A Associação Cultural e Recreativa Zona Azul (Beja) está à distância de três jogos de alcançar a qualificação para a segunda fase do Campeonato Nacional Sub/18 Feminino. Um primeiro passo rumo à primeira divisão.
Texto | Firmino Paixão
A jornada do dia 11 de janeiro do próximo ano será, porventura, decisiva para que as jovens andebolistas bejenses consigam carimbar o passaporte para a segunda fase do campeonato. Uma vitória robusta frente à formação do Lagoa será determinante no percurso da equipa liderada por Luís Amarante, que ainda terá de jogar em casa com o CF Boavista (Portimão) e deslocar-se ao recinto das lagoenses e aí, sim, convinha apresentarem-se com um índice de golos marcados confortável para precaverem uma eventual e indesejada derrota no terreno das algarvias. Porém, a confiança na qualificação é um dado adquirido, garantiu Luís Amarante.
“A expectativa é essa, estamos na luta, vamos ter dois jogos em janeiro com o nosso adversário direto para ocupar a segunda vaga na qualificação para a segunda fase, que é o Lagoa. Serão dois jogos muito equilibrados, temos algumas jogadoras com lesões prolongadas que esperamos, nessa altura, que estejam já recuperadas e aptas para a equipa conseguir estar em condições de ombrear com o Lagoa e tentarmos esse objetivo de alcançar o segundo lugar e passarmos à segunda fase do campeonato”.
A equipa é suficientemente talentosa para superar as dificuldades dos dois jogos frente ao concorrente direto, o Académico de Lagoa, confia o treinador.
“Sim. Temos de ganhar em casa ao Lagoa, por uma vantagem que nos permita, na deslocação ao Algarve, podermos gerir o resultado de outra forma, sendo óbvio que iremos procurar ganhar os dois jogos, ou conseguindo uma vantagem significativa em casa, o que não será fácil, porque o Lagoa tem uma belíssima equipa, um conjunto já com muita experiência. É uma equipa que, na época passada, esteve na fase final de sub/16 por mérito próprio, eliminando equipas de outros pergaminhos, por exemplo o Benfica. Serão dois jogos muito duros, mas estamos na luta e tentaremos fazer o melhor”.
O Gil Eanes, de Lagos, está virtualmente apurado, O Lagoa ou a Zona Azul preencherão a segunda vaga e, mais adiante, surgirá a hipótese de um voo mais largo, anunciou Luís Amarante.
“Com as duas equipas que serão apuradas em cada uma das atuais zonas serão constituídas três novas zonas, norte, centro e sul, que irá apurar equipas para formar uma primeira divisão nacional, à semelhança do que já existe com o escalão masculino, o que é uma novidade neste ano”.
Por isso, acrescenta: “O nosso objetivo é, claramente, chegarmos a essa primeira divisão. Temos ainda a segunda fase, se nos apurarmos, claro, mas das equipas que estarão na fase seguinte cerca de 80 por cento delas subirão à divisão principal, portanto, quero acreditar que o mais difícil será, de facto, passarmos a essa segunda fase, um lugar que, lá está, disputamos com o Lagoa. Uma vez conseguido esse lugar, será muito difícil não nos qualificarmos para a primeira divisão, que é o grande objetivo desta equipa”.
Mas Luís Amarante é também o técnico da formação sub/16, esta com uma prestação justificadamente mais modesta, explicou o treinador: “Uma prestação que tem sido comprometida por esse fator de que já falámos. Temos dois grupos bastante equilibrados, tanto os sub/16 como o sub/18 são dois grupos muito interessantes e bastante nivelados, já com alguma experiência e boa qualidade, mas as lesões na equipa sub/18 obrigaram- nos, muitas vezes, a puxar as melhores atletas sub/16 para quase todos os jogos na equipa sub/18 e isso limitou-nos a capacidade de jogarmos dois jogos no mesmo fim de semana com a mesma intensidade e a mesma qualidade, e tornou muito difícil, muitas vezes, termos até a disponibilidade de elas estarem presentes nos dois jogos. Apostámos mais nas sub/18 em detrimento das sub/16 e pagámos essa fatura nos resultados”.
Mas, realça-se que, num curto espaço temporal, a Zona Azul conseguiu construir equipas femininas a praticar andebol: “É verdade. O recrutamento inicialmente não foi fácil, mas graças à persistência de algumas miúdas que nunca desistiram e continuaram até formarem uma equipa interessante, que começou a mostrar alguns resultados, chamou mais miúdas e sensibilizou os pais para perceberem que existia aqui uma modalidade em que as suas filhas poderiam praticar desporto. Neste ano houve um crescimento muito interessante, praticamente duplicou o número de atletas na iniciação, nas sub/8 e sub/10 temos bastantes atletas, mais de 20 miúdas nesses dois escalões, e isso permite-nos estar completamente descansados relativamente à futura continuidade do andebol feminino”.
Com talentos, claro: “Sim, temos atletas talentosas, temos jogadoras a representar a seleção do Algarve, o que nos deixa bastante satisfeitos. Mas o nosso foco, neste momento, está nas sub/18, o escalão em que os objetivos estão bem definidos e bem claros para a próxima época. Portanto, o andebol feminino na Zona Azul está bem consolidado, a base está, de facto, consolidada, só temos de ir crescendo. Permite-nos trabalhar já com as miúdas alguns anos até chegarmos aos escalões de competição”.