A patinagem artística e a cinematografia, duas expressões artísticas de excelência, numa interação de reciprocidade. “A minha vida dava um filme”, foi o mote do festival do Sport Clube de Serpa Patinagem Artística, num sarau com três horas de cor e movimento, a propósito da “sétima arte”.
Texto | Firmino Paixão
As trilhas sonoras de obras marcantes da cinematografia mundial foram exibindo- -se nas telas do pavilhão, e as silhuetas dos patinadores e patinadoras do Sport Clube de Serpa Patinagem Artística recortavam a penumbra com movimentos ágeis e comprometidos com a especificidade dos temas: dramas, comédias, ficção, enfim, inúmeros clássicos da cinematografia mundial.
E o “Óscar” vai para… “A nossa vida dava um filme” foi, neste ano, o tema do festival de patinagem do Sport Clube de Serpa Patinagem Artística, confirmou a presidente do clube, Gisela Pereira, revelando: “Pretendemos mostrar todo o trabalho que os nossos patinadores e patinadoras foram fazendo ao longo do ano com a ajuda dos seus treinadores. Enquadrámos o festival pelos vários estilos cinematográficos, desde a fantasia, ficção científica, comédia, e passámos aqui um belo fim de tarde, com natural espírito natalício e com coreografias que foram uma produção das nossas treinadoras, Susana Romão e Ana Paulino, as duas técnicas que trabalharam neste espetáculo e foram responsáveis pelos diferentes esquemas apresentados”.
A dirigente do clube revelou também: “O tema ‘A minha vida dava um filme’ foi uma escolha da autoria das treinadoras, aliás, toda a parte criativa foi da responsabilidade delas, pois nós damos-lhes sempre toda a liberdade criativa para que possam produzir estes festivais, mas, basicamente, a vida de cada um de nós daria realmente um filme, às vezes uma comédia, outras, porventura, um drama, mas percorremos aqui todos os estilos cinematográficos, nomeadamente, o ‘Star Wars’, um esquema que já tínhamos apresentado na gala da Associação de Patinagem do Alentejo (APA), que se realizou em Moura”.
O espetáculo teve lugar, no último fim de semana, no parque desportivo municipal da “Terra Forte”, e, naturalmente, envolveu praticamente todo o universo de atletas do clube e uma dúzia de patinadores do Grupo Escolhas. Sobre a realidade do clube, Gisela Pereira observou: “Temos um número interessante de atletas, atendendo a que só temos duas treinadoras e que a disponibilidade horária é, de alguma forma, limitada. Pensamos que em breve será possível contarmos com mais um treinador”.
E admitiu: “Estamos no bom caminho, neste ano os nossos atletas já revelaram algum progresso, porque já conseguiram qualificar-se para competirem nos campeonatos nacionais, portanto, o nosso objetivo vai sendo cumprido, passo a passo”.
O propósito é claro: “O que sempre quisemos é elevar o nome do Sport Clube de Serpa Patinagem Artística e levá-lo, de novo, às competições nacionais e internacionais, um patamar onde, no passado, já esteve e onde nós achamos, e acreditamos, que pode e deve voltar”.
Porém, considerou Gisela Pereira: “É um percurso que não se faz de um dia para o outro, mas estamos a trabalhar para isso, porque este é um clube com grande tradição, um clube que teve no seu seio grandes campeões e, com a qualidade que os nossos atletas já possuem, só poderá ser esse o caminho que iremos seguir”.
Contudo, deixou a nota: “Também temos as nossas portas abertas aos atletas que não pretendam uma vertente tão competitiva e que gostem mais da diversão e da participação nestes saraus que organizamos, e que colocamos o coletivo a patinar, algo que é muito diferente da vertente competitiva individual”.
O pavilhão utilizado pelo clube é um espaço que dividem com o grupo local de walking football, porém, as dificuldades que a dirigente identifica prendem-se com o horário dos treinos, devido ao momentos em que os jovens ficam libertos dos compromissos escolares, comprometendo uma preparação mais específica como “treinos de força, de flexibilidade, de resistência, áreas que na patinagem artística são muito importantes”. Ainda assim, o clube vai patinando por esse país fora. “A nível individual, porque não temos grupo de show e precisão, não possuímos essa vertente, portanto, participamos apenas nestes espetáculos que organizamos e na gala anual da APA”.
Curtas-metragens que têm outros protagonistas. “Os pais são uma peça fundamental, sem eles seria de todo impossível construir o que temos construído, seja nas deslocações, seja na aquisição de equipamentos e fatos. As famílias são um pilar determinante, porque a patinagem artística, sendo um desporto individual, é algo que acarreta uma carga psicológica muito grande para os atletas, e o apoio da família é um pilar fundamental para que eles e elas continuem a desfrutar da modalidade com equilíbrio”. Mas procuram-se atores para as “longas-metragens”, ou objetivos a médio e longo prazo, afinal os “Óscares” são sempre recompensadores.
“Queremos voltar a competir nos campeonatos, mesmo que não consigamos, para já, conquistar títulos. Queremos ter mais atletas nos nacionais, para podermos aspirar a um campeonato europeu e, quem sabe, a um campeonato mundial, pois temos muitos atletas com muita capacidade e talento para que isso aconteça, por isso, estamos a lapidar esses talentos”, concluiu.