O poder local democrático em sintonia com o movimento associativo desportivo, unindo esforços para valorização dos seus equipamentos. Foi esta a tónica de um fim de semana em que foram inaugurados três relvados sintéticos na região: em São Marcos da Ataboeira, Entradas e Salvada.
Texto e Fotos Firmino Paixão
O Clube Desportivo e Re-creativo Salvadense, no concelho de Beja, o Futebol Clube de São Marcos e a Sociedade Recreativa e Desportiva Entradense, ambos no concelho de Castro Verde, possuem, desde o último fim de semana, os seus campos de jogos requalificados e com piso de relva sintética.
O Campo de Jogos Terra do Pão, o Campo de Jogos João Celorico Drago e o Campo de Jogos António José Marques ganharam uma nova coloração, que acrescentou uma nova responsabilidade e o compromisso com novos e melhores desafios para os seus proprietários. Potenciar o investimento, apelando à comunidade, jovens e menos jovens, para a sua utilização e práticas de vida saudável. São recintos prioritariamente dirigidos à prática de futebol, mas serão espaços – assim seja feito um apelo forte e eficaz à criatividade dos dirigentes – que de diferentes formas podem ser colocados ao serviço das diferentes comunidades.
Foram investidos mais de 296 mil euros na Salvada, mais de 278 mil em Entradas e mais de 295 mil em São Marcos (inclui cerca de 17 mil euros do arrelvamento do polidesportivo). Cerca de 870 mil euros no total, com comparticipações menores dos clubes e das juntas e uniões de freguesias, intermédias, através do Programa Crescer/24, canalizado pela Federação Portuguesa de Futebol através da Associação de Futebol de Beja (181 mil euros), e a maior fatia, de investimento público, através das autarquias. Nos tempos mais recentes, foram 10 os campos de futebol de equipas filiadas na Associação de Futebol de Beja que viram os seus espaços desportivos requalificados, com a implantação de relva artificial. São agora 35 os espaços relvados existentes. Outros virão muito em breve, porque existem processos em curso.
Enfim, foi um fim de semana de gala em três pequenas localidades do distrito. Momentos que foram igualmente associados a atividades culturais, com a presença da banda da Sociedade Musical de Instrução e Recreio de Aljustrel, em São Marcos de Ataboeira, e a atuação da banda da Sociedade Filarmónica 1.º de Janeiro, de Castro Verde, na vila de Entradas. Os discursos, as danças de palavras, andaram, quase sempre, à volta da citação do legado deixado por Fernando Pessoa, “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, no seu poema “O Infante” (Mensagem, 1934, Ática). Sim, o sentimento do sonho realizado foi comum entre os dirigentes que viram os seus espaços requalificados. O sonho dos que estão, o sonho dos presentes, mas ausentes da atividade, e o sonho de muitos que já partiram.
Manuel Carvalho, presidente do Salvadense, disse-o claramente: “Hoje cumprem-se os sonhos de todos nós. Alguns, infelizmente, já partiram, mas certamente que, estejam onde estiverem, será também para eles um dia de felicidade, como é para todos nós”. Paulo Arsénio, presidente do município de Beja, revelou, com sinceridade: “Este sintético não era uma prioridade para este mandato autárquico. Realmente, não era. Dissemo-lo várias vezes, referindo que a prioridade deste mandato seria outra, nomeadamente, a estrada entre Beja e Salvada, obra que está a decorrer, e depois logo chegaríamos, no mandato seguinte, às infraestruturas desportivas, onde o sintético da Salvada estaria englobado”. Porém, assumiu que o processo foi agilizado “quando a Associação de Futebol de Beja abriu um programa de apoio financeiro para o efeito”. “Abriu-se esta janela de oportunidade”, disse.
No mesmo sábado, à tarde, o líder do São Marcos, Joel Tomé, lembrou: “Tinha 10 anos, andava a correr à volta do campo com o professor Silvério e ele disse-me: ‘Já viste se este campo fosse relvado?’. Respondi: ‘Isso nunca chegará a São Marcos, mas foi um sonho que passei a alimentar’”. Mais adiante, o presidente da Câmara de Castro Verde, António José Brito, juntou Manuel Batista e Joel Tomé, tio e sobrinho, atual e antigo presidente do São Marcos, e afirmou: “Creio que isto é que vale a pena, a capacidade de, ao longo dos anos, fazermos, em conjunto, o que uns sonham muito, como, há 25 anos, me disse o senhor Manuel Batista, e, agora, o sobrinho, que teve o mesmo sonho, assumir o lugar do tio e ver concretizado o que ambos desejaram”.
Na manhã seguinte a festa aconteceu em Entradas. Carlos Pinto, presidente do clube local, convergiu na ideia: “O dia de hoje marca o início de um ciclo, porque este relvado é ‘a cereja no topo do bolo’ para o futuro do clube e da nossa terra. Um projeto que era uma ambição, um sonho muito antigo. O campo é do Entradense, mas é para toda a vila de Entradas e para o concelho de Castro Verde”, rematou.
António José Brito, de novo como autarca anfitrião, começou por recordar todos os entradenses que integram e integraram os corpos sociais do clube, todos os associados e todos os atletas, lembrando que “o Entradense tem uma história que os honra”, mas salientou: “Tivemos a capacidade de cumprir um plano dentro de um curto espaço de tempo que alguns céticos só consideravam possível em 2026”. Seguir-se á, no futuro, o campo do Desportivo da Sete, prometeu.
Joel Tomé Presidente do Futebol Clube de São Marcos da Ataboeira
Carlos Pinto Presidente da Sociedade Recreativa e Desportiva Entradense