O relvado sintético do Campo de Jogos António Joaquim Pestana Baltazar povoa-se de meninos de diferentes idades que, através do evento “Football Summer”, perseguem o sonho de serem futebolistas de eleição.
Texto e Foto | Firmino Paixão
Por agora, os argumentos são a alegria dos movimentos, a irreverência, própria da idade, e a disponibilidade para mostrarem o seu talento aos treinadores. São os miúdos (as meninas ainda não despertaram para a prática do futebol) que aderiram ao programa da segunda edição do “Football Summer”, aos quais se juntam outros que responderam à iniciativa de captação de traquinas e petizes para futura representação de um clube que está rejuvenescendo, numa freguesia com uma dinâmica crescente.
António Baltazar é o atual presidente do Grupo Desportivo e Recreativo de Faro do Alentejo, fundado em 1991, com um passado feito em competições do Inatel e, que, pelo segundo ano consecutivo, disputará a segunda divisão da Associação de Futebol de Beja. O sucesso da primeira iniciativa suscitou a ideia de a repetirem, admitiu o dirigente: “A primeira edição do ‘Football Summer’, que realizámos no ano passado, teve uma boa adesão. Vieram muitos miúdos, também tivemos raparigas, neste ano é que não. Conseguimos replicar a iniciativa neste ano, para miúdos dos nove aos 15 anos. Recebemos 25 inscrições e fizemos duas turmas. Não foi possível fazermos uma terceira, rejeitámos inscrições, porque o António Serrano, o nosso treinador, não tinha quem o ajudasse e, sozinho, não conseguiria receber mais miúdos”.
Quanto ao objetivo principal deste evento formativo, assegurou: “A nossa prioridade é proporcionarmos a prática desportiva a estes miúdos. Temos apenas uma equipa de traquinas, que já estará em atividade nesta época. Pretendíamos também criar uma equipa feminina, mas as meninas não se querem misturar com os rapazes, as mães e os pais não aceitam que elas se insiram em equipas mistas”.
Todos estes jovens são naturais da freguesia de Faro do Alentejo, alguns da sede de concelho, não será, portanto, por falta de miúdos que o clube não avançará para outros escalões? “Claro, qualquer escalão que queiramos aqui formar, seja de traquinas, petizes ou até de seniores, nunca deixaremos de o fazer por falta de atletas. Será, porventura, por falta de pessoas que queiram abraçar o projeto e fazer com que as coisas da nossa terra não acabem”. Depois, os apoios, facto que António Baltazar minimiza: “A nossa proximidade com o município de Cuba é boa, aliás, como é com qualquer outra associação do concelho. A câmara municipal também tem feito um excelente trabalho nesta área do associativismo, dá-nos todo o apoio que é necessário, quer logístico ou financeiro. Temos um grande apoio, quer da Junta de Freguesia de Faro do Alentejo, quer do município de Cuba”.
E, desde logo a, ainda recente, implantação do piso sintético no campo de jogos, atalhámos. “Sim, foi um grande benefício para a freguesia, um campo muito mais apelativo para que os miúdos, e até os adultos, pratiquem futebol”. Por outro lado, anunciou: “Em janeiro próximo iremos ter também um piso sintético no polidesportivo, uma obra da junta de freguesia, a que se juntará a construção de uma vedação neste campo, porque temos aqui um problema, pois há pessoas que vêm para aqui durante a noite, partem, deixam lixo, restos de comida, enfim… É um problema. Por isso, o espaço irá ser vedado”.
Mas a atividade do clube não se limitará ao futebol, garantiu António Baltazar: “Somos uma associação recreativa que, em breve, promoverá várias atividades para todas as faixas etárias. Quando a época regular dos seniores, e dos traquinas, estiver em andamento, dedicar-nos-emos a essas atividades, que serão totalmente gratuitas, nomeadamente, ginástica para seniores. Também já assumimos a organização das Festas em Honra de São Luís, uma organização que nos permitiu ter um suporte financeiro para conseguirmos crescer um bocado em termos de clube e, em breve, teremos igualmente uma secção de pesca desportiva”. Contributos, inequívocos, para a dinâmica e projeção do clube, assumiu: “Queremos ter um pouco mais de visibilidade, somos conhecidos no nosso concelho, mas queremos que nos conheçam para além das suas fronteiras. Queremos dar a conhecer os nossos projetos e as nossas atividades, pois somos um clube a caminhar para as quatro décadas de existência. Temos de sair um bocado desta espécie de anonimato”.
Porém, o facto de a equipa sénior já competir a nível federado é um passo para que isso aconteça. “Foi uma aposta muito positiva. Estive ligado ao clube, durante 10 anos, como atleta, o meu pai foi dirigente e treinador, o campo de jogos tem o nome do meu tio, e eu quero continuar este legado. Houve sempre um certo receio de o clube deixar as competições do Inatel e federar-se, por causa da vertente financeira, mas a aposta, na época passada, foi positiva, e será por este percurso que iremos continuar”.
E o futuro? “O nosso compromisso, nesta época, será com os traquinas e com os seniores. Para fazermos algo mais precisamos que outras pessoas se juntem a nós. No próximo ano pensaremos nos benjamins. Só por o investimento que foi feito neste campo de jogos, mas não só, vale a pena promovermos o crescimento do clube, porque estamos igualmente a promover o crescimento da nossa terra. Temos cerca de 100 associados. Falta-nos adquirir um transporte próprio, mas esse será um projeto para concretizarmos em breve. Temos pernas para andar, sem obsessão pelos resultados, mas com a ideia de construirmos uma família. A nossa maior vitória será essa”, concluiu.