Diário do Alentejo

“A manutenção. Ponto final!”

17 de agosto 2024 - 08:00
Rui Reis, treinador da equipa sub/19 do Desportivo, tem objetivos ambiciososFoto| Firmino Paixão

O Campeonato Nacional de Juniores (sub/19), época 2024/2025, terá início no dia 31 deste mês. Competirão 50 clubes e três são alentejanos: O Elvas, Lusitano de Évora e o Clube Desportivo de Beja, emblema que regressa a este patamar, após uma prolongada ausência de duas décadas.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

O título de campeão distrital de juniores, da época passada, foi discutido até aos últimos momentos da prova pelo Sporting Clube Figueirense e pelo Clube Desportivo de Beja. Levou a melhor a formação da “capital do melão” que, empatando em Beja, ergueu o troféu, porém, sem direito a disputar a prova nacional, por falta de certificação como “entidade formadora”. Coube, por isso, aos bejenses, avançarem para um regresso que põe termo a uma ausência de duas décadas. “Não trocava aquela taça por esta participação no nacional. Não é ser hipócrita, mas é dizer a verdade, sempre fui a favor de qualquer clube, independentemente das rivalidades, disputar as provas nacionais, porque só assim é que os miúdos crescem”, afirma Rui Reis, treinador dos sub/19 do Desportivo de Beja.

 

Olhos postos neste regresso do Desportivo de Beja ao campeonato nacional de juniores? Será uma responsabilidade…Sem dúvida. Responsabilidade é a palavra certa no contexto em que estamos inseridos, porque voltamos vinte anos depois. Até já tivemos oportunidade de nos cruzar e partilhar algumas ideias com essa equipa que, há vinte anos, esteve no nacional. Foi um convívio muito engraçado que fizemos recentemente. Mas isso mostra, acima de tudo, o grande crescimento que o clube tem tido. Com uma direção, ou comissão, como lhe queiram chamar, que tem feito muito trabalho em prol destes e de muitos outros miúdos que estão no clube. Vamos assumir este campeonato com expectativas altas. O Desportivo de Beja é um clube centenário, está habituado a estes momentos e, neste ano, tem três equipas nos campeonatos nacionais.

Quando fala em perspetivas elevadas, qual é o compromisso que está a assumir?Somos ambiciosos – como diz o grande treinador que é o Ruben Amorim –, iremos jogo-a-jogo e a história tem de ser um bocadinho por aí. Mas temos de ser ambiciosos e temos de assumir que o objetivo é a manutenção. Ponto final! Quando isto terminar, se falharmos, estaremos cá para dar a cara, como em tudo na vida. Mas temos de ter ambição. Sabemos que iremos errar aqui ou ali, mas também temos a certeza de que iremos acertar muito mais do que erraremos. Não tenho dúvidas nenhumas, tendo em conta o grupo com o qual trabalho, entre treinadores e dirigentes, e, acima de tudo, estes jovens. Temos a maioria do plantel do ano passado, conseguimos alguns reforços que vieram mesmo para ajudar e estamos a construir uma boa equipa, tendo em conta as limitações que existem no nosso distrito e as dificuldades que toda a gente sente em termos de quantidade e qualidade. Mas penso que conseguimos reunir um grande grupo, para podermos atacar a manutenção.

Conquistando o maior número de pontos na primeira fase, por que eles serão divididos ao meio quando iniciarem o segundo momento competitivo?Exatamente. A nossa estratégia passa por irmos jogo-a-jogo, conquistando o maior número de pontos numa primeira fase. Na segunda, havendo essa divisão de pontos, claramente que acaba por deixar as equipas mais equilibradas. Mas tentaremos sempre conquistar os três pontos, para conseguirmos uma boa pontuação o mais rapidamente possível. Sabemos as dificuldades que iremos encontrar, defrontaremos equipas muito boas, com grandes plantéis e grandes condições, seguramente, melhores do que as nossas. Não temos problemas em assumir isso. Agora, o profissionalismo estará onde o quisermos inserir. A ambição não se compra, temos de ser ambiciosos, e somos muito. Estamos neste campeonato para nos mostrarmos, para mostrarmos que existe aqui qualidade. A nossa maior vitória será colocar estes miúdos na ribalta, se possível, em equipas que estão no Campeonato de Portugal, como o Moura e o Serpa.

Ou numa futura equipa sénior do próprio Desportivo de Beja. Chegará o momento em que isso acontecerá…O objetivo desta equipa passará, inevitavelmente, pela manutenção, para podermos continuar na próxima época no campeonato nacional deste escalão, independentemente de quem liderar a equipa técnica. O clube merece ter uma equipa sénior. São os seniores que dão mais visibilidade e melhor projetam um emblema e o Clube Desportivo de Beja não poderá fugir a essa regra.

A segunda fase será disputada por oito equipas e serão despromovidas quatro. Não acha um pouco violento?Sim, mas podemos olhar para esses números de outra forma. Partimos iguais às outras equipas, temos cinquenta por cento de probabilidades de nos mantermos e igual percentagem de probabilidade de descermos. Temos de olhar é para a metade superior.

Confia no plantel para que o percurso seja bem-sucedido?Nós assumimos um compromisso desde o início. Só está aqui quem acredita firmemente que conseguimos. Dirigentes, treinadores e atletas terão de acreditar nas nossas ideias. Nós acreditamos na qualidade de todos os jogadores e, acima de tudo, teremos de formar um grande grupo, é isso que temos feito na pré-época, fortalecer o espírito de grupo, para que, no final, todos possamos sorrir, ou então, se for para chorar, choraremos todos.

É essa grande confiança que o define como treinador?Sem dúvida. Vou para a minha quarta época no Clube Desportivo de Beja. Sinto-me muito feliz aqui. Os dirigentes têm sido fantásticos, conseguiram reorganizar este clube e o apoio que nos dão é algo que nos permite reforçar a confiança que temos neste grupo de atletas. Se não acreditarmos em nós próprios, dificilmente as outras pessoas acreditarão. Estamos num meio muito pequenino, mas também num meio muito mesquinho. Conseguem, mais facilmente, dar-nos uma palmadinha nas costas quando perdemos do que virem com sorrisos falsos e irónicos quando se ganha. Sabemos ao que vamos. Sabemos as dificuldades que vamos encontrar, mas a ambição, aquela vontade, aquele crer, são as características da nossa equipa e tenho a certeza de que com o grupo de atletas que aqui temos é isso que acontecerá.

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