A caminho da terceira presença consecutiva no Cam-peonato de Portugal, o Futebol Clube de Serpa já prepara cuidadosamente a época desportiva que se iniciará no dia 20 deste mês com uma deslocação à cidade de Évora.
Texto Firmino Paixão
Nuno Pinto, um gaiense de 36 anos, antigo jogador do Nacional, Boavista e Vitória de Setúbal, com larga experiência ao nível da primeira liga e com outras aventuras, avulso, em clubes do leste europeu (Bulgária, Ucrânia, Roménia), assumiu o desafio de construir uma nova equipa que alimente o sonho dos serpenses em consolidar a presença do seu clube mais representativo em provas nacionais. O ex-treinador do Olímpico do Montijo, clube em que se estreou como técnico, ficou agradado com a receção na margem esquerda do Guadiana.
“Sou um homem do Norte, nós somos pessoas afáveis e quando cheguei ao Alentejo encontrei pessoas muito idênticas àquilo que estava habituado. Pessoas acolhedoras, espetaculares e as minhas primeiras impressões no Alentejo são as melhores”, diz.
Foi fácil convencê-lo a aceitar este desafio?
Sim, foi muito fácil, porque o Serpa já é um clube bastante conhecido que, felizmente, nos últimos anos, tem disputado os campeonatos nacionais. Aceitar este desafio foi um passo em frente que dei na minha carreira de treinador e, por isso, quando assim é, torna-se sempre fácil comprometermo-nos. Na época passada estive no Olímpico do Montijo, mas olhando sempre para o Campeonato de Portugal e até à última jornada quando o clube assegurou a manutenção.
O grupo tem estado a trabalhar bem?
Muito bem e, até, acima das minhas expectativas. Quer em termos físicos, quer em termos de qualidade individual, e isso permite-me estar muito satisfeito com o seu desempenho.
O momento é para criar espírito de grupo, coesão e rotinas de jogo?
É esse o trabalho que estamos a fazer. A primeira semana foi um bocado mais física. Agora, estamos a ensaiar rotinas e modelos de jogo e o grupo está a assimilar muito bem. Estamos a criar um grupo fantástico e muito coeso. O plantel tem muitos meninos e alguns jogadores já com muita experiência e, entre todos, estamos a construir um misto forte. Se o presidente me desse a escolher entre uma super equipa ou um grupo fantástico, eu escolheria o grupo que tenho comigo.
Qual são as suas ideias de jogo? Com que modelo se identifica mais?
O meu modelo de jogo, por ora, fica só para mim, para que as outras equipas não fiquem já avisadas. Mas gosto que a equipa tenha bola. Só existe uma bola dentro de campo, enquanto nós a tivermos na nossa posse, o adversário não a tem. Por isso, esse é um fator determinante em qualquer modelo de jogo.
O plantel sofreu algumas saídas, mas vieram novos jogadores…
Praticamente é um plantel novo. Jogadores que nunca jogaram juntos, mas que já jogaram uns contra os outros, e isso também facilita um bocadinho, porque já conhecem as suas fragilidades e os seus pontos fortes. Será essa a mensagem que eu tento passar, que potenciem os pontos fortes dos companheiros e tentem ajudá-los nos seus pontos fracos, com um bom espírito de entreajuda.
Um treinador tem sempre o plantel possível e nunca o desejado?
Nós temos de construir um plantel forte e competitivo, mas dentro das limitações financeiras do clube. Foi sempre o tema da nossa conversa com o presidente do clube. Não se podem cometer grandes loucuras. Depois, nunca estará fechado. Se aparecer um jogador que seja uma mais-valia, ou que venha desequilibrar, abrir-se-á sempre uma porta para mais alguém entrar.
O Serpa vai para a terceira época consecutiva no Campeonato de Portugal. A missão que lhe foi incumbida foi de conseguir a manutenção?
Esse é o nosso objetivo. Manter o Serpa neste campeonato por mais uma época consecutiva. Faremos tudo para isso. Prometemos trabalho e dedicação. Neste ano queremos fazer um bocadinho diferente, ou seja, fazer igual no que toca à manutenção neste campeonato, mas diferente, arrumando essa questão o mais rapidamente possível, sem termos de ficar à espera da última jornada.
A série D tem um conjunto de equipas tradicionalmente muito fortes…
Sim, acho que é a séria mais equilibrada. Mas não sendo fácil para nós, também não será fácil para os outros. Temos é de pensar em nós, fazer o nosso trabalho com humildade e aproveitarmos bem os nossos pontos fortes.
Serpa e Vasco da Gama de Vidigueira são os dois concorrentes deste distrito. Concorrentes e rivais geram jogos emotivos. Está avisado para isso?
Os jogos entre estas duas equipas, se calhar, serão mais emotivos para os adeptos dos dois clubes do que propriamente para nós. Teremos de jogar contra todos os adversários, portanto, a emoção terá de ficar do lado dos adeptos, porque serão jogos que só valem três pontos e é na sua conquista que temos de estar focados e nada mais. A festa e a alegria que fiquem em redor do campo e nós só temos de estar concentrados dentro das quatro linhas, para conseguirmos os três pontos. Seja contra o Vidigueira ou contra qualquer outra equipa.
O primeiro jogo do campeonato será no terreno do Juventude de Évora. Gostaria mais de iniciar a prova a jogar em Serpa?
Temos de jogar contra todos. Mas como esse jogo será também aqui no Alentejo, numa cidade não muito distante, estou convencido de que os nossos adeptos irão comparecer em massa. Contaremos com esse décimo segundo jogador fora do terreno de jogo e, lá dentro, os nossos jogadores só pensarão em dar o máximo.
Não se conhece ainda o adversário da Taça de Portugal, mas a ideia só poderá ser chegar o mais longe possível?
Se me perguntar o que quero, direi que quero ir à final e ganhar. Sei que é difícil, extremamente difícil, não impossível, dependerá sempre do sorteio e da sorte que tivermos em cada jogo desse percurso.
Parece confiante no sucesso…
Estou confiante. E estou a passar esta minha confiança para os jogadores, porque, no futebol, tudo se resume na base da confiança. Se estiverem sempre confiantes, os jogadores serão capazes de tudo e, às vezes, serão mais capazes do que aquilo que eles próprios possam pensar. Sou um homem muito positivo, um treinador muito confiante.