Diário do Alentejo

Associação Regional do Baixo Alentejo de Pesca Desportiva descentraliza atividade

25 de agosto 2023 - 11:00
Se o peixe não quer…
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

António Combadão (Clube Mourense de Amadores de Pesca e Caça Desportiva) e António Nunes (Clube de Amadores de Pesca do Baixo Alentejo) lideram os Campeonatos Regionais de Masters e Veteranos, quando falta uma só prova para o fecho dos campeonatos promovidos pela Associação Regional do Baixo Alentejo de Pesca Desportiva.

 

Texto Firmino Paixão

 

A barragem de Serpa foi o palco escolhido pela Associação Regional do Baixo Alentejo de Pesca Desportiva (Arbapd) para ali realizar a terceira e penúltima prova dos Campeonatos Regionais de Masters e Veteranos. Uma escolha que, mais adiante, se perceberá.

 

O master Bento Raposo e o veterano Amílcar Bartolomeu, ambos do Clube de Amadores de Pesca do Baixo Alentejo/Alvito, entraram nos seus pesqueiros, na albufeira da barragem de Serpa, na qualidade de líderes dos respetivos campeonatos.

 

Bento Raposo tinha assinado duas boas pescarias, no Chança (8,595 quilogramas) e em Odivelas (6,525). Bartolomeu veio de Odivelas com um registo de 9,220 quilogramas. Nesta terceira prova, um e outro nem chegaram ao quilograma, tão pouco o peso dos dois, um problema quase generalizado (com uma ou outra exceção) entre os concorrentes em prova.

 

Raposo e Bartolomeu caíram para os segundos lugares, ultrapassados por António Combadão e António Nunes, presidente e vice-presidente da direcção da Arbapd. No dia 1 de outubro, na barragem do Roxo, na quarta e última prova dos campeonatos, acertar-se-ão as contas.

 

Na margem da barragem de Serpa, Bento Raposo, de 58 anos, natural de Sobral da Adiça, lamentava-se: “Não correu nada bem. Quando aqui cheguei, gostei do pesqueiro, tinha fundo, foi bem sondado, bem engodado, mas o peixe não colaborou, as espécies não encostaram à margem. Fiz as duas primeiras provas com imensas capturas, cheguei aqui no primeiro lugar, já nem sei para que lugar cairei. No ano passado fui campeão, neste ano gostava de revalidar o título, acho que todos somos assim”. Mas não desanimou. “Vamos ver como me irá correr a última prova. No ano passado fui lá campeão só com ‘abletes’, o peixe grado, pimpões e carpas, não me apareceu”.

 

O novo líder do campeonato de veteranos é António Nunes, responsável na Arbapd pela área de água doce que, perante os fracos resultados da generalidade dos concorrentes, explicou: “A barragem de Serpa é sempre difícil. É uma barragem que tem peixe, mas as espécies não encostam bem à margem e só nas últimas horas de prova é que se conseguem algumas capturas. Mas, é o que temos nesta zona e como a associação gosta de organizar as suas provas pelos territórios mais próximos dos diferentes clubes filiados, neste caso temos o clube de Serpa e também o de Moura”.

 

Uma ideia, como se percebeu, que passa pela descentralização territorial.

 

“Repare que a primeira prova destes campeonatos, de masters e veteranos, que se organizam em conjunto devido ao reduzido número de concorrentes nestes escalões, disputou-se na barragem do Chança, em proximidade com o clube de Mértola. Depois, a segunda, realizou-se na barragem de Odivelas, na proximidade dos clubes de Alvito e Viana do Alentejo. E a terceira e última prova dos campeonatos terá lugar na barragem do Roxo, contemplando o Clube Bejense de Amadores de Pesca Desportiva”.

 

As decisões estão, por isso, adiadas para a barragem do Roxo. “Será a última prova dos campeonatos, a barragem está bem povoada. Tem muitas espécies e acreditamos que se consigam boas capturas. É uma boa barragem para a modalidade, não obstante algumas dificuldades nos acessos, porque os municípios desses territórios não têm ligado muito a esse aspeto e a associação tem muita dificuldade em marcar lá provas”.

 

O dirigente António Nunes, também presidente do Clube de Amadores de Pesca do Baixo Alentejo, de Alvito, coletividade com cerca de 30 pescadores filiados na Federação Portuguesa de Pesca Desportiva, garantiu que os campeonatos têm vindo a decorrer com a habitual normalidade, ou seja, “têm corrido muito bem, dentro de um grande espírito desportivo”.

 

“Nem poderia ser de outra forma, porque andamos todos aqui por amor à camisola. Gostamos desta modalidade e é isso que nos faz andar aqui”. Mas não deixou de sublinhar: “Os clubes sentem algumas dificuldades financeiras, os apoios são poucos, mas nós já estamos mais do que habituados a essas dificuldades, portanto, temos de reduzir as despesas ao mínimo, mas vamos competindo não só nos regionais, como nas provas nacionais”.

 

A par das contingências financeiras, assinalámos também a necessidade de rejuvenescimento da prática desta modalidade. António Nunes deixou a nota: “Nós, associação e clubes, tentamos isso permanentemente. Existe uma grande abertura para motivarmos os jovens, mas hoje dão prioridade a outras situações, nomeadamente, as ferramentas digitais, que prendem muito os miúdos e não lhes deixa a liberdade que existia no passado”.

 

“Antigamente”, exemplificou, “os miúdos brincavam na rua, iam à pesca, aos pássaros e hoje não, está tudo fechado em casa e para saírem à rua é uma dor de cabeça”.

 

O dirigente fez saber, por isso, que a associação e os clubes filiados “vão de vez em quando às escolas” e “organizam ações de contacto com a natureza, com a participação de alguns pescadores que procuram incentivar os miúdos”. “Os clubes apoiam com engodos e iscos para ver se os incentivamos, contudo, está a revelar-se muito difícil, mas não desistiremos, continuaremos a tentar”, assegurou.

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