Diário do Alentejo

Sporting Clube Ferreirense sagrou-se Campeão Distrital da 2.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja

08 de junho 2024 - 12:00
Qualidade e exigênciaFoto | Firmino Paixão

O Sporting Clube Ferreirense voltará, na próxima época desportiva, a competir na “alta-roda” do futebol regional. Uma década depois da sua última presença no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão, o emblema da vila de Ferreira do Alentejo voltará a estar no “centro do que é importante”.

 

Texto Firmino Paixão

 

Uma época desportiva notável. Um percurso de 28 jogos para o campeonato sem derrotas e apenas com três empates, 115 golos marcados e 12 sofridos. Na Taça Distrito de Beja o clube atingiu os quartos-de-final e aí, sim, foi derrotado no terreno do campeão, apenas por uma bola a zero. Foi a única derrota da temporada. Ao leme da equipa, o jovem Miguel Silva, de 26 anos, que na terceira época como treinador principal conseguiu conquistar para o Ferreirense o título e o regresso ao escalão principal. Miguel Silva diz-se “um grande apaixonado pelo desporto”. “Não vivo do futebol, mas vivo para o futebol, trabalhando, todos os dias, com um objetivo, que é mais do que um sonho: chegar, um dia, ao profissionalismo”. O técnico enumera aqui os condimentos com que cozinhou este sucesso.

 

Um percurso notável, um título e a subida de divisão…

A forma como conquistámos o título foi realmente indiscutível. Fizemos um grande trabalho. Foram 10 meses de muito esforço de toda a gente, jogadores, técnicos e dirigentes. Fizemos um percurso muito regular na primeira fase da prova, conseguimos um recorde que foi o maior número de pontos acumulados numa fase preliminar da prova, 50 em 54 possíveis, depois, na segunda fase, procurámos lutar sempre pelos primeiros lugares, com o objetivo de lutarmos pela subida. Lutarmos no sentido de devolvermos este clube à realidade que lhe pertence.

 

Um plantel com muita qualidade?

Quando construímos o plantel sabíamos que jogadores estavam a ser recrutados, e esse foi um dos segredos para a boa época que conseguimos fazer. Não só em termos de números, porque costumo dizer que isso é o mais importante das coisas menos importantes, porque os números é que nos seguram nos lugares, principalmente, aos treinadores. Tenho a noção de que hoje parece tudo bom, mas para o ano as coisas podem ser diferentes. Fomos a equipa que marcou mais golos e a que sofreu menos, mas eu ligo muito, também, à qualidade de jogo. As pessoas que vêm ao estádio, certamente que agradecem a forma como praticamos sempre um futebol muito positivo. Os nossos jogos foram marcados por processos muito eficazes em termos ofensivos e defensivos, sempre com muita posse de bola, com boas transições, e tudo isso resultou em números que são interessantes e que relevam a nossa qualidade. Mas o que gostaria de ressalvar é a qualidade do nosso jogo e as pessoas que conseguimos conquistar para a equipa sénior do Ferreirense.

 

A qualidade, sendo importante, tem de ser também temperada com disciplina e humildade quanto bastem…

Sem dúvida. Como disse, desde o primeiro dia e em todos os momentos que respeitámos muito todos os nossos adversários. Como conseguimos, muito precocemente, a qualificação para a segunda fase da prova, tivemos a oportunidade de estudar todas a equipas que potencialmente seriam os concorrentes à fase final. Fizemos cerca de dois mil quilómetros por todo o distrito para podermos estudar todas as equipas. Tudo isso deu certo, mas foi muito por fruto do nosso trabalho e dos nossos jogadores. Naturalmente que, além de terem qualidade, também acreditaram muito nas nossas ideias. Sempre acreditámos que estávamos a juntar um grupo de homens competentes, disciplinados e que acreditavam no nosso projeto. Tudo conjugado foi a receita deste sucesso.

 

O Miguel é um treinador jovem. Conhecia bem o mercado?

Conheço bem a realidade do futebol alentejano, mais especificamente no distrito de Beja. Consegui fazer uma boa avaliação dos jogadores que precisava, naturalmente, também muito ajudado pela equipa técnica e pela direção. Um dos segredos na construção do plantel foi idealizar o modelo de jogo e a partir daí procurar jogadores com características para se integrarem. Sei que, muitas vezes, é difícil fazer isto, muitas vezes estamos condicionados por fatores que nos obrigam a fazer as coisas ao contrário, contratando primeiro os atletas e depois, consoante o que temos, pensar o modelo de jogo. Nós fizemos ao contrário e isso acabou por fazer a diferença.

 

A direção pediu-lhe a promoção do Ferreirense ao escalão principal?

Não. Esse objetivo nunca foi vincado no início. Repare que, nos últimos dois anos, o Ferreirense conseguiu ter duas equipas da sua formação em campeonatos nacionais, após títulos distritais em juvenis e juniores. Mas o objetivo do clube não apontava para aí. Agora, todos os treinadores são ambiciosos, sonham sempre mais adiante. O trabalho feito na formação tem sido excelente e, a partir daí, se a época for correndo como idealizamos, vamos acreditando que, no final, poderemos ser felizes. Mas é importante a estabilidade e a abertura que a direção proporciona a todos os que aqui trabalham, deixando-nos muito mais à vontade para trabalhar, sempre conscientes do historial do clube e tendo sempre presente a exigência que daí advém. Agora, partindo de fatores como a exigência, a qualidade, o trabalho e a dedicação, acabamos por atingir os objetivos que idealizámos.

 

O Ferreirense está, agora, mais preparado para assumir as novas exigências?

Não tenho dúvidas nenhumas de que o clube está preparado para regressar ao escalão principal. Como ferreirense que, neste momento, também sou, acredito que a direção que atualmente lidera o clube vai realizar um bom trabalho e que o futuro será risonho. O meu futuro não sei especificamente por onde irá passar, mas o Ferreirense está em boas mãos e preparado para os próximos desafios que, espero, jamais o façam descer do patamar onde merece estar.

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