Um mês e meio de competição, sete torneios em sete fins de semana diferentes, 1800 jovens atletas em ação nos escalões de traquinas, benjamins, infantis, iniciados e juvenis. Eis o Mértola Cup 2024.
Texto e Fotos Firmino Paixão
A competição tem decorrido no Estádio Municipal de Mértola, palco para o desfile de talentos, para expressão de emoções e sentimentos. O futebol é um pouco de tudo isto, e os jovens candidatos a futebolistas são os intérpretes mais fiéis e rigorosos deste misto de emoções, pela sua inocência, pela sua doce ingenuidade, atributos que muitas vezes, mais do que imaginamos, os tornam exemplo para os que, do lado de fora das quatro linhas, vivem o jogo não apenas pela simples diversão.
No último fim de semana estiveram na “Vila Museu” 20 equipas nos escalões de sub/10 e sub/11. Uma estreante na competição: a Juventude Futebol Clube Sarilhense, clube presidido pelo treinador Tiago Fernandes, filho de Manuel Fernandes, o “eterno capitão” do Sporting Clube de Portugal – falecido um dia antes, que os meninos e meninas vindos de Sarilhos Grandes homenagearam com a expressão “As lendas são eternas”. Foi bonito. Estas são as emoções do futebol, os sentimentos que engrandecem o jogo da bola, exemplos que se devem multiplicar pelos campos de futebol.
Pois bem, vamos ao Mértola Cup, dirigido, desde há cinco edições, pelo empresário Bruno Costa, que nos apresentou a competição que terminará no dia 14: “São sete fins de semana consecutivos de futebol jovem em Mértola. Temos vindo a crescer. Isto começou, em 2013, por ser um torneio para coincidir com as Festas da Vila e, atualmente, temos quase todos o escalões. Só não temos os sub/18 ou sub/19, de resto, temos todos os outros escalões de formação e a realidade é que os clubes continuam a regressar anualmente a Mértola. Aliás, já temos equipas que se querem inscrever para 2025”. Significa que, mesmo antes de se concluir esta edição, já se olha para 2025? “Não sabemos se em 2025 teremos oportunidade de organizar o Mértola Cup, porque o sintético precisa de ser mudado com alguma urgência, pois já passou, há muito, o seu tempo de vida útil. Mas vamos ver, por nós estaremos cá para regressar, em 2025, com o Mértola Cup”.
Porém, ali ao lado, na margem esquerda do “grande rio do sul”, a Mina de São Domingos está prestes a inaugurar um relvado no Campo Crosse Brown, uma excelente oportunidade de descentralização do evento, lembrámos: “O problema é que o campo não possui as condições que temos em Mértola e isso implicaria outro tipo de logística. Queremos crescer, sim, mas de forma sustentada. Os nossos atletas pernoitam em salas de aula, o número desses espaços também não aumenta exponencialmente, só poderemos aumentar se tivermos logística para isso, se tivermos apoio para o fazermos, nomeadamente, da autarquia e, principalmente, em termos de transfers, porque eles são dispendiosos e se nós quisermos crescer e, eventualmente, descentralizarmos a prova para a Mina de São Domingos, admitindo que seria importante fazê-lo nos dois locais, teremos de o fazer com os pés bem assentes na terra”.
Os objetivos que foram ancorados à criação do Mértola Cup, esses, estão incólumes, garantiu Bruno Costa: “Perfeitamente. Estamos a falar de um torneio de futebol de formação, mas eu, como organizador, noto que os comportamentos estão a mudar. Mudar na perspetiva e em linha com a Federação Portuguesa de Futebol, com a não publicação de resultados em competições a este nível. Também não o fazemos, comunicamos apenas aos treinadores. Tentamos que a ‘campeonite’ não exista, nem que seja o principal fator de motivação, mas isto é apenas formação, apesar de, às vezes, assistirmos a determinados comportamentos de que não gostamos. Tentamos sempre que as pessoas venham passar um fim de semana a Mértola, que os miúdos, os pais ou outros familiares que os acompanham também se divirtam e desfrutem da beleza natural de Mértola e de tudo aquilo que nós temos para lhes oferecer. Tudo isso tem sido conseguido, temos esgotado a hotelaria e a restauração e feito movimentar a vila de Mértola”.
Crescer de forma sustentada é o lema da organização e Bruno Costa revela algumas ideias: “Tentamos sempre melhorar a nossa organização, de edição para edição temo-lo feito. Nunca tivemos qualquer tipo de reclamações. Os clubes felicitam-nos pela organização e pelos pormenores que lhe estão subjacentes. Temos muita preocupação com os horários, com aspetos que parecem menores, mas que acrescentam rigor à organização. Fazemos as coisas com empenho e dedicação e estamos de braços abertos para receber toda a gente com um sorriso nos lábios, procurando que estes torneios sejam momentos de formação e que os miúdos saiam daqui felizes e que as famílias gostem e acabem por voltar. Porque é isso que verificamos anualmente, o regresso de toda a gente, ano após ano, porque os sabemos receber, temos um território com uma beleza natural invulgar, temos um rio, o Pulo do Lobo, temos uma praia fluvial e pessoas que sabem receber de uma forma acolhedora. Estamos a promover o território, porque, estando longe dos grandes centros urbanos, teremos de potenciar esta região”.
O Juventude Sport Campinense festejou as vitórias em sub/10 e sub/11. O Mértola Cup regressa neste fim de semana.