O Corta-Mato de Natal 2024 realizou-se no baldio adjacente ao Campo de Jogos do Grupo Desportivo Messejanense. Uma organização da Associação de Atletismo de Beja (AAB), patrocinada pela Junta de Freguesia de Messejana e com o apoio do Núcleo de Atletismo e Recreio de Messejana.
Texto e Foto | Firmino Paixão
A competição, aberta aos escalões de benjamins a veteranos, teve a participação, diminuta, de 67 atletas, dos quais apenas 14 formaram o pelotão principal do certame (juniores, seniores e veteranos), que percorreu os 4000 metros.
Desses 14, nove atletas eram do Núcleo de Messejana, duas atletas do Vasco da Gama de Sines, dois do Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira e um do Grupo Desportivo e Cultural Mombeja. Uma reunião que, além dos clubes já referidos, contou ainda com a presença de jovens atletas da Juventude Desportiva das Neves e da Casa do Benfica em Almodôvar. Os atletas da casa dominaram, conseguindo os dois pódios absolutos e o triunfo coletivo.
No final, Joana Capelo disse ao “Diário do Alentejo”: “O corta-mato correu bem, embora eu me tenha sentido melhor na última prova que fiz, que foi o Crosse dos Cavaleiros. Hoje senti-me um bocadinho mais fraca, ainda assim, deu para ganhar e adorei. Pouca gente aderiu, foi pena, infelizmente as pessoas procuram muito os prémios monetários e esta prova não os tinha”. Quanto a objetivos futuros, Joana apontou: “O meu objetivo pessoal é melhorar a marca dos 10 quilómetros. Sou atleta de estrada, não sou de trail, nem de corta-mato, mas vim para ajudar a equipa”.
E ajudou, com o primeiro lugar feminino. Os próximos compromissos da atleta passam pelo campeonato nacional de estrada, na Figueira da Foz, e por uma prova no Seixal: “Já não tenho muita margem para sonhar com pódios, porque a idade não perdoa, comecei tarde, mas ainda quero melhorar os meus registos”.
Pedro Lopes, o vencedor masculino, considerou: “Foi uma prova dura, só posso dizer que me correu muito bem, porque ganhei. O percurso era duro, muitas curvas com sobe e desce constante, era uma prova muito exigente, a chuva do dia anterior tornou o piso um pouco mais macio, mas ainda assim difícil”. Comentando a fraca adesão, lamentou: “Infelizmente estiveram aqui tão poucos atletas. É pena o atletismo regional estar como está. Se esta prova fosse no Norte talvez nem conseguíssemos meter aqui os atletas todos. No Sul temos este problema. Temos de tentar dar a volta a isto. Andamos aqui todos por amor à camisola, não quero acreditar que seja o dinheiro ou a inexistência dele que não traz mais atletas a estas corridas. O convívio entre todos também é importante, porque aqui fazemos amigos. Por esse país fora as provas estão cheias de participantes e no Alentejo foi o que se viu”.
Uma prova para consumo interno, com pouquíssimos participantes e a maior parte deles do clube da casa. Jorge Aniceto, coordenador da AAB, admitiu: “Foi a prova possível. A Junta de Freguesia de Messejana, entidade organizadora, desafiou-nos a fazer esta prova num sábado de manhã, era o momento que pretendiam e nós fizemo-la. A adesão dos clubes foi o que se viu, veremos como irá ser a época. Viemos de um crosse, em Serpa, bastante participado, aqui ficámos muito aquém das expectativas. O trabalho, para nós, é exatamente o mesmo, tendo aqui 50 atletas ou se tivéssemos 150: o percurso estava montado, ficámos com pena”.
Sobre a fraca adesão, o responsável fez notar: “Não sabemos bem o que se passa, vamos ter uma reunião de clubes em breve. A associação tem passado por um período de alguma instabilidade, porque está sem direção eleita, vamos ouvir o que os clubes vão dizer, para tentarmos perceber o que se passa, para podermos, eventualmente, melhorar ou corrigir, se for esse o entendimento. Neste momento, a oferta de provas também é extremamente elevada, desde as provas de trail às de estrada. Veremos o que querem os clubes fazer. Na próxima reunião com eles tentaremos sentir o pulso”.
Porém, não escondeu alguma frustração: “É claro que ficámos algo frustrados. Saímos de Beja muito cedo e viemos com todo o gosto marcar a pista para o corta-mato. Cumprimos com aquilo que são os nossos compromissos, os nossos deveres, enquanto associação, agora a participação foi o que foi: muito fraca. Temos de avaliar o que se passará e tentar melhorar. Neste caso, a junta de freguesia apontou para este sábado de manhã e nós só tínhamos de respeitar”.
Rejeitando quaisquer sinais de algum declínio do atletismo regional, o coordenador afirmou: “Para já, não vou por aí, porque no campeonato distrital, em Serpa, tivemos uma participação acima das expetativas”. No entanto, reconheceu: “A associação está num momento difícil. Não tem direção, estamos a tentar levar as coisas a bom porto, mas não vejo os clubes muito preocupados. Porém, terão de perceber que a associação é dos clubes. Se estes não estiverem preocupados, ou não colaborarem, será complicado manter um calendário com todas as atividades que temos e que nos preenchem todos os fins de semana”.