Um empate a uma bola, no final dos 90 minutos, obrigou a que a atribuição da Taça Distrito de Beja, edição 2023/2024, fosse decidida através do desempate na marcação de grandes penalidades, momento em que, entre os postes, brilhou Fábio Reis, o guardião da equipa campeã.
Texto e Fotos Firmino Paixão
A Taça Distrito de Beja, à margem do campeonato principal, é um dos troféus mais apetecíveis em cada temporada desportiva. Clubes há que, não se focando no título, direcionam os seus objetivos para a conquista deste troféu que, nesta época, reuniu 39 clubes, os 12 do escalão principal e 27 da segunda divisão. A final, cumprindo a tradição, disputou-se na cidade de Beja, o palco mais nobre para decisão desta competição. Uma final é sempre um jogo diferente e este não fugiu à regra. Excelente moldura humana, com adeptos de ambas as cores a colorirem o recinto e, dentro das quatro linhas, cada uma das equipas a tentar agigantar-se para superar o adversário. Neste caso, o gigante, o herói, foi mesmo o guarda-redes que o Moura foi buscar, no início da época, a Aljustrel, Fábio Reis, que defendeu duas grandes penalidades. E foi por ele, pelo herói do jogo, que começámos uma abordagem mais concreta ao jogo. “Herói? Os heróis somos todos nós. Este grupo de trabalho é, todo ele, um grupo de heróis”, reagiu o guardião, justificando: “Temos sido um grupo muito coeso, muito unido desde o início até final da época e hoje tivemos um prémio muito merecido. Trabalhámos muito os penáltis durante a semana, o pormenor faz a diferença e nós, nesse caso, fomos mais fortes”. Revelou depois: “Criámos uma equipa nova, com uma entrega enorme e com o objetivo de termos sucesso nas quatro frentes competitivas, infelizmente, já nos escapou a Taça de Honra, mas fomos campeões e conquistámos a Taça Distrito de Beja. No dia 2 de junho faremos tudo para, no estádio Filipe Venâncio, em Almodôvar, conquistarmos a Supertaça do distrito e darmos essa alegria a toda a juventude que integra o nosso plantel. Para mim já não é novidade, foi a quarta Taça Distrito de Beja que conquistei, fui quatro vezes campeão distrital e tenho duas supertaças”.
Os noventa e poucos minutos de jogo foram equilibrados, intensos e por vezes disputados com alguma virilidade, com o Moura a colocar-se primeiro em vantagem, por intermédio de Dedê. Uma grande penalidade assinalada por Jorge Sousa, o “árbitro do ano”, e a consequente expulsão de Kevin Nunes, resultou no tento do empate com que o Milfontes levou a decisão para as grandes penalidades.
O olhar dos técnicos na análise à contenda foi, evidentemente, diferente. Vítor Madeira, treinador do Milfontes, felicitou o adversário pelas suas conquistas, assinalando: “O Moura foi a melhor equipa do campeonato e o seu percurso, nessa prova, não deixou margem para dúvidas”. Fez também notar: “Este jogo foi diferente. O Praia de Milfontes é isto que está aqui, é isto que se viu. Nós não temos o poderio do adversário. Não poderemos escamotear a verdade. O Moura tem uma equipa quase profissional, uma equipa capaz de ganhar um campeonato sem deixar dúvidas, mas, nesta competição, fomos tão competentes como eles”. Madeira vincou ainda: “Nós não perdemos o jogo, empatámos a uma bola, mas depois, nos penaltis, não conseguimos. Há 15 dias já tínhamos sido competentes com o Albernoense, hoje não conseguimos ser eficazes. Mas a nossa equipa está de parabéns. Fizemos um grande jogo e dignificámos muito esta final”. Porém, sublinhou: “Nada do que estou a dizer tira mérito à vitória do Moura nos penáltis, mas durante o jogo tivemos uma situação de golo clara para fazer golo e não fizemos, depois sofremos um, mas ainda acreditámos e tivemos crença para chegar ao empate. Nos penáltis eles foram mais competentes do que nós. Deixo também o meu reconhecimento às pessoas de Milfontes que nos apoiaram. Nós demos tudo o que tínhamos”.
Já José Luís Prazeres começou a sua abordagem dizendo: “Quando ficámos reduzidos a 10 jogadores, fomos melhores. Tivemos duas bolas na trave no mesmo lance, controlámos o jogo em termos absolutos, sem permitirmos grandes veleidades ao Praia de Milfontes, até que surgiu um penálti ‘Pai Natal’ que caiu do céu. O Milfontes foi uma grande equipa que nós defrontámos hoje e que trazia a lição bem estudada. Nós tínhamos preparado bem este jogo, estudámos o adversário e preparámos, inclusive, a situação das grandes penalidades, momento em que o Fábio foi enorme. Mas realço o apoio dos nossos adeptos, que se fizeram ouvir bem. Esta conquista foi um prémio inteiramente merecido para o clube, para a cidade de Moura e, sobretudo, para os jogadores, pela época que fizeram. Mas isto não acabou hoje, vamos à procura de mais, sabendo das dificuldades que ainda nos esperam”.