Os cachorros são mais baratos, com dois meses, valerão entre os mil e os mil e quinhentos euros”.

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