Diário do Alentejo

UD Odemira pratica atletismo movido pelo mais puro amadorismo

07 de julho 2024 - 08:00
Quem corre por gosto…
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Correr por paixão alimenta a motivação. A corrida, movida pela genuína ideia de que o exercício físico é benéfico para a saúde, é o mote deste grupo de atletas, jovens e menos jovens, alguns com um palmarés repleto de importantes conquistas, que se aliou à União Desportiva de Odemira.

 

Texto Firmino Paixão

 

Os palcos do atletismo regional viram desfilar, há algum tempo, não muito, umas novas camisolas. Os rostos eram familiares, o símbolo e o colorido do equipamento é que constituiram a novidade. Um grupo de atletas oriundos do concelho de Odemira, território onde o movimento associativo desportivo é forte e diversificado, também nestas modalidades que são o atletismo e o pedestrianismo, nada fazia prever qualquer cisão ou rescisão. A verdade é que o pelotão das maiores provas regionais de atletismo passou a contar com um novo símbolo, o da União Desportiva de Odemira (UDO).

Ilídio Campos, um dos membros da nova família desportiva do litoral alentejano, revelou: “Somos um grupo de amigos que gosta de participar em provas populares. Por enquanto, não temos objetivos de nos filiarmos na associação regional, embora tenhamos já sentido alguma persistência da parte da Associação de Atletismo de Beja para nos federarmos, alegando que seria melhor para nós, nomeadamente, pelo facto de ficarmos cobertos por um seguro, mas, por enquanto, ainda estamos a estudar essa possibilidade e, eventualmente, será uma decisão a tomar no futuro”. Para já, garantiu Ilídio Campos, são “cerca de uma dezena de atletas”. “Mas, quando as provas são abertas a diversos escalões, nomeadamente, na área da formação, um sempre leva o filho, outro o sobrinho e, neste ano, no Circuito Vila de Odemira, conseguimos ter uma participação de 31 atletas. Até vencemos um prémio que estava instituído para a equipa com a representação mais numerosa”.

Todos os membros da União Desportiva de Odemira já praticavam atletismo, sendo Ilídio Campos aquele que, do grupo, o faz há mais tempo. “Eu sou o mais antigo nesta modalidade, já tenho mais de 40 anos no atletismo. Sou, atualmente, o mais antigo. Brevemente poderemos contar com Luís Candeias, que conhecemos por ‘Mileca’. Reformou-se recentemente e, na próxima época, já contaremos com ele”.

Mas, afinal, o que os faz correr? “Gostamos da prática desportiva. É mais por aí. O nosso objetivo é praticar uma atividade que é saudável, conhecermos outras pessoas e convivermos com os amigos. Esses, sim, são os nossos grandes objetivos, ainda que tenhamos atletas com bastante valor, como, por exemplo, José Poeira, que já foi campeão nacional várias vezes, nas distâncias de 1500 e 3000 metros, mas em representação do Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira. Ele agora está menos virado para as provas de pista, quer participar mais em provas populares, como nós”.

Sim, a maior parte deles eram atletas do Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira. Essa é a questão: por onde “partiu a corda”, ou seja, a ligação ao antigo clube? “Realmente, muitos de nós já representámos o Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira, depois saímos e começámos a correr pelo UDO. Já nos convidaram a regressar, mas, na verdade, nós não temos os mesmos objetivos que tem o Núcleo e, para não existirem conflitos, entendemos não continuar. O que aconteceu foi que nós combinávamos ir participar em certas provas e os responsáveis do Núcleo entendiam que não, que devíamos ir a outras. Isso gerou alguma insatisfação e acabámos por nos separar, mas temos as melhores relações com toda a gente, atletas e dirigentes, apenas sentimos que as estratégias estavam a divergir”.

A idade ainda não lhes pesa, essa é a verdade. Ilídio Campos (na foto, o segundo a contar da direita) é um dos exemplos dessa vitalidade. “Se não fossem alguns problemas de saúde que tenho sentido, estaria melhor, mas os problemas estão a ser tratados e espero, em breve, recuperar a minha melhor forma, para poder competir mais a sério”. A competição, contudo, requer uma rotina de treinos. “Eu ainda vou treinando duas vezes por semana”, admitiu adiantando: “Mas temos colegas de equipa que fazem quatro ou cinco treinos por semana, nomeadamente, o António Silvestre, um nosso atleta que tem participado em alguns trails de longa distância. É o nosso atleta que faz maior número de quilómetros”.

Se a filiação é uma questão em análise, num momento posterior faria sentido alargarem a atividade, por exemplo, dando a oportunidade aos netos. “Se chegarmos a ser federados, pode ser que façamos esse percurso”, admite Ilídio Campos. “Temos um amigo que foi dirigente do Clube Fluvial Odemirense e que gosta muito de questões burocráticas. Se ele se juntar a nós, pode ser que isso aconteça, porque nós não temos essa possibilidade, cada um tem a sua profissão, não temos disponibilidade. Teremos que elaborar os estatutos, registá-los, filiarmo-nos na Associação [de Atletismo de Beja], e isso, hoje em dia, é quase tudo on line e agora ainda não temos ninguém que nos oriente nessa área. No final desta época faremos uma reunião e, nessa altura, iremos ver que rumo tomarão as coisas”. Os apoios, claro, não são muitos, admitiu. “As necessidades são, naturalmente, maiores do que os apoios. Por ora, apenas temos uma empresa imobiliária que nos patrocina os equipamentos. Para conseguirmos o apoio do município teremos de nos filiar na associação da modalidade. Por agora vamos fazendo tudo a expensas próprias. Quem corre por gosto…”, concluiu.

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